AHETA: “Este verão prevemos uma ligeira subida nas ocupações face a 2019” e “aumento no volume de vendas”
A Ambitur.pt quis saber como estará o Algarve este verão, quais as expectativas dos empresários e as principais dificuldades que enfrentam. Falámos assim com Hélder Martins, presidente da AHETA – Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, que garantiu: “Este verão prevemos uma ligeira subida nas ocupações face a 2019 acompanhada de um aumento no volume de vendas em consequência da subida dos preços, que acompanha a evolução dos custos, sobretudo relacionados com a mão-de-obra, energia e custos financeiros”.
O dirigente associativo confirma pois que as reservas existentes até à data para os meses de verão permitem encarar os próximos meses com “algum otimismo”. Mas recorda que, nos últimos anos, se verificou um aumento gradual das reservas efetuadas junto dos operadores turísticos online em detrimento dos operadores turísticos tradicionais. E o que se verifica é que as reservas através de canais online se fazem com menor antecedência, tendo uma taxa de cancelamento mais elevada. No entanto, refere, “apesar dessa mudança de comportamento, as expectativas são promissoras e fornecem uma base sólida para encarar os próximos meses com otimismo”.
Os mercados português e britânico continuam a dominar o verão algarvio, devendo representar, segundo Hélder Martins, cerca de metade do total das dormidas nas unidades de alojamento da região. Mas, no último ano, o Algarve registou um crescimento “significativo” do mercado norte-americano (EUA e Canadá) e a associação acredita que este poderá ter uma “evolução interessante este verão”.
Quanto às zonas da região mais procuradas, o concelho de Albufeira continua a ser o principal destino turístico. Mas o responsável assinala o crescimento de zonas com menor intensidade turística, como é o caso de Tavira e Lagos/Sagres.
Empresários preparados para o verão mas recursos humanos continuam a ser problema
Perante estas boas notícias, o presidente da AHETA assegura que, em geral, os empresários do turismo estão preparados para o verão que agora começou. “Existe uma grande experiência acumulada no setor e os empresários e dirigentes têm investido na sua formação ao longo dos anos”, justifica.
Claro que há dificuldades e as principais estarão identificadas, com medidas tomadas para mitigar os seus efeitos, aponta o responsável.
A curto prazo, a principal dificuldade que os associados da AHETA têm reportado diz respeito à disponibilidade de recursos humanos, mas Hélder Martins acredita que não é “tão grave como sucedeu em 20222”. O dirigente associativo explica à Ambitur.pt que as características da atividade – “que é, e será sempre, sazonal” – colocam desafios à gestão dos recursos humanos. É um facto, lembra, que o setor tem tomado medidas para tornar o emprego mais atrativo para os trabalhadores, nomeadamente ao nível do aumento das remunerações e também da contratação coletiva, criando mecanismos de compensação para os trabalhadores durante os períodos de maior atividade.
Além disso, acrescenta, algumas empresas têm procurado oferecer alojamento, como forma de atrair trabalhadores sazonais de outros locais. Mas o que acontece é que “o sucesso e a atratividade da região têm levado a uma valorização dos imóveis, o que dificulta a fixação de mão-de-obra”, alerta Hélder Martins, um cenário que torna mais “desafiador encontrar soluções de alojamento para os trabalhadores temporários”.
O que significa que apesar dos esforços para enfrentar a questão dos recursos humanos, ” a natureza sazonal da atividade e os desafios relacionados à habitação na região continuam a ser obstáculos a serem superados”. E o presidente da AHETA acredita que “enquanto o Governo não encarar este problema, de frente, e disponibilizar, no âmbito da revisão dos PDM’s, terrenos para que as empresas, da área do alojamento, possam construir habitação, para poder alojar os seus colaboradores, em condições de dignidade, o problema irá persistir”.
Por outro lado, a associação coloca em cima da mesa a possibilidade de criar um subsídio de alojamento para os colaboradores que dele necessitem, com tratamento fiscal como, por exemplo, o subsídio de almoço, “o que em muito iria contribuir para a facilidade de fixação de pessoas e famílias na nossa região”.
Por fim, Hélder Martins não esquece que, num horizonte temporal mais alargado, a grande preocupação será a disponibilidade de água, cujos impactos já se fazem sentir em atividades como o golfe e os empreendimentos turísticos. E salienta aqui os investimentos que alguns associados da AHETA têm feito nos últimos anos no sentido de reaproveitar e utilizar águas residuais, com vista a enfrentar este desafio de forma sustentável.
Por Inês Gromicho