Os centros históricos do Porto e de Guimarães, o Alto Douro Vinhateiro e os Sítios Pré-Históricos de Arte Rupestre do Vale do Rio Côa são legados que a região do Porto e Norte de Portugal nos oferece e que a UNESCO não hesitou em classificar como Património Mundial, oferecendo-os ao mundo para serem preservados e descobertos. Numa região com uma imensidão de motivos para ser visitada, Ambitur optou por lhe falar destes quatro que acabam por passar por regiões distintas dentro do Porto e Norte e o levam numa viagem pela história, cultura, paisagem e sabores de um dos principais destinos turísticos de Portugal.
Sensações e experiências únicas. É o que qualquer pessoa que visite o Porto e Norte de Portugal pode levar consigo no final da viagem. Melchior Moreira, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), lembra que a par da componente histórico-cultural, esta região “tem sabido preservar as paisagens humanizadas e naturais, que tornam este destino no espaço nacional com maior número de insígnias da UNESCO atribuídas”. Reconhecendo que a classificação da UNESCO é “um reconhecimento da qualidade universal dos bens materiais e imateriais”, Melchior Moreira tem noção de que isso contribui para autenticar os recursos do destino Porto e Norte de Portugal nos mercados internacionais. “É um ativo que consideramos poderoso na promoção do destino”, assegura.
E os resultados estão à vista pois, de acordo com os dados recolhidos pelo TPNP relativamente às motivações e preferências de quem visita a região, os turistas apresentam como motivações primárias a visita a monumentos e museus, revelando ainda preferências específicas que se prendem com a visita a Guimarães, Porto e vale do Douro. Além disso, “os turistas tem também declarado terem sido surpreendidos pela beleza e diversidade da oferta patrimonial, o que os leva a indicar com elevado grau de probabilidade que optarão por revisitar o destino”.
Também Sandra Lorenz, diretora da Promoção Externa da Associação de Turismo do Porto e Norte (ATP), para quem a “UNESCO é mais do que um argumento de «venda», é um argumento de qualidade indiscutível e experiências únicas”, identifica que o selo UNESCO é um motivo de interesse e busca para os visitantes da região. “Sabemos, através de um estudo de consumidor que fizemos em 2015, que as buscas na Internet refletem exatamente isso: o Património provoca curiosidade e vontade de visitar a região”. A ATP reconhece ainda que o Património natural e histórico é dos que mais envolve o visitante com a região. “É indiscutível a presença dos visitantes nestes locais e o entusiasmo com que depois refletem a sua opinião e interesse, por exemplo, nas redes sociais”, diz a responsável.
Por outro lado, Sandra Lorenz não nega que aliada à honra desta distinção, nasce um elevado sentido de responsabilidade pois “implica manter ou melhorar todos os padrões por que nos regemos e que levaram o Centro Histórico do Porto, o Centro Histórico de Guimarães, o Vale do Côa e o Alto Douro Vinhateiro a conquistarem este selo”.
Manuel Aranha, vereador do pelouro do Comércio, Turismo e Fiscalização da Câmara Municipal do Porto, junta-se a esta opinião, reconhecendo o “enorme sentido de responsabilidade em manter um padrão elevado de exigência em termos de alterações arquitetónicas e ambientais para que o Centro Histórico do Porto não se descaracterize”. Mas não deixa de se mostrar “honrado” com o reconhecimento da UNESCO ao “valorizar as origens medievais da cidade, a sua estrutura arquitetónica ímpar, os monumentos de valor incontestável, as típicas ruas e ruelas que se entrelaçam, a hospitalidade que caracteriza as nossas gentes e que faz com que a cidade se torne num espaço cultural, aprazível, muito procurado e visitado mais que uma vez”.
Manuel Aranha explica que, nos inquéritos realizados nos postos de turismo, o Património Mundial é uma das principais atrações, por isso a região apostar na comunicação desta oferta, com brochuras associadas ao Património Mundial e Vinho do Porto. Também no site visitporto.travel os turistas podem planear roteiros baseados nas propostas de locais alusivos aos sítios distinguidos pela UNESCO. E numa parceria com a TPNP, a autarquia participa na conceção da brochura “Sítios Património Mundial Norte de Portugal”, sempre para que quem visita a região possa facilmente obter toda a informação de que necessita.
E o Porto não podia estar mais satisfeito com o aumento da procura por parte dos turistas, sendo que foi recentemente eleito como Melhor Destino da Europa, com o dobro de votos do melhor ranking das cidades já eleitas, recorda o vereador. Em termos de atrações turísticas, a zona do Património Mundial é “a mais valorizada pelos turistas”, frisa Manuel Aranha.
Centro Histórico do Porto: oferta diversificada
O Centro Histórico do Porto, a área mais antiga da cidade, foi o primeiro a merecer o selo da UNESCO, em 1996. De acordo com o vereador da autarquia, a classificação teve como objeto a área do burgo medieval, limitada pelas muralhas do século XIV, onde se localizam os mais antigos edifícios do Porto, as suas ruas típicas e alguns dos mais atrativos espaços públicos. O desenvolvimento do Porto foi um processo acompanhado de estreitas relações com a margem esquerda do rio Douro, e inclui ainda a emblemática Ponte D. Luís I, da autoria de Theophile Seyrig, um discípulo de Gustav Eiffel, e o monumento que lhe fica sobranceiro, o convento Agostinho da Serra do Pilar.
“A oferta de visita no Centro Histórico é muito diversificada, carregada de simbolismo e de um enorme interesse cultural”, reitera Manuel Aranha. E destaca, entre os 94 pontos de interesse para visita e contemplação, a Estação de S. Bento, a Muralha Fernandina, a Igreja de Santa Clara, a Ponte Luís I, a Catedral, o Museu Municipal Guerra Junqueiro, a Praça da Ribeira, a Casa do Infante, a Igreja Monumento S. Francisco de Assis, o Palácio da Bolsa, a Igreja da Santa Casa da Misericórdia, o Museu da Misericórdia, a Igreja e a Torre dos Clérigos.
Já Sandra Lorenz aconselha a percorrer a pé as tradicionais ruelas garantindo que, a cada passo, se deparará com “um monumento de valor incontestável, a reconhecida hospitalidade das gentes da cidade e uma panorâmica deslumbrante sobre o casario e o rio Douro”. Para a diretora da Promoção Externa da ATP, a gastronomia, o artesanato e o comércio oferecem um leque variado de propostas, desde uma oferta mais tradicionais, sustentada por um passado histórico, até aos “desafios mais arrojados dos jovens criadores da cidade”. Para uma pausa, recomenda ir até à Praça da Ribeira, “ponto de encontro privilegiado da história e das pessoas, e palco de animação regular”. Portanto, seja a pé, de autocarro, elétrico, funicular, carro, mini-trem, tuk tuk, barco ou mesmo metro, o que não faltam é meios para poder explorar esta zona.
Vale do Côa: arte paleolítica ao ar livre
Em dezembro de 1998, a UNESCO classificou como Património Mundial os sítios de arte rupestre do Vale do Côa, e em 2010 ampliou este selo ao sítio de Siega Verde (Espanha), enquanto extensão do Côa. A arte rupestre do Vale do Côa é constituída por um conjunto de sítios marginando o baixo vale do Côa e parte do Douro Superior português, onde se concentram muitos milhares de gravuras e algumas pinturas raras, distribuídas por mais de 1000 rochas dos afloramentos em xisto que constituem o substrato geológico desta região. As figuras paleolíticas, catalogadas em cerca de 500 painéis, constituem a maior aglomeração de arte paleolítica ao ar livre conhecida no mundo.
Sandra Lorenz sugere uma visita ao Museu do Côa, que promove o património histórico e cultural do Sítio Pré-histórico de Arte Rupestre do Vale do Rio Côa, interagindo fortemente com a paisagem e desenvolvendo-se ao longo de quatro pisos que englobam auditório, serviço educativo, área administrativa, loja e salas de exposição.
Centro Histórico de Guimarães: legado histórico
Guimarães está associada à formação da identidade nacional portuguesa no século XII e convida todos os que a visitam a percorrer as ruas do seu centro histórico e a sentir a História de Portugal inscrita nos diferentes monumentos e praças, igrejas e museus. A área foi classificada pela UNESCO em 2001 e aqui pode explorar o Castelo de Guimarães, onde nasceu D. Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal, e cuja construção remonta ao século X. Pode também descobrir o Paço dos Duques de Bragança, majestosa casa senhorial do século XV, classificado como Monumento Nacional.
Guimarães foi Capital Europeia da Cultura em 2012 e encontra-se excecionalmente bem preservada, mantendo, por um lado, a vontade de cuidar do seu legado histórico mas também de se assumir como uma cidade voltada para o futuro.
Alto Douro Vinhateiro
Também em 2001 a UNESCO classificou como Património Mundial da Humanidade uma área que integra 13 concelhos do Alto Douro, abrangendo Alijó, Armamar, Carrazeda de Ansiães, Lamego, Mesão Frio, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da Pesqueira, Tabuaço, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa e Vila Real.
O Alto Douro Vinhateiro corresponde à área mais bem conservada da Região Demarcada do Douro, com uma paisagem por onde passaram povos e se cruzaram culturas ao longo dos tempos, e onde a vinha é cultivada pelo menos desde o período de colonização pelos Romanos.
Aqui pode visitar o Museu do Douro e o Museu de Lamego, o Santuário Nossa Senhora dos Remédios, a Sé de Lamego, o Mosteiro de Ferreirim, as aldeias vinhateiras de Provesende e Trevões, bem como o Castelo e a vila amuralhada de Ansiães. A não perder as rotas do Vinho do Porto, como as Rotas das Vinhas de Cister, e ainda a Rota do Património Mundial da Bacia do Douro ou a Rota Douro Religioso.
E, terminando com o desafio deixado por Sandra Lorenz: “ficou encantado com estes locais? Só tem um remédio: visite o Porto e Norte de Portugal e fique a conhecer melhor estes encantos da Humanidade”.
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