“A procura turística mundial não diminuiu e o turismo e o lazer vão continuar a ser fundamentais”

Por Carlos Rosa, Partner e Coordenador do Centro de Competências do Turismo Moneris

No Dia Mundial do Turismo, celebrado no passado dia 27 de setembro, foi lançado o Anuário do Turismo da Moneris, uma publicação que todos os anos olha para os indicadores mais relevantes do setor, mas mais do que isso, prevê tendências, ouve os agentes do setor, perspetiva o futuro desta que é uma das principais atividades económicas do país.

Os principais indicadores à data traduzem uma crescente procura turística e uma maior capacidade de movimentação, depois de dois anos marcados por restrições. Os valores de 2021 são superiores aos de 2019, o ano pré-Covid, nomeadamente no número de hóspedes, no número de dormidas, nos proveitos totais, na taxa de ocupação e no Revpar. Recordo que 2019 foi considerado o melhor ano turístico.

Espera-se, apesar das enormes contingências inflacionistas, causadas em grande parte pela guerra na Ucrânia, que o último trimestre deste ano apresente um desempenho similar ao do período homólogo de 2019, consubstanciando assim um ano bastante positivo nos principais indicadores do setor.

Este ano, estamos a assistir a uma recuperação do setor mais rápida do que as melhores espectativas efetuadas aquando do surgimento do Covid-19; no entanto, a guerra é uma enorme incógnita. As previsões macro apontam para recessão económica em 2023, o que poderá trazer limitações financeiras às classes sociais com menor poder de compra e, consequentemente, limitação às viagens turísticas.

Face aos acontecimentos ocorridos, podemos tirar uma lição; é cada vez mais importante que os agentes económicos estejam alinhados com a Estratégia Nacional para o Turismo, no sentido de caminhar para o turismo sustentável nas dimensões ambiental, social e económica, dotar e promover o país com a melhor oferta turística trará seguramente resultados mensuráveis e sustentáveis.

A contribuição do setor do turismo para o PIB tem vindo, ao longo dos anos, a aumentar consistentemente. A atividade turística é cada vez mais essencial para o desenvolvimento e para a coesão social e territorial, aportando riqueza e dinamização às diversas regiões.

Atentos à importância da coesão das regiões, que no seu conjunto traduzem a oferta turística nacional, dedicamos este o Anuário Turístico da Moneris (edição 2022) às regiões turísticas.

Nesta edição, convidamos os Presidentes das várias Regiões Turísticas a abordarem, entre outros temas; as principais apostas turísticas para a sua região, os impactos esperados na procura e o perfil do turista decorrentes do Covid-19 e da guerra na Ucrânia, a estratégia de sustentabilidade, bem como os principais pilares do Plano Estratégico, os projetos relativos à mobilidade urbana e a economia circular.

Ao longo dos anos, esta publicação tem vido a ganhar notoriedade e aceitação generalizada no setor do turismo. Nela participam convidados e entidades relevantes para a atividade turística, o que aporta uma visão mais ampla e transversal a todo o setor. A sua leitura é essencial, pois aborda os temas atuais e futuros que impactam diretamente na atividade e que são determinantes para a estratégia e sucesso dos players do setor.
Nos últimos dois anos e meio, a economia global, e o setor do turismo em particular, sofreram dois testes duríssimos; o primeiro foi sanitário e teve início em 2020 com o Covid-19, o segundo foi a guerra na Ucrânia em fevereiro deste ano. A pandemia impactou grandemente o turismo devido às restrições de circulação; já a guerra, e até à data, considerando estritamente do ponto de vista da procura turística, teve impacto mais negativo nos países que sofrem diretamente a guerra.

Atualmente não existem constrangimentos, decorrentes do Covid-19, nas deslocações e viagens turísticas. Com a guerra na Ucrânia deu-se a diminuição e escassez de matérias-primas e de recursos naturais no mercado mundial, o que levou ao incremento de preços e consequentemente ao aumento expressivo da inflação o que também, à data, não fez diminuir a procura turística.

A conclusão que podemos tirar, é que a procura turística mundial não diminuiu e que existe uma enorme capacidade de movimentação na procura por novos destinos; assim houve destinos cuja procura aumentou como é o caso de Portugal, trazendo turistas de nacionalidades que até à data ainda não eram relevantes.
Numa prospetiva para os próximos anos, o turismo e o lazer vão continuar a ser fundamentais na vida da sociedade, os indivíduos tenderão a afetar parte do seu rendimento a novas experiências que o turismo lhes proporcione. Trata-se de um novo modo de vida em sociedade com um maior equilíbrio entre trabalho e lazer.