De “segredo mais bem guardado da Europa” para um dos pontos mais visitados em Portugal, a cidade do Porto tem aproveitado o crescimento do turismo para se fazer notar no panorama nacional e internacional.
Durante a sua intervenção no 1.º Summit Shopping Tourism & Economy Lisbon, Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, deu a conhecer a estratégia turística posta em prática pelo seu executivo, relembrando o abandono que antes se fazia sentir no centro da cidade Invicta.
“Há cinco ou seis anos atrás dizia-se que o Porto era o segredo mais bem guardado do Europa e nós não queríamos mais ser um segredo. Queríamos mostrar a cidade. Por isso, decidimos criar um brand para o Porto”, explicou Rui Moreira, recordando os casos semelhantes de Nova Iorque e Amsterdão. “Como vim do setor económico privado, entendi que a cidade deve ser vendida como um produto”, realçou o responsável.
De acordo com Rui Moreira, a estratégia de promoção turística desenvolvida nos últimos anos aposta num turismo diferente daquele “que tradicionalmente desaguava na cidade do Porto”, daqueles que, no entender do responsável, “queriam encontrar no Porto um tom de autenticidade portuguesa”, sublinhou.
Em perspetiva, o responsável começou por destacar a importância do aeroporto Francisco Sá Carneiro, que funcionou, “num primeiro momento, como motor de crescimento”, e a resposta do setor privado que trouxe diversificação da oferta à cidade. Por outro lado, Rui Moreira falou da “textura comercial do Porto” que no final do último século se concentrou na construção de centros comerciais fora do centro da cidade. Fator positivo, para o líder do executivo municipal do Porto, uma vez que “deixou terreno mais ou menos intacto” para trazer novas lojas de qualidade ao centro da cidade.
“O que hoje sucede é que há uma nova procura para um determinado tipo de lojas de grande qualidade que se destina a responder a este novo turista que procura pela experiência e pela qualidade”, acrescentou Rui Moreira.
Além disso, Rui Moreira defendeu ainda os benefícios do turismo, contra aqueles que falam de um fenómeno de gentrificação. “Aquilo que aconteceu nos centros históricos de Lisboa e Porto foi que as pessoas não saíram de lá por causa do turismo, as pessoas saíram porque não queriam viver lá”, afirmou, reforçando que este conjunto de fatores transformou o centro da cidade num espaço de novas oportunidades.
Na opinião de Rui Moreira, não será por isso essa razão que o turismo irá matar as cidades. “Não acredito que o turismo mate as nossas cidades, bem pelo contrário. Quando nos dizem que as cidades estão a ser gentrificadas, pergunto normalmente se os pais dessas pessoas eram do Porto, e às vezes eram, se os avós também eram do Porto, e raramente eram. Depois, lembro-lhes a toponímia da cidade, que demonstra que grande parte das pessoas que desenvolveram a cidade, não eram do Porto, não eram sequer portugueses, eram estrangeiros”.
Ao encontro do novo turista, que procura por novas experiências, Moreira destaca a importância no desenvolvimento de uma oferta que prima pela qualidade do produto que oferece, sendo que simultaneamente, deve dar melhores condições de vida às pessoas que habitam nas cidades. “Hoje precisamos de ter produto que interesse a quem nos visita e a quem lá vive. Esta é a grande estratégia que uma cidade deve ter. O melhor turista é aquele que regressa, sendo esta a nossa grande ambição”.