Por Paula Oliveira
Aquele golo do Eder conseguiu unir o país e puxar pelo orgulho nacional como poucas , muito poucas, causas o conseguem. Naquele momento mágico fomos todos campeões. Fomos todos gloriosamente portugueses. A nossa Selecção, ao tornar o país Campeão Europeu pela primeira vez, prestou o mais profundo e sólido contributo para a coesão nacional. Nesta matéria não temos, todos os portugueses , qualquer divergência.
Mas este mesmo país nessa mesma semana gloriosa , desdobrou-se também em medalhas e conquistas importantes no desporto, em grandes feitos que foram menos mediatizados, mas nem por isso menos importantes para o brilho duma nação pequena que se agigantou perante o mundo .
É assim, da diversidade de cada um, da diversidade de cada qual, aproveitando o que cada um tem de melhor, alavacando o que cada um pode aportar de mais positivo ao colectivo nacional, promovendo e fomentando o esforço de cada modalidade, sector ou actividade e de cada protagonista, tendo orgulho de todos nas suas diferenças, particularidades e características mais ou menos mediáticas que se constrói o verdadeiro puzzle da coesão nacional. Uma coisa é ganharmos o EURO , outra é “limparmos” várias medalhas nas provas de várias modalidades em vários campeonatos. Isso sim, é de nação valente e imortal. Não somos só bons numa coisa. Somos bons em muitas coisas. E havemos de ser melhores noutras tantas se assim o quisermos.
Entretanto voltámos às nossas vidas. A União Europeia discutiu a aplicação de sanções a Portugal e a Espanha , o Deutche Bank parece que precisa dum resgate com um valor indizível, a libra desce para valores pouco recomendáveis para a manutenção do nível do consumo dos britânicos, um importante mercado para o nosso país.
E o dia da celebração da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade, no país a quem e onde ganhámos o EURO naquele momento mágico, foi manchado de sangue.
Estranho mundo este em que não se consegue prolongar a alegria sem que as más noticias venham logo de seguida estragar a festa.