A diretora dos Serviços de Turismo de Macau disse hoje que “é provável” que a região termine o ano com menos de 30 milhões de visitantes, algo inédito desde 2014 e que decorre do impacto do tufão Hato, noticia a Lusa.
“É provável, porque embora tivéssemos tido uma subida na ordem dos 5% até julho, normalmente a última parte do ano é onde temos mais turistas, e vai haver uma influência sobre o número de turistas em todo o ano”, afirmou Helena de Senna Fernandes. A diretora dos Serviços de Turismo de Macau falou à imprensa à margem da abertura do simpósio de juventude da PATA, integrado na feira de turismo internacional PATA Travel Mart, que decorre na cidade até sexta-feira.
Macau é desde 1958 membro da Associação de Turismo da Ásia-Pacífico (PATA, na sigla inglesa), fundada sete anos antes. O antigo enclave português passou a fasquia dos 30 milhões de visitantes anuais pela primeira vez em 2008, tendo conseguido o feito novamente em 2014, com um recorde de 31,5 milhões de turistas. Nos últimos dois anos registou 30,7 e 30,9 milhões de visitantes, respetivamente.
Até à passagem pela cidade do pior tufão dos últimos 53 anos, a cidade recebia em média cerca de 100 mil turistas por dia, disse Helena de Senna Fernandes. Em 24 de agosto, um dia depois da passagem do tufão Hato ter levado ao encerramento de fronteiras e à interrupção dos voos e viagens de barco, recebeu cerca 80 mil visitantes.
No dia seguinte ao Hato, os Serviços de Turismo aconselharam ao cancelamento das viagens de grupo para o território, uma “decisão necessária para concentrar esforços na recuperação da cidade”, e que foi aplicada sobretudo aos grupos provenientes da China, explicou. No entanto, não foi possível cancelar todos, nomeadamente os grupos do estrangeiro, pelo que Macau recebeu cerca de 60 mil visitantes diariamente no período em que esteve em vigor o pedido de cancelamento (até 2 de setembro), acrescentou.
Segundo dados enviados à Lusa, Macau recebeu 761.917 visitantes entre 23 e 30 de agosto do ano passado. Os Serviços de Turismo não forneceram os dados relativos a igual período deste ano. Os danos causados pelo tufão nas infraestruturas para as exibições pirotécnicas levaram as autoridades a cancelar a 29.ª edição do fogo-de-artifício, um dos grandes eventos internacionais anuais em Macau, o que também tem impacto no número de visitantes, observou a diretora.
Senna Fernandes reconheceu o impacto do caos, destruição e lixo acumulado na cidade durante vários dias após a passagem do tufão: “Quando as pessoas veem esse tipo de imagens, vai afetar de certeza a sua confiança e a sua inclinação para vir a Macau, sobretudo durante uma altura próxima do acontecimento”. Nesse sentido, observou a “boa oportunidade” do evento da PATA: “Como temos os buyers [quem compra] e sellers [quem vende] da PATA em Macau podemos dar uma boa imagem de Macau a essas pessoas, para que elas possam ajudar-nos a divulgar a situação atual de Macau”.
Embora considerando que “é difícil evitar desastres naturais”, e que os mesmos “podem acontecer em todo o mundo”, admitiu haver espaço para melhorias na resposta. “A lição que aprendemos é a de que temos de procurar ter informações mais atempadas, para assim podermos difundir essas informações para os turistas e para a indústria, sobretudo para os nossos guias turísticos e para o nosso pessoal que está na linha da frente”, afirmou. “Daqui para a frente temos de fazer o nosso papel de promoção, não só pintar uma linda imagem de Macau, mas também dar informações da realidade de Macau para que as pessoas possam ter confiança no nosso destino”, acrescentou.
Segundo a diretora, mais de 90% dos hotéis e cerca de 80% das agências de viagens da cidade estão operacionais. Os primeiros sofreram inundações e cortes de água e luz, e as segundas registaram, por exemplo, perdas de autocarros com o tufão. A responsável observou que ainda há museus fechados, como o Museu Marítimo, localizado na Barra, uma das zonas da península de Macau mais fustigada pelas inundações decorrentes da subida da maré e do tufão, assim como bibliotecas. Também referiu que o próprio Centro Cultural de Macau sofreu danos e foi forçado “a parar durante algum tempo”.