Agentes de sucesso partilham o percurso que lhes permitiu “vencer o desafio do tempo”

Os cerca de 700 congressistas da APAVT, no último dia do evento, estiveram “à conversa com… (a)gentes de sucesso”, uma sessão que homenageou as mais antigas agências de viagens, cujo negócio passou de geração em geração, e procurou inspirar os que entram no Turismo através das histórias de verdadeiros agentes de sucesso.

Para Pedro Costa Ferreira, “as empresas não têm sucesso se não vencerem o desafio do tempo” no sentido que se devem manter no tempo assim como mudar os tempos. Em seguida passou o testemunho a duas das mais antigas agências de viagens que, apesar da “idade”, continuam “sempre a olhar para o futuro”: a Lusanova, gerida por três gerações, e a açoriana Melo Travel, cujo negócio passou de pai para filha. Ambos os casos demonstram que “as agências de viagens continuam a criar valor”.

Derrubar Mitos

A Oásis procura “derrubar mitos” desde 1986 e, embora hoje seja uma referência no mercado, o caminho nem sempre foi fácil. Até 1989 tinha um único cliente mas em 1991 começa a trabalhar com os países da chamada “Cortina de Ferro” e em Portugal tudo começa no Algarve — de forma muito original.

Nos jornais da altura lia-se “Algarve oferece seguro de chuva”, pois a Oásis decidira vender o destino de Portimão com um seguro de chuva, ou seja, se chovesse mais de uma hora, entre determinado horário do dia, o pacote vendido tinha 20% de desconto, conta Armando Ferraz, CEO da Oásis. “Ser agente de viagem é ter a capacidade de fazer acontecer”, cumprindo compromissos, acredita o responsável.

Armando Ferraz defende também que os colaboradores são o mais importante, a seguir os fornecedores e depois os clientes: “Não acredito em clientes felizes a serem atendidos por colaboradores infelizes.” O CEO confia na “disponibilidade mental”, dos colaboradores, como factor chave de sucesso.

Entre os 37 colaboradores da Oásis, 40% têm menos de três anos de casa e outros 40% têm mais de 16 anos de atividade na empresa, enquanto cinco colaboradores saíram da Oásis e regressaram, o que mostra a interação entre os mais experientes e as novas gerações. “Nós, veteranos, temos muito a acrescentar à academia para conseguir formar jovens para as viagens e turismo”, reflete.

Especialização

Por sua vez, a Pinto Lopes Viagens conta já com um percurso de 45 anos a organizar circuitos culturais  para grupos em 150 países. Rui Pinto Lopes, administrador da empresa, explica que o sucesso deve-se à “criação de um nicho” e à “diversificação do produto”.

No seu caso, “o foco num nicho fez a diferença” e o responsável conta que foram muitos os que lhe disseram que, no seu trabalho, nunca conseguiria inovar. No entanto, “não nos conformámos” e é sempre “possível inovar desde que o façamos com consciência” — até porque existem nichos que nunca poderão ser encarados como um produto de massas. Assim, o primeiro autocarro da empresa foi restaurado e foram criadas as viagens de autor com um especialista em determinada atividade a acompanhar o circuito e a partilhar a sua experiência.

Flexibilidade

Joaquim Ferreira apaixonou-se “pelo mundo das viagens e pelas suas vicissitudes” e a Osiris “nasce” em 2001. O presidente da agência afirma que o Turismo é uma atividade “de pessoas para pessoas e com pessoas” e que, apesar de que “a mudança sempre aconteceu”, isso não vai mudar. O responsável da Osiris acrescenta a “transversalidade” como uma das maiores “riquezas” do negócio das viagens e que é fundamental fazer a “antevisão dos acontecimentos”.

Outra geração…

Paixão

Sónia Regateiro, COO da Solférias, conta uma história mais recente no setor mas não conhece outra realidade que não o Turismo. Quando chegou a altura de escolher o seu percurso profissional, o pai aconselhou: “O melhor que o nosso País tem é o Turismo, no futuro vai ser o que o nosso País tem para dar e para receber”.

Considera-se “turismo dependente”, agradece ao marido por deixá-la ser mulher, mãe e viver a paixão do Turismo e adora o que faz. “Sinto-me uma apaixonada pela vida e quando somos apaixonados pela vida e gostamos de servir as pessoas, lidamos com emoções todos os dias porque efetivamente nós para criar experiência temos que transmitir a emoção do destino”, comenta. Acrescentando que: “Não há nenhuma tecnologia, nenhuma máquina, que consiga transmitir a emoção de um ser humano a outro ser humano.”

Tecnologia 

Já Carlos Baptista, administrador da Newtour, não esquece a história das viagens e turismo, que conta conceitos que, independentemente do tempo, vão ser sempre importantes. Escolheu como palavra de ordem a “tecnologia” e assegura que, ao contrário do que se possa pensar, “as agências de viagens são efetivamente centros com muita tecnologia” desde há muitos anos.

Muitos são os desafios que a tecnologia traz à indústria mas o responsável da Newtour atenta que “a tecnologia não será um problema” se apostar-se na formação. Nomeadamente, o NDC “já é uma realidade [há cerca de 10 anos] e não tivemos tempo de habituação”. Este ano, tinha-se estipulado a meta do NDC representar 6% da distribuição e este ultrapassou a fasquia registando 7-8%. Em 2020, a meta é de 20% do total da distribuição.

Outro desafio são os “gigantes tecnológicos”, como o Google Flights e a Amazon, contudo Carlos Baptista tranquiliza: “Quando surgiu a Booking parecia que as agências já não tinham espaço para distribuir hotelaria e em 90% das vezes conseguimos vender mais barato do que ela”.

*Imagem disponibilizada pela APAVT