Adolfo Mesquita Nunes: “O Estado tem de partilhar os riscos das decisões que tomou e preservar o setor”

A Francisco Calheiros e Bernardo Trindade, juntou-se o ex-secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, no debate sobre “Turismo em Portugal – Que futuro?” da Iniciativa Liberal

Adolfo Mesquita Nunes concorda que “os empresários começaram por subestimar um pouco esta crise” e que os avisou para que não tomassem “decisões brutais de endividamento” porque a crise ia demorar a passar e “as condições para a atividade turística se desenvolver degradaram-se de forma radical”.  “A atividade turística está seriamente comprometida”, arrisca.

O ex-secretário de Estado do Turismo explica que “o setor viu degradadas as suas condições de atuação até por decisões estaduais (ex. confinamentos)” e que, assim, “o Estado tem de partilhar os riscos das decisões que tomou e preservar o setor”. Defende então que as primeiras medidas do Governo visaram “congelar” a realidade do turismo, protegendo as empresas, até se perceber o que iria acontecer. Entretanto, Adolfo Mesquita Nunes admite acreditar que “esta realidade veio para ficar durante algum tempo, mesmo com a vacina”, perturbando por mais tempo o setor do turismo, sendo que “não podemos ter medidas destinadas a ‘congelar’ a realidade de todas as empresas do setor, indefinidamente, por quatro ou cinco anos”.

Na sua opinião, o Estado não deve “abrir uma linha de apoio a todas as empresas do setor como se fossem todas iguais” porque nem todas “começaram este ano em ótimas condições” e “muitas delas iriam falir independentemente da Covid”. Para Adolfo Mesquita Nunes, “há empresas muito mal geridas” ou cujo “modelo de negócio vai ser, dificilmente adaptado anos novos tempos”. Em suma, o responsável reflete que “tem de haver mais discussão, não tanto sobre as intenções, mas sobre a eficácia das propostas”.