O setor da distribuição, quer seja quem programa ou quem vende os destinos e programas junto do cliente, já sente a exigência crescente deste na hora de escolher as suas férias ou viagens de trabalho. Ambitur falou com várias empresas na sua edição 354, dedicada à temática da sustentabilidade, e todos assumem a sua responsabilidade enquanto intermediários que criam e moldam experiências. Hoje estamos com Pedro Quintela, diretor geral e Vendas da Viagens Abreu, que nos fala sobre os desafios dos destinos turísticos nesta matéria.

A Agência Abreu acredita que a sustentabilidade ambiental tem todo o potencial para se tornar um dos principais critérios de escolha dos destinos turísticos pelos consumidores no futuro e Pedro Quintela, diretor geral e Vendas da empresa, adianta que esta situação já se observa em alguns casos. “O mercado diz-nos que o turismo sustentável está em crescendo, seja por pressões globais e políticas públicas (limitação de entrada de turistas em destinos verdes ou a aplicação de taxas ambientais, por exemplo); seja pela responsabilidade que os players do setor assumem ao adotarem políticas e estratégias que vão ao encontro desta tendência, ou até mesmo pela influência das redes sociais e opinião pública”, esclarece o responsável. Garante que esta situação surge pela preocupação e a consciência ambiental, sobretudo, entre as gerações mais jovens que está disponível em investir mais em experiências sustentáveis.
O setor da distribuição, sejam operadores turísticos ou agentes de viagens, assumem aqui um papel fundamental atuando como intermediários entre o cliente, os destinos e os prestadores de serviços, ou seja, “influenciam diretamente decisões, comportamentos e práticas”, indica Pedro Quintela, que sublinha que “os players do setor criam e moldam experiências”. Indo mais fundo, o gestor da Agência Abreu explica que ao atuarem com compromisso ético e ambiental, “tornam-se peças-chave na transição para um turismo mais justo, consciente e sustentável”. E assegura que esta é uma responsabilidade que o Grupo Abreu já assumiu ao integrar, no ano passado, o Biosphere Sustainable, após um processo de implementação de práticas não só internas mas que têm ainda em conta a atividade diária da empresa. “Estamos assim comprometidos com o ambiente e alterações climáticas, sociedade e cultura e desenvolvimento local”, resume.
São vários os desafios dos destinos turísticos nesta área, começando desde logo pela mudança de paradigma que ainda se vive pois ainda nem todos os viajantes priorizam a sustentabilidade e Pedro Quintela recorda que as mudanças de comportamento levam o seu tempo até se efetivarem. Por outro lado, acrescenta, há destinos que já estão mais preparados e que já assumiram políticas nesse sentido, tendo também maior capacidade de investimento. Para a Agência Abreu, os desafios passam pois pela necessidade de formar e qualificar profissionais, assumir transporte adequado, acompanhar a transformação digital e as tecnologias emergentes. E ainda por saber gerir os fluxos turísticos ao longo do ano, diversificando a oferta e valorizando um turismo que proteja comunidades e tradições das regiões.
Uma questão que se coloca prende-se com o facto de perceber se uma maior sustentabilidade ambiental dos destinos irá repercutir-se nos custos das viagens e aqui Pedro Quintela aponta que a análise deve ser feita a longo prazo pois trata-se de um investimento de futuro “com claros benefícios para todos nós e para o planeta”. Se é verdade, admite, que há investimentos e práticas que podem levar a um aumento de custos, também é verdade que há outros que não têm qualquer impacto, ou até os diminuem. Exemplos disso são a digitalização das interações com os viajantes, a disseminação de meios de transporte como bicicletas ou o uso de transportes públicos locais, a educação dos viajantes em não deixarem “rasto” da sua passagem pelos destinos (não deixar embalagens ou lixo, não perturbar a vida animal, etc), o menor uso de ar condicionado e luz, ou mesmo redução de lavagens de toalhas, entre outros pequenos gestos que fazem a diferença, detalha o responsável.
Pedro Quintela não tem dúvidas de que “é altamente expectável uma maior sensibilidade e pressão do consumidor no futuro nesta matéria, algo que também resulta do “carácter diferenciador e competitivo que a sustentabilidade representa na sociedade nos dias de hoje”.
Por Inês Gromicho. O texto sobre o setor da distribuição foi publicado na edição 354 da Ambitur.























































