No ano em que a Ambitur comemora o seu 32º aniversário, e quando as empresas do setor do turismo conseguiram finalmente “respirar” depois das ondas negras que a pandemia trouxe a nível global, quisemos ouvir os Conselheiros Ambitur, assim como a secretária de Estado do Turismo (em funções na altura deste trabalho) e o presidente do Turismo de Portugal, sobre o que nos pode esperar nos próximos tempos. Que desafios se levantam na próxima década e que resultados deve o turismo ambicionar, quais os grandes objetivos e estratégias a ter em mente e que temas estruturais importa resolver? Foi a estas questões que procuraram responder. O horizonte não se assemelha tão risonho como as empresas turísticas ou os organismos que tutelam o setor gostariam e muitos são os fatores que provocam incerteza e dúvidas sobre o futuro. Como perspetivam então este novo turismo que temos pela frente? Leia aqui a visão de Vítor Filipe, presidente da TQ Travel Quality e Conselheiro Ambitur.
São muitos os desafios que se apresentam para o turismo, na próxima década. O que reputo de principal é o Governo continuar a fazer uma forte aposta no setor, reforçar o apoio às empresas, ouvir a cúpula associativa que nos representa, a CTP, onde pontifica alguém muito competente que espero se mantenha por bastante tempo, Francisco Calheiros.
O principal objetivo será manter o turismo como motor da economia nacional, manter a qualidade e melhorar na oferta turística, apostar na sua qualidade. Apostar na divulgação do nosso país nos principais mercados, assim como procurar mercados emergentes, os investimentos terão certamente retorno.
Devemos ambicionar melhorar a qualidade do produto turístico nacional, captar turistas com elevado poder aquisitivo, melhorar a qualidade dos nossos RH. São objetivos que certamente farão aumentar as receitas provenientes do setor.
Dado que, de momento, se nota a falta de RH, será certamente importante motivar os nossos jovens para ingressarem nos cursos de turismo das nossas faculdades e escolas profissionais. Também facilitar a vinda de profissionais qualificados de outros países.
A nível nacional, duas das grandes preocupações estruturais que são necessárias resolver com a maior brevidade, são o novo aeroporto de Lisboa e a TAP.
O novo aeroporto é um processo que se arrasta há 50 anos, parece que estamos a caminhar para uma resolução, pelo que é dado conhecer a solução Alcochete, que me parece ser a mais racional. É tempo de os partidos deixarem a politiquice para trás e defenderem os interesses do país.
Quanto à TAP, não devemos esquecer o enorme erro que foi a privatização da companhia, foi entregue a um grupo de incompetentes que levaram a companhia ao descalabro. Concordo com a sua nacionalização, é uma empresa fundamental para o nosso país e para o turismo, que deve estar controlada pelo Estado e não por interesses externos. Fico preocupado com a reversão na nacionalização. É importante recordar que tivemos uma pandemia que levou a resultados económicos negativos. Defendo que o Estado deve manter uma parte importante no capital da empresa, de maneira a ter uma palavra nos seus objetivos, e que os novos acionistas sejam gente conhecedora, de preferência uma companhia europeia prestigiada.
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