A pandemia colocou os “holofotes em territórios que tinham grande dificuldade de afirmação”

O presidente do Turismo do Porto e Norte (TPNP), Luís Pedro Martins, foi um dos convidados a participar na manhã de hoje no APECATE DAY, onde avançou que a região Porto e Norte teve de “mudar” a sua comunicação e as suas perspetivas para 2020 — uma das quais com foque nos eventos — mas que pretende, agora, agarrar a “oportunidade” de promover os territórios de baixa densidade. 

Luís Pedro Martins começou por referir que “vínhamos de uma situação excelente” em 2019 com a região Porto e Norte a registar 12 milhões de dormidas. Tudo indicava que “entrávamos em 2020 com mais um ano recorde” com a região a crescer 15% em janeiro e 22% em fevereiro no que ao turismo diz respeito. Entretanto, surge a pandemia e “tivémos rapidamente de reorganizar-nos em várias frentes” no “ataque de imediato” às causas e aos efeitos da mesma junto das empresas, empresários e colaboradores.

Segundo o responsável, é “unânime” que as linhas de apoio foram “muito rápidas na sua avaliação, resposta e naquilo que os empresários mais queriam que era que o dinheiro pudesse chegar urgentemente às empresas” com o intuito de manter postos de trabalho e para que “quando chegarmos ao day after as empresas possam continuar a existir preparadas para receber turistas”. Nesse aspecto, Luís Pedro Martins considera que “foi feito um excelente trabalho”, com destaque para a Linha de Microcrédito do Turismo de Portugal, e “o Norte foi, inclusivamente, uma das regiões que mais conseguiu ter estes apoios aprovados”, atenta.

Em seguida, foi preciso “trabalhar rapidamente” para transmitir a “perceção de um destino seguro” e “fomos pioneiros na criação do Clean & Safe” que “hoje tem notoriedade a nível mundial”, sublinha o presidente do TPNP, e a região Porto e Norte conta já com “mais de 5.000 selos atribuídos”.

“Em 2020 iria ser muito difícil conseguirmos trabalhar qualquer tipo de eventos”

Ao mesmo tempo, tornou-se necessário “estruturar tudo de novo, repensar tudo o que estávamos a fazer em termos de promoção e perceber que tínhamos de mudar as nossas linhas de comunicação”. No caso da região, O TPNP tinha decidido que 2020 ia ser um “ano muito dedicado à questão da organização de eventos”, com uma candidatura já entregue assente em três eixos de ação: “Norte mais qualificado, atrativo e com mais energia.” Assim, “tivémos de passar o terceiro eixo para 2021” tendo consciência de que “em 2020 iria ser muito difícil conseguirmos trabalhar qualquer tipo de eventos da dimensão que estávamos a querer apoiar”, no sentido da internacionalização do destino.

O TPNP mudou o “chip” e decidiu “aproveitar a única coisa menos negativa” que a pandemia nos trouxe: “Colocar os holofotes em territórios que até aí tinham grande dificuldade de afirmação, nomeadamente, de baixa densidade.” Territórios esses que, até então, eram mencionados pelas “piores razões” como a desertificação, pouca oferta e de fraca qualidade. Luís Pedro Martins comenta que “temos mesmo empresas a operar na baixa densidade” mas “temos aqui uma grande oportunidade de fazer crescer também os negócios neste território”.

Desta forma, “a nossa comunicação mudou” apelando não só a estes territórios mas também às “experiências” que eles proporcionam. Ainda ontem o TPNP lançou a sua primeira campanha com a Associação de Turismo do Porto (ATP) — “Lá em Cima” — que tem o objetivo de “prender o turismo mas levá-lo até à venda, acompanhá-lo até aos vossos negócios”, explica.