ADHP traz questão da segurança nos hotéis a debate no congresso

O segundo dia do XII Congresso Nacional da ADHP – Associação de Diretores de Hotéis de Portugal, que terminou ontem, em Lisboa, começou por abordar a questão da Segurança como fator chave na atratividade de um destino, contando neste painel com a participação de Manuel Gonçalves, do Serviço de Informações de Segurança (SIS), e de Maria de Lurdes Calado, inspetora coordenadora da Direção Regional de Lisboa Vale do Tejo e Alentejo do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), moderados por Flávio Ferreira, presidente do Politécnico do Porto.

Manuel Gonçalves traçou o panorama da ameaça terrorista ao setor hoteleiro, a nível mundial e em Portugal concretamente, reconhecendo que este “é um setor muito sensível a tudo o que acontece” sendo pois “fundamental que os agentes do setor conheçam quais as condições de segurança” existentes. O responsável do SIS começou por falar dos potenciais agentes de ameaça em Portugal, que passam por vários grupos terroristas, Jihadistas regressados ao continente de origem e indivíduos solitários, sem qualquer ligação funcional a um grupo, pelo que se tornam “ainda mais difíceis de detetar”. Manuel Gonçalves sublinha que Portugal tem uma “ameaça moderada”, referindo-se à passagem ocasional de extremistas e terroristas pelo território nacional, à presença de indivíduos simpatizantes de extremistas e terroristas, ao aumento signifativo de propaganda Jihadista online e da sua recetividade, à aproximação geográfica dos palcos de Jihad e ao aumento da ameaça terrorista na Europa, pelo que “a ameaça está cada vez mais próxima”, entre várias outras condições como a proximidade com Espanha. Na verdade, Portugal faz parte do território “Al Andalus e, por conseguinte, do Dar al-Harb (Terra da Guerra), pelo que “somos uma prioridade a ser conquistada”, explica o responsável do SIS. Até porque recentemente foi designado como alvo pelo próprio Estado Islâmico.

Os hotéis, recorda Manuel Gonçalves, têm um elevado poder simbólico e mediático, pelo que podem tornar-se alvos destas ameaças. Em Portugal, as zonas hoteleiras, os museus e as zonas balneares são os locais turísticos mais “apetecíveis”, bem como os hotéis de empresas de países alvo prioritários do terrorismo. As zonas que mais preocupam o SIS em Portugal são o Grande Porto, Grande Lisboa, Fátima (em alturas de grandes eventos religiosos) e Algarve, pois “há mais gente e maior atenção sobre estes destinos”, explica o responsável.
SIBA obrigatório em três dias úteis

Da parte do SEF, que admite registar, a nível nacional, maiores controloes móveis, a cerca de 20/30 Km de fronteiras terrestres e realizar ações de fiscalização em transportes marítimos, rodoviários (autocarros) e ferroviários (comboios), Maria de Lurdes Calado relembrou que existe ainda uma obrigatoriedade de, em três dias úteis, os hotéis inserirem os dados dos seus hóspedes nos Boletins de Alojamento criados no âmbito do SIBA (Sistema de Informação de Boletins de Alojamento). Recorde-se que a AHP assinou um protocolo com o SEF em novembro de 2006 sobre esta situação e, dois anos mais tarde, foi a vez da ANAFRE (para chegar ao alojamento local, turismo rural, etc.) também o fazer.
“É importante que todos os hotéis cumpram a legislação e é importante que o façam o mais rapidamente possível, e em tempo úteil, esclarece a responsável do SEF. Da parte desta entidade, há depois uma análise diári de quem está instalado nos hotéis e unidades de alojamento, começando pelas nacionalidades consideradas de risco.
Além disso, Maria de Lurdes Calado alertou para o facto de os hotéis também deverem comparar os dados biométricos dos documentos de identificação e chamar a presença da FSS quando o cliente se recusa a apresentar a sua identificação, bem como estar atento a atitudes e comportamentos menos “normais” por parte dos hóspedes.