AHETA não está otimista quanto à época baixa

Depois de, no mês por excelência do turismo do Algarve, as unidades hoteleiras terem atingido, de uma maneira geral, taxas de ocupação à volta dos 100%, o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, revelou à Ambitur.pt não estar tão otimista relativamente aos meses que se avizinham. “A época baixa corresponde à maior fraqueza que o turismo do Algarve tem. Até hoje, pouco ou nada tem sido feito no sentido de esbater essa debilidade”, lamentou.

“É necessário assumir uma estratégia vocacionada para a sazonalidade, designadamente ao nível da promoção mas, também, ao nível da construção de algumas infraestruturas de que o Algarve carece. Para a região algarvia se afirmar durante a época baixa deveria existir, por exemplo, um espaço de congressos, um polidesportivo para atletas de alta competição e potenciarem-se condições para a realização de alguns eventos que a nível cultural e desportivo poderiam gerar grandes fluxos nos períodos de não procura”, adiantou. Elidérico Viegas disse que, contudo, “não há vontade nem capacidade das entidades responsáveis, pelo menos nos próximos tempos, em desenvolver estratégias no sentido de promover o Algarve na época baixa”.

Quanto às expectativas para o mês de agosto, estas foram cumpridas, “podendo existir até algum crescimento relativamente ao ano anterior”, explica o responsável da AHETA. “Houve um crescimento das taxas de ocupação e do volume de negócios, o que mostra alguma recuperação. Esta situação já não se verificava há alguns anos”, garantiu. Esta recuperação, “em termos acumulados à volta dos 5%”, resulta “sobretudo de fatores relacionados com a desvalorização do euro relativamente à libra e ao dólar”. “Esta desvalorização faz com que os nossos mercados externos, nomeadamente o Reino Unido, que é o nosso principal fornecedor de turistas, tenha melhorado a sua afluência à região e, por outro lado, faz com que os portugueses que passam férias no exterior tenham de alguma forma optado por fazer férias a nível interno”, referiu à Ambitur.pt. “Os destinos recorrentes negoceiam em dólares e isso faz com que a desvalorização do euro torne esses destinos mais caros”, sublinhou.

Para que o Algarve continue a ser um destino competitivo, Elidérico Viegas lembrou que é necessário “manter os bons serviços de apoio, nas comunicações, na higiene, na limpeza, segurança e serviços de saúde”, uma vez que “é com preocupação que temos assistido a alguma degradação da prestação destes serviços, nomeadamente ao nível da saúde, principalmente por razões relacionadas com a crise económica do país”.

Relativamente à recente lei do alojamento local, que entrou em vigor em novembro do ano passado e que surgiu para tornar o arrendamento de casas a turistas uma atividade livre e não sujeita a processo de licenciamento, Elidérico Viegas disse que essa situação tem contribuído “para um aumento estatístico muito elevado na procura e no número de dormidas da região que não corresponde exatamente à verdade”. Segundo o presidente da AHETA, “as camas já tinham utilização turística no passado mas não contavam para efeitos estatísticos, uma vez que, não eram consideradas turísticas e, com a nova lei, assistimos a um aumento algo pressionado relativamente ao número de dormidas negociadas”.

Questionado pela Ambitur.pt sobre a posição da AHETA no que diz respeito à portaria que pretende dispensar a atribuição de classificação aos hotéis, Elidérico Viegas disse que “não rejeita a possibilidade da opção da classificação ser uma opção do empreendedor”, cabendo a cada empresário “decidir se quer ter estrelas ou não quer ter estrelas”. “Sabemos que, cada vez mais, essa classificação é atribuída pelo mercado e enquanto instituição que representa os interesses empresariais não rejeitamos essa possibilidade”, concluiu.