Adolfo Mesquita Nunes: Portugal terá de ser dos destinos mais seguros do Mundo a nível sanitário

Um dos convidados a participar na 1.ª Tourism Talks, da Message in a Bottle, sobre o “Turismo: the days after” foi o ex-secretário de Estado do Turismo Adolfo Mesquita Nunes, para o qual muitos dos apoios do Governo ao setor “convidam ao desastre” e novas exigências sanitárias vão marcar o seu futuro. Portugal terá de se posicionar como um dos países mais seguros do Mundo também a esse nível.

Apoios “convidam o setor para o desastre”

Adolfo Mesquita Nunes afirma que o setor do Turismo foi dos primeiros a ser exposto à pandemia e que, possivelmente, será um “dos últimos a alcançar a procura para a oferta que tem”. Na sua opinião, o maior problema é “perceber que a atividade económica do turismo vai passar um a dois anos de pousio” até que a pandemia se resolva definitivamente e “o Estado não tem nenhuma capacidade para dizer quando é que isto termina”.

O político alerta que grandes investimentos, endividamentos pessoais e qualquer apoio que o Estado dê que “obrigue a este género de compromisso” é “convidar o setor para o desastre”, pelo que os apoios estatais devem antes contemplar a liquidez, através de isenções de impostos e taxas.

Além disso, o Estado de Emergência não é responsabilidade dos empresários mas sim “decisão do Estado fechar a economia” pelo que o Governo “tem de partilhar os riscos” e a saída deste período tem de ser planeada: “Preocupa-me que não haja neste momento uma espécie de Plano, através do qual todos nós saibamos aquilo que vamos ter que fazer”, comenta.

Ser um dos países mais seguros a nível sanitário

Vão colocar-se novas exigências sanitárias que devem ser alvo de políticas públicas, de imediato, no sentido de se perceber “quais as novas exigências que os espaços públicos e que os estabelecimentos do setor do Turismo têm que respeitar” e se “as infraestruturas aeroportuárias e portuárias são capazes de lidar” com tais requisitos. O ex-secretário da Pasta do Turismo não tem dúvidas de que “se o 11 de setembro determinou mudanças naquilo que era o percurso do turista no aeroporto também este vírus vai determiná-lo”. Acrescenta ainda que “somos um dos países mais seguros do Mundo” e que teremos de o ser agora também a nível sanitário.

Adolfo Mesquita Nunes alerta que “este lockdown não sendo definitivo pode ser intermitente”, até existir vacina, e que “para um setor que se organiza a médio e longo prazo esta instabilidade vai determinar alterações no próprio funcionamento do setor”. Dentro do Turismo, há setores particularmente afetados como os Congressos e Eventos que vai “demorar muito tempo a recuperar” porque se irá evitar “grandes aglomerados populacionais”.

O turismo estará também “muito condicionado pelas companhias aéreas” visto que as ligações aéreas vão alterar as procuras, mais intermitentes, e haverá uma disrupção no perfil de procura, naquilo que os turistas procuram fazer durante as férias. Todos os países vão começar “a partir do zero” e vão pedir aos seus cidadãos para que “ajudem as empresas nacionais” pelo que estarão mais “interessados em ter o seu turismo interno”. No entanto, o Turismo há-de voltar e em força ainda que com novos requisitos e exigências.