Lembrando que o sistema de classificação por estrelas, actualmente vigente em Portugal, é “uma excepção” no mundo do turismo, uma vez que, “a esmagadora maioria dos países com que competimos ou tem sistemas voluntários ou mais do que um sistema de classificação”, Adolfo Mesquita Nunes, secretário de Estado do Turismo, explicou ao Ambitur.pt, recorrendo a exemplos práticos, o porquê da necessidade de se “ajustar” o sistema de classificação actual.
Segundo o governante perante a “inovação, criatividade e dinamismo” que assistimos hoje no turismo, Portugal tem apenas duas opções: “achar que os projectos só são bons e de qualidade se se adaptarem aos modelos previamente definidos num sistema de classificação; ou perceber que muita da inovação e criatividade, desde que assegurado um nível de qualidade, desafia os padrões do que já existe, vai além do que antes se imaginava, cria novas realidades que muito dificilmente estão antecipadas em portarias de classificação”. Segundo Adolfo Mesquita Nunes, “quem pensa no lado da procura, escolhe a segunda opção: sabe que os sistemas de classificação não estão sempre certos, cria mecanismos que permitam não perder projectos que, pela sua inovação e criatividade, não estão suficientemente previstos ou valorados nessas normas e garante que o sector pode apresentar-se competitivo ao turista”. Deverá ser esta a posição de Portugal.
Adolfo Mesquita Nunes dá exemplo de casos práticos:
- Um investidor quer converter um palacete com vista de mar em hotel de qualidade. Os quartos, apesar da vista, das varandas e de todo os serviços de luxo, têm 18m2: hotel remetido para 3*.
- Um hotel de segmento (famílias numerosas, pessoas com deficiência, ecologistas, etc..) que não quer nem precisa de alguns requisitos exigidos para um hotel de 5* (restaurante aberto 7 dias por semana, serviço de engomadoria para o próprio dia etc.) e tem muitos outros que a portaria nem sequer pontua (porque inovadores, diferentes, segmentados, etc…): hotel remetido para categorias inferiores.
- Um hotel que enfrenta elevada sazonalidade, que pode oferecer os serviços de 5* no Verão mas que não tem forma de o fazer no Inverno: hotel remetido para 3* ou fecha no Inverno.
De acordo com Adolfo Mesquita Nunes, nestes casos “o investidor desiste porque o serviço que pretende prestar não é equiparável a, nem se pode sujeitar a preços de, 3*, ou fecha no Inverno porque não consegue oferecer 5* nessa estação”. A dispensa de categoria permitirá assim a estes hoteleiros, “desde que reunidos os requisitos para as 3* – condição obrigatória – abrir o seu hotel e posicionar-se de acordo com os serviços que presta. E não ostentará 3*, porque é mais do que isso, nem 5* porque efectivamente o não é. São projectos que não se perdem e que têm qualidade para existir e melhoram a nossa oferta”, conclui.