A Ambitur.pt está a auscultar as várias associações do país no sentido de que partilhem com os nossos leitores a sua visão, mais de 15 dias depois da declaração do Estado de Emergência.
Purificação Reis, presidente da ACISO – Associação Empresarial Ourém-Fátima, respondeu às nossas questões.
Como caracteriza a ACISO, depois de 15 dias da ativação do Estado de Emergência, o estado das empresas vossas associadas?
A situação é crítica. O comércio encontra-se encerrado à exceção dos estabelecimentos que prestam serviços ou vendem bens prioritários; algumas das industrias encerraram também as suas portas outras encontram-se a laborar a meio gás, avizinhando-se escassez de matérias primas. O setor da hotelaria encontra-se maioritariamente encerrado, com ausência total de reservas. Muitas das empresas estão agora a tratar dos processos de lay-off simplificado, com o objetivo de tentarem manter os postos de trabalho existentes.
Existe alguma previsão de curto prazo relativamente ao futuro da atividade das mesmas?
O “tempo” é talvez o fator mais crítico da dimensão da recessão económica que atravessamos. Quanto mais tempo demorar a controlar a pandemia mais empresas entrarão em sérias dificuldades, não obstante os pacotes de ajudas existentes, os quais são manifestamente insuficientes. O concelho de Ourém, tem a cidade de Fátima no seu seio e por esse motivo está muito dependente do setor do Turismo. O setor do turismo será, provavelmente, o último a entrar em retoma após o controlo da pandemia, pois dependerá não só da situação de Portugal mas sim e essencialmente da situação de todos os mercados emissores.
O que preocupa mais a associação neste atual momento de gestão de crise?
O que mais nos preocupa é a dimensão que esta crise económica pode assumir, em função do fator “tempo” que demorar a controlar a pandemia. Estamos a concentrar esforços no apoio às empresas e na reivindicação de medidas de apoio às empresas que possam evitar, de facto, o encerramento de muitas delas e o aumento do desemprego, com todas as consequências económicas e sociais que daí advém. É fundamental que se concentrem esforços no desenvolvimento de medidas que possam evitar a destruição do tecido empresarial português.
Têm sido auscultados pelo Governo e participado no desenhar de soluções já aplicadas?
Sim, temos participado com as confederações que nos representam na negociação das medidas de apoio às empresas e na reivindicação de novas medidas. Todos juntos teremos mais força, mais ideias, mais contributos válidos e encontraremos melhores soluções.
As atuais soluções precisarão de ser reforçadas, e em que altura, se for mantido o Estado de Emergência?
É necessária uma resposta mais alargada do Governo com medidas de apoio extraordinárias que permitam “aguentar” as empresas e posteriormente a adoção de medidas de estimulo à economia. Penso que o timing é imediato e tem de se prolongar até ao final do corrente ano. A Banca tem de ter um papel de maior comprometimento no apoio às empresas.
Há números de que se possam falar ao nível do emprego destruído até agora, e naquele que poderá ser o curto prazo?
Estamos com 15 dias de estado de emergência. É cedo ainda para termos números ao nível do desemprego. Essa é uma situação que terá um maior impacto à medida que o tempo for passando. Este era um concelho em que o desemprego era residual e vai certamente ter uma subida assinalável pois uma grande percentagem da população trabalha no setor do turismo e este é um dos setores mais afetados.