Aeroporto no Montijo condicionado a estudo de migração de aves concluído no fim do ano

O primeiro-ministro afirmou ontem que uma decisão definitiva sobre a localização do futuro aeroporto no Montijo está condicionada à conclusão de um relatório sobre o impacto da migração de aves naquela zona, nomeadamente para a segurança migratória. “Temos acordado com a ANA [Aeroportos de Portugal] que é necessário aprofundar o estudo relativamente à solução que aparenta viabilidade, que é a do Montijo, mas é uma viabilidade que está condicionada ainda a dados que só poderemos ter no final do ano, designadamente sobre o impacto de ser uma zona de migração de pássaros”, afirmou António Costa, citado pela Lusa.

O chefe de executivo falava no debate quinzenal no parlamento em resposta à presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, que o questionou sobre o futuro aeroporto de Lisboa, reiterando que a Assembleia da República tem pedido estudos que não têm sido enviados.

“O resultado sobre esse impacto, sobre a migração dos pássaros, só pode estar concluído no final do ano. Não permitirá decisões definitivas até essa altura, mas permite concentrar a nossa avaliação relativamente a uma das várias soluções possíveis e ir desenvolver o trabalho nesse sentido”, afirmou ainda António Costa, sublinhando que a “segurança aeronáutica” pode conflituar com esse percurso migratório de aves, que passa pelo Montijo.

Por sua vez, o presidente da Câmara do Montijo disse à Lusa que não tem nenhuma indicação do adiamento da assinatura do memorando sobre o novo aeroporto na base aérea no concelho, referindo que o primeiro-ministro reforçou o processo. “Existe uma série de questões que faltam estudar e algumas das quais têm a ver com essas questões das aves migratórias e outras, e isso nunca esteve fora. Todas estas situações estavam previstas. Os estudos realizados demonstram que esta localização, no Montijo, garante a capacidade aeroportuária em Lisboa por mais 50 anos e é nesse sentido que será decidida esta localização”, disse o autarca.

O presidente da Câmara do Montijo, Nuno Canta, referiu que estes estudos “não colocam em causa a localização”, salientando que são normais nestes processos. “Vai ter que haver uma decisão sobre a localização e até agora temos essa intenção e nenhuma manifestação contrária. A questão das aves é importante observar a nível técnico e ambiental, mas nós já ali temos uma infraestrutura aeroportuária naquela zona com aviões a descolar todos os dias e a segurança também se colocaria para a infraestrutura aeroportuária militar”, defendeu.

O autarca socialista referiu que a declaração do primeiro-ministro vem “reforçar o processo”, referindo que não se trata de um adiar da decisão. “Acho que não é um adiar, é uma afirmação que vamos ter esta decisão de se localizar na base aérea no Montijo. O que temos como indicação é que continua a intenção de dia 15 se assinar o memorando para desenvolvimento dos outros estudos, nos quais se incluem os estudos das aves”, disse.

Já depois do debate quinzenal, uma fonte ligada ao processo disse à Lusa que o Governo e a ANA – Aeroportos de Portugal mantêm a intenção de assinar brevemente um memorando de entendimento sobre a viabilidade de transformar a Base Aérea do Montijo num aeroporto comercial.

O presidente da Câmara do Montijo sublinhou que a Associação de Municípios da Região de Setúbal, que engloba os municípios de Alcácer do Sal, Almada, Alcochete, Barreiro, Palmela, Moita, Montijo, Santiago do Cacém Seixal, Sesimbra, Setúbal, tem prevista uma reunião para debater este assunto na segunda-feira, em Alcochete. “Sabemos que a posição não é unânime sobre esta decisão e não sei como os outros presidentes de Câmara se vão manifestar. O que nós esperamos é que a Associação defenda os interesses da região e do concelho do Montijo”, concluiu.