Por Gonçalo José Poeta Fernandes, Ph.D, Vice Presidente do Instituto Politécnico da Guarda
Na fase de desenvolvimento do turismo que vivemos assistimos a uma multiplicidade de enfoques, cujas estratégias revelam em muitas situações algum antagonismo. Confrontamo-nos entre o modelo de criação de recursos e de diversificação de produtos, muitos constituindo representações, procurando imitar lugares, produzir ou reproduzir ambientes, recorrendo às mais diversos avanços da tecnologia, com a oferta virtual numa quase cultura tecnológica! E o modelo que valoriza o sentido do lugar, exigente, inteligente, consciente com as heranças, naturais e culturais. Neste âmbito a diversidade de recursos potencia o destino turístico valorizado, com produtos que vão muito para além da contemplação da natureza e das experiencia resultantes da interacção com os recursos (turísticos o patrimoniais) e as comunidades, originando uma diversidade alargada de possibilidades e praticas que constituem alternativas ao longo do ano para as mais diversas actividades turísticas.
Hoje recolocam-se novos desafios e simultaneamente distintas formas de percepcionar a actividade turística, implicando a diversidade dos recursos, afectando a participação dos diversos intervenientes no sector e reforçando as identidades e a dimensão natural, numa efectiva e desejável lógica de sustentabilidade.
O turismo deverá, face às condições existentes no interior do país, articular-se em torno de quatro principais eixos; alguns já com expressão e sucesso pela qualidade dos projectos desenvolvidos: Natureza e desportos de aventura; Património e identidades culturais; Gastronomia e vinhos; Saúde e bem-estar.
A sua materialização e o seu crescimento implicam, contudo, iniciativas que permitam criar as condições para a sua efectivação e de seguida a promoção e divulgação geradora de atractividade.
Neste âmbito, os territórios de grande valor natural, como as Serras e os territórios rurais, verificam uma revalorização dos seus recursos, das suas paisagens e das suas práticas de turismo e lazer. A elevação da qualidade da oferta, a manutenção da integridade dos recursos, o reconhecimento da valorização das identidades e da diferenciação assume um papel determinante nas novas percepções sociais do turismo. Realce-se o papel que o turismo tem na criação de emprego, geração de receitas, recuperação de imóveis, dinamismo social e deverá ter cada vez mais na protecção dos ecossistemas e valorização das referências culturais. Neste contexto torna-se fundamental uma formação cada vez mais exigente para com o território e suas valências turísticas, com o conhecimento profundo do funcionamento do setor, com a capacidade de interagir com mercados cada vez mais diferenciados e com o uso das tecnologias (TICE) que hoje suportam a construção das viagens, apoiam o conhecimento do destino, fomentam a descoberta das experiencias e do património e aportam os elementos facilitadores da decisão turística.