No ano em que a Ambitur comemora o seu 32º aniversário, e quando as empresas do setor do turismo conseguiram finalmente “respirar” depois das ondas negras que a pandemia trouxe a nível global, quisemos ouvir os Conselheiros Ambitur, assim como a secretária de Estado do Turismo e o presidente do Turismo de Portugal, sobre o que nos pode esperar nos próximos tempos. Que desafios se levantam na próxima década e que resultados deve o turismo ambicionar, quais os grandes objetivos e estratégias a ter em mente e que temas estruturais importa resolver? Foi a estas questões que procuraram responder. O horizonte não se assemelha tão risonho como as empresas turísticas ou os organismos que tutelam o setor gostariam e muitos são os fatores que provocam incerteza e dúvidas sobre o futuro. Como perspetivam então este novo turismo que temos pela frente? Iniciamos hoje a divulgação destes textos, também publicados já na edição Nº340 da Ambitur, com a perspetiva de Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços.
A Estratégia Turismo 2027, aprovada pela RCM n.º 134/2017, de 27 de setembro, constitui o referencial estratégico para o turismo em Portugal nos próximos anos, definindo um conjunto de medidas que têm por objetivo, entre outros, identificar as principais áreas de atuação no setor do turismo, promover a integração das politicas setoriais, gerar uma contínua articulação entre os vários agentes e assegurar a estabilidade e a assunção de compromissos quanto às opções estratégicas para o turismo nacional.
Uma Estratégia que apresenta como desafios a promoção do emprego, a qualificação e valorização das pessoas profissionais do setor, o crescimento acelerado em receitas vs dormidas, as acessibilidades, a procura, a inovação e o empreendedorismo, bem como a simplificação legislativa e a dinamização do investimento.
A pandemia da COVID-19 teve um impacto bastante significativo no turismo em geral, tendo este sido um dos setores mais afetados pelos efeitos da mesma, impondo, por isso, ao Governo a adoção de mecanismos específicos, capazes de potenciar a manutenção das empresas e o crescimento do setor, tornando-o mais sustentável, mais resiliente e mais competitivo, de modo a superar as metas definidas na referida Estratégia para o Turismo 2027.
Em conformidade com a Estratégia Turismo 2027, constitui prioridade o posicionamento de Portugal como um dos destinos turísticos mais competitivos do mundo, mais inovador e mais sustentável. O objetivo é que Portugal seja reconhecido como uma referência na produção de bens e serviços para a atividade turística à escala mundial, um país onde se valoriza o trabalho e onde se investe no capital humano. Um destino para visitar, investir, viver, estudar, investigar e criar empresas.
O objetivo é tornar Portugal líder do turismo do futuro, afirmando o destino como hub para o desenvolvimento económico, social e ambiental.
A ambição deste setor deve centrar-se sobretudo na valorização do território, na capacitação das empresas e no capital humano, sempre com o propósito de afirmar Portugal como um destino mais competitivo, numa lógica de sustentabilidade e de inovação.
Os principais eixos estratégicos que o turismo deve ter em mente decorrem da ET27, que define uma estratégia de operacionalização concertada:
- ao nível do território: a valorização do território, numa perspetiva de incrementar a fruição do património histórico-cultural, preservando a sua autenticidade; fomentar a reabilitação urbana, potenciando economicamente o património natural e rural; a afirmação do turismo na economia do mar; e a estruturação da oferta turística;
- ao nível da economia: aumentar a competitividade das empresas, a simplificação, a desburocratização e a redução dos custos de contexto, a atração do investimento, a qualificação da oferta, o empreendedorismo e a inovação são algumas das prioridades para impulsionar a economia;
- ao nível do conhecimento: a valorização das profissões de turismo, a formação dos recursos humanos, a capacitação dos empresários e gestores, a difusão do conhecimento e informação e a afirmação de Portugal como smart destination, são algumas das estratégias a considerar. Neste âmbito, realço o papel das Escolas de Hotelaria e Turismo que muito contribuem para a criação de mais emprego e mais qualificação no setor, reduzindo as assimetrias regionais;
- ao nível da conetividade: importa reforçar as rotas áreas e reforçar o envolvimento da sociedade no processo de desenvolvimento turístico e o trabalho em rede e a promoção conjunta entre os vários setores de atividade;
- ao nível da projeção de Portugal: o objetivo é aumentar a notoriedade do país nos mercados internacionais, sendo por isso muito relevante o papel desempenhado pelas equipas do Turismo de Portugal, cuja atividade se concentra essencialmente na promoção do destino Portugal para visitar, investir, viver, estudar e realizar grandes eventos. Neste contexto, contribui-se para posicionar o turismo nacional como fator de competitividade e desenvolvimento económico.
São estes os principais os principais objetivos e metas que se encontram definidos para o futuro de forma a afirmar Portugal como um destino cada vez mais competitivo e mais sustentável.
A este propósito realço igualmente o Acordo de médio prazo para a melhoria dos rendimentos, dos salários e da competitividade até 2026, assinado entre o Governo e os parceiros sociais, no passado dia 9 de outubro, onde numa lógica de crescimento sustentado, procurou-se encontrar medidas que conduzissem tanto à melhoria dos rendimentos e dos salários dos trabalhadores, como à melhoria da produtividade e da competitividade das empresas e da economia em geral.