O CEO do Grupo Pestana, José Thetónio, analisou alguns dos desafios que fazem parte da complexidade da atividade económica do turismo. No âmbito do 28º Congresso Nacional da Hotelaria, que decorre em Ponta Delgada, no painel sobre “Os pilares para a Sustentabilidade Económica e para o Crescimento”, o responsável lembrou ainda a resiliência desta atividade ao longo dos anos. “O Turismo tem sido resiliente. Tem tido um crescimento sustentado a nível mundial e tem uma tripla vantagem na economia de cada país: é uma indústria exportadora, com potencial de crescimento, os impostos são pagos cá e é muito empregador”, indicou o orador.
O responsável recorda que esta atividade faz hoje parte de todos os planos de desenvolvimento do país e respetivas regiões. Como fatores essenciais ao negócio, José Theotónio destaca, hoje, a questão da segurança, mas chama a atenção: os modelos de negócio variam muito, assim como as empresas que operam no setor. Este “é um setor em que é preciso estar atento para se perceber o que se passa à nossa volta”, indica.
Se o processo de internacionalização é de aprendizagem, este também é inevitável para empresas nacionais. Ao nível da internacionalização “cometem-se erros. Tem que se voltar para trás muitas vezes”, afirmou o CEO do Grupo Pestana.
José Theotónio recorda que este setor mudou muito em termos de modelo de negócio, tanto ao nível da promoção, como da distribuição e comercialização do produto, pois as formas tradicionais exigem outro tipo de abordagem. O orador foca que atualmente as empresas de turismo “têm de fazer investimentos em grandes sistemas tecnológicos e em centros de competências (profissionais de engenharias de sistemas, entre outros), que normalmente o setor do turismo não tinha”.
“A Booking quando surge foi muito boa para nós (hoteleiros). Mas hoje domina 70% das compras mundiais da hotelaria, em cinco anos. O comissionamento começou a subir, já vai em 20 ou 30% nas capitais mundiais. Um hotel tem que criar mercado próprio, mercado direto, daí vem a necessidade de investimentos nos sistemas, que são caros e não dão uma rentabilidade imediata”, indica o CEO do Grupo Pestana.
Esta é uma nova realidade, que “traz custos que só se rentabilizam com escala”. Aliás este é o desafio maior para a hotelaria nacional, de acordo com o responsável: a sua consolidação. “A maior cadeia hoteleira nacional, o Grupo Pestana, tem 4,8% de quota de mercado, esta é uma indústria muito fragmentada em Portugal. A internacionalização é inevitável para a escala”, indica o responsável.
Para José Theotónio perdeu-se uma oportunidade com a crise financeira recente e com as unidades que estavam na banca. “Os fundos fizeram um bom trabalho, a questão é que, como financeiros, poderiam ter proposto contratos de gestão a marcas, podendo proporcionar a divisão entre propriedade e gestão, o que teria permitido escala ao setor”, defende o orador.
Concluindo, o responsável avisa que no setor hoteleiro “tem que se alterar rapidamente as estratégias. Quem não estiver presente neste campo passa a ser um mero fornecedor de camas, que é fácil substituir no mercado”.