“A grande maioria do conteúdo ainda é e continuará a ser por um bom tempo GDS”

É uma discussão quente, mas a Amadeus Portugal mostra sinais de compromisso com o mercado português. O diretor desta multinacional anunciou, durante um encontro com a imprensa, a construção de uma plataforma, conhecida por The Amadeus Travel Platform, que irá gerir todos os conteúdos para que o agente de viagens obtenha um melhor resultado final.

Nesta plataforma digital, os agentes de viagens poderão aceder a todas as ofertas disponíveis no mercado, comparando-as para comercializarem a melhor oferta ao seu cliente final – tarefa que, atualmente, cabe ao Global Distribution System (GDS). Maior transparência e consistência durante o processo de comparação estão, entre outros aspetos, na base deste projeto. Sem o GDS, garante o responsável, “é uma tarefa impossível de ser feita, seja por recursos humanos, capacidade técnica ou de investimento”.

Claudio Santos acredita que “o GDS vai ter um papel muito mais relevante no futuro”, sobretudo tendo em conta que “a complexidade está a aumentar de maneira exponencial”, explicando que isto pode estar relacionado com a forma como as companhias aéreas querem diferenciar-se, criando ofertas personalizadas para cada cliente. Por outro lado, teme que as circunstâncias possam afetar a rentabilidade das agências de viagens, que deixam de ter um canal único para consultar informação.

Para o responsável é na complexidade das operações que se vai sentir um maior impacto com a entrada do New Distribution Capability (NDC), lançado em 2015 pela IATA, sublinhando que corre-se o risco de existir “um trabalho muito maior do que já acontece hoje”. No futuro, “o que percebemos é que vamos ter inúmeros canais diferentes onde as ofertas vão estar”.

“Não é o melhor modelo”, reforça, embora abra portas a um entendimento e afirme: “Entendemos também as necessidades que estão por detrás dele”. Mas, defende que “a grande maioria do conteúdo ainda é e continuará a ser por um bom tempo GDS”, dado que também, devido aos custos implicados, “a grande maioria das companhias aéreas ainda estão nesse ambiente e continuarão a estar”.

E não basta que estas companhias pretendam utilizar um novo modelo de distribuição. De acordo com o diretor executivo da Amadeus Portugal, será preciso estarem preparadas para dar uma resposta adequada à quantidade de procura.

A pensar num futuro com o NDC, o diretor da Amadeus Portugal alerta que os agentes de viagens devem continuar conetados ao GDS, pois “a tendência é que exista mais conteúdo aqui”. “O NDC tem potencial para ser utilizado de uma maneira mais completa e melhor”, alega Claudio Santos, mas sem esconder que “ainda existem padronizações e definições no protocolo que precisam de amadurecer para fazer um investimento maior em tecnologia”.

“Todas as implicações que pode ter no mercado português ainda não estão totalmente definidas ou delineadas”, diz, acrescentando “que muita mudança ainda pode ocorrer”.