Esta vida de marinheiro está a dar cabo de mim!
Isto é, há mares (diga-se, destinos turísticos) que raramente alguém lá se mete porque são difíceis de navegar ou arriscados e há embarcações (diga-se, organizações, equipamentos e infraestruturas turísticas) igualmente perigosas e em decadência. Dão enjoos, provocam constantes e imensas dores de cabeça, fortes e graves. Depois há mares e embarcações que desiludem, que se achavam bons de navegar, de maior confiança, de paisagens simpáticas e horizontes alargados. Eram o prazer de quem por lá navegava. Contudo, levantaram ondas grandes e graves, desconhecidas e inesperadas que acabaram a dar cabo de todas as pequenas embarcações que lá andavam, defraudaram expetativas, quebraram a confiança, instalaram o medo e a revolta nos navegadores do turismo, mas também nos passageiros clientes que transportavam. Deram cabo dos mergulhadores profissionais que para lá se atiraram confiantes de cabeça.
Depois há as embarcações que não chegaram a partir e deixaram todos pendurados no porto, sem abrigo e nem proteção! E há ainda os que foram, pararam a meio, não se mexiam e não voltavam… e isto foi assim o caos nas embarcações, nos navegadores, grandes sofrimentos para os mergulhadores e marinheiros, para os passageiros.
Depois há mares que pedem embarcações com cabines mais confortáveis, seguras, asseguradas e não as que se chega e as cabines estão uma miséria de desleixo, deixam entrar água por todos os lados, com tudo caro de recheio, mas de baixa qualidade, na utilização e no serviço. Também há embarcações que dizem que têm 3 cabines e afinal não têm nenhuma senão cubículos ou palheiros, ou ainda há embarcações que compram e vendem cabines, mas que as perderam por falta de regras, de cuidados, de manutenção ou por falha de obrigações. Claro que depois o cliente chega e nem entrar consegue ou é-lhe barrada a entrada, ou as cabines nem existem como esperava, ou nem existe sequer mais espaço ou o estado é deveras grave e desastroso.
Há ainda embarcações que se aventuram em mares pouco certos e menos pacíficos, que mal viram revoltosos, a primeira coisa que fazem é pôr todos borda fora. O capitão pensa que só ele chega para navegar e quanto menos peso melhor, mas depois quem trata da manutenção da embarcação? E das provisões? E quem acalma os navegadores e mergulhadores atrapalhados, assustados, mareados com a situação? De que serve um grande navio com capacidade para passar por todos os mares e tormentas, se depois não tem recheio, ou não tem suficiente ou nem adequado?
Meus senhores, atinem-se porque no Turismo é suposto haver mar e mar, mas ir e voltar, regressando com a barriga cheia, a vista, a experiência, a emoção e o coração recheados de contentamento e de realização, de registos memoráveis que irão contar a outros e mais outros, e trazer e levar mais e mais. Cuidados com a gula, com o baixar demais as calças e o esmagar preços, com contratações de fornecedores débeis ou recursos humanos impreparados, com estratégias de joelho e mal pensadas ou pensadas para mero proveito próprio acima de qualquer outro benefício para os demais. Cuidado com as cabines que devem estar em bom estado, adequado, asseguradas.
Sabem… para os navegadores destes mares revoltosos do turismo, aprendam que “quem vai ao mar avia-se em terra!” Aí, esta vida de marinheiro está a dar cabo de mim!
Por Maria José Silva, CEO da RAVT