Estudo diz que trabalhadores do Turismo sentem-se felizes na área, apesar dos salários baixos

Um estudo realizado pela Universidade de Aveiro e pelo Turismo de Portugal revela que a maioria dos trabalhadores do setor do Turismo, cerca de 85%, está feliz com o seu trabalho na área, apesar de ganharem um salário próximo ao salário mínimo.

Com o objetivo de analisar, avaliar e perspetivar o mercado de trabalho no setor do turismo, e respetivos subsetores, a 10 anos, a investigação envolveu peritos portugueses e estrangeiros na realização de 4898 inquéritos, aplicados a trabalhadores e estudantes de Turismo, e 11 entrevistas a líderes de organizações nacionais do setor.

Uma das principais conclusões do estudo diz respeito ao nível de felicidade e de realização dos trabalhadores desta área, apontando que 85% revelam que se sentem felizes a trabalhar no turismo, sendo que esta variável é explicada pelo facto do turismo ser uma profissão que lida com pessoas e culturas, e é muito eclética. O trabalho concluiu ainda que os trabalhadores e os estudantes da área são fortemente dedicados e entusiastas ao nível das funções que desempenham.

Contudo, demonstra-se que a maioria dos salários encontram-se perto do salário mínimo nacional, embora o sistema de gratificações faça com que os trabalhadores, em particular os do front-office, possam ver os seus salários complementados.

Aos baixos salários juntam-se outros problemas para os trabalhadores do sector: horários inflexíveis, falta de segurança no trabalho (um problema apresentado por um em cada três trabalhadores) e desigualdades em termos de oportunidades, salário e género.

O estudo deixa mesmo o alerta e recorda que as futuras gerações de trabalhadores, corporizadas nos estudantes que se encontram em cursos de turismo, rejeitam este tipo de formas de desigualdade, nomeadamente em termos salariais e de compatibilidade com a vida pessoal e emocional, o que requer uma atuação rápida e adequada ao nível destas questões.

Mais ainda, Carlos Costa, coordenador da investigação, “aponta para que o turismo se deva expandir do seu core business da hotelaria e da restauração para novas cadeias de valor e novas operações de logística, e que contribua para uma expansão para áreas de menor densidade populacional e económica e socialmente menos atrativas”. Para que tal aconteça, diz o responsável pelo estudo, “será necessário que as profissões da área do turismo incorporem novas valências na gestão dos recursos humanos, do empreendedorismo, e das novas tecnologias. Se se evoluir nesta perspetiva, conseguir-se-ão introduzir novas formas de coesão social e territorial através do setor do Turismo”.

Os resultados finais apresentados pelo estudo encontram-se sistematizados em 13 Medidas de Orientação Política:

  1. Reposicionar o Turismo como fenómeno social e civilizacional;
  2. Tornar o Turismo um instrumento de desenvolvimento e coesão dos territórios;
  3. Posicionar o Turismo como impulsionador da sustentabilidade e dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS);
  4. Felicidade, segurança e perspetivas de abandono do turismo;
  5. Imagem do mercado de trabalho;
  6. Condições de acesso às profissões;
  7. Designação das profissões;
  8. Possibilidade de se trabalhar noutras áreas, tipo de regime de trabalho e emprego por conta própria ou de outrem;
  9. Novo paradigma para a formação contínua;
  10. Igualdade e necessidades especiais;
  11. Investir na qualificação tecnológica do mercado de trabalho;
  12. O papel das associações empresariais e dos sindicatos;
  13. Governância: formação, investigação e autorregulação.