A Madeira esteve em destaque na ocupação e na estadia de turistas nos estabelecimentos hoteleiros em todo o país, durante o ano passado. Mas, apesar dos impactos da pandemia, não foi só aquela região autónoma que mostrou bons resultados para o setor da hotelaria, em 2022.
“Melhor” do que 2019 foi uma avaliação recorrente entre os associados que responderam ao inquérito “Balanço 2022 & Perspetivas 2023”, apresentado esta quinta-feira, por Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da Associação de Hotelaria de Portugal, no Roca Lisboa Gallery. O objetivo foi “perceber como correu o ano para a Hotelaria nacional” e saber o que “os hoteleiros perspetivam para 2023”.
Os dados relativos ao balanço de 2022 mostram que a taxa de ocupação média nacional foi de 61% no ano passado, “muito próximo da taxa de ocupação que o INE [Instituto Nacional de Estatísticas] aposta para o todo nacional”, salientou Cristina Siza Vieira, durante a apresentação da estatística. Entre as regiões com maiores taxas de ocupação, a região autónoma da Madeira posicionou-se em primeiro lugar (76%), seguida da região de Lisboa (70%) e da região autónoma dos Açores (69%).
Exceto o Algarve (61%), posicionado em quarto lugar na taxa de ocupação registada em 2022, todas as restantes regiões nacionais obtiveram taxas de ocupação em percentagem inferior a 50 pontos percentuais, especificamente o Alentejo (55%), a região Centro (51%) e o Norte do país (54%).
Quanto ao preço médio por quarto, a estatística aponta para os 119€ nacionais, o que permite calcular um RevPAR no valor de 73€. A nível regional, Lisboa registou o maior preço médio (152€). Já as restantes zonas geográficas, apesar de não acompanharem por regra a taxa de ocupação, compreendem valores idênticos quanto ao custo por quarto.
Assim, o Algarve posiciona-se no segundo lugar (124€) e o Alentejo no terceiro (123€). As regiões autónomas ocupam os seguintes: Madeira (113€) e Açores (108€), respetivamente. O Norte (109€) aparece em penúltimo lugar no preço médio por quarto e o Centro em último, obtendo uma média inferior aos três dígitos (83€).
A estada média, outra componente questionada pela AHP no inquérito, estabeleceu-se nos três dias, a nível nacional. Ao pormenor, a Madeira fica em destaque, com um valor de estada média que atinge o dobro do resultado nacional (seis dias). O Algarve (cinco dias), surge em segundo lugar, sendo a única região, à parte da Madeira, com valores médios acima dos nacionais.
Alentejo, Lisboa e Açores acompanham a regra geral, com três dias de estada média. Abaixo ficam o Centro e o Norte, que obtiveram, em 2022, uma estada média de dois dias.
Apesar de os Açores acompanharem a média nacional, a vice-presidente executiva da AHP explica que, devido às características do destino e às viagens que é necessário fazer entre ilhas, é difícil calcular a estada média naquele arquipélago. “Diríamos, à partida, que a estada média no arquipélago dos Açores deverá andar próxima da da Madeira”, considera Cristina Siza Vieira.
Comparativamente com os anos de 2021 e 2019, os dados avaliados pela AHP para 2022 mostram resultados relativamente melhores na perspetiva dos associados, principalmente se comparados com o ano anterior, ainda pesadamente influenciado pela pandemia de Covid-19.
No que toca a 2021, a maioria dos inquiridos considerou que a taxa de ocupação foi “melhor” ou “muito melhor” em 2022, com “grande destaque” para a região autónoma da Madeira que, juntamente com Lisboa, tem uma elevada percentagem de avaliações para “muito melhor” na taxa de ocupação. Já a hotelaria dos Açores foi a que mais considerou o ano de 2022 “melhor” face a 2021.
Quanto à comparação com 2019, a taxa de ocupação em 2022 foi “melhor” para todas as regiões, embora muitos inquiridos ainda tivessem considerado este um ano “pior” face ao pré-pandemia. A Madeira destaca-se significativamente, sendo a região que mais representa resultados melhores e muito melhores em 2022, comparativamente com 2019.
“Ainda temos um grande espaço para melhorar relativamente à taxa de ocupação na hotelaria em 2019, embora nalgumas regiões já se tenha igualado ou mesmo melhorado a performance neste indicador”, considerou a dirigente associativa.
No que toca ao preço médio por quarto, os dados do ano passado são mais constantes, com uma grande percentagem de avaliação “melhor” e “muito melhor” em todas as regiões. Comparativamente a 2021, Lisboa foi a região que melhorou mais o preço médio em 2022, sendo que, relativamente a 2019, todas as regiões tiveram um preço médio maioritariamente “melhor”.
As receitas globais foram um medidor meramente qualitativo, ao contrário dos outros, que foram obtidos pela AHP em quantidades inteiras. O desempenho dos estabelecimentos hoteleiros em 2022 foi também “melhor” ou “muito melhor”, mas sem muitas surpresas relativamente a 2021, considerou Cristina Siza Vieira. Lisboa e a Madeira foram as regiões onde mais se verificou uma receita “muito melhor” do que a do ano anterior.
Já em comparação com 2019, o valor das receitas foi “melhor” para a maioria das regiões, entre as quais sobressai o Algarve. O Alentejo foi a região que mais manteve os resultados face ao ano antes da pandemia de covid-19, com uma grande percentagem de receitas “igual” à de 2019.
Os mercados que mais aderiram a estabelecimentos hoteleiros em 2022, a nível nacional, foram: Portugal (87%), Espanha (46%) e o Reino Unido (37%). Ainda assim, é de notar o quarto mercado mais recorrente para a hotelaria nacional – os Estados Unidas da América –, que faz mesmo parte dos três maiores mercados para a hotelaria nas regiões dos Açores (90%), Lisboa (53%), Alentejo (31%) e do Norte (24%).
Para Cristina Siza Vieira, o alinhamento com os resultados nacionais do INE é interessante. A responsável salientou, no final da apresentação, que o universo do INE não é o mesmo que o da associação. Ainda assim, o facto de os associados terem contribuído com a informação facultativa para dados que coincidem com os oficiais revela “muito bem a transparência” com que a AHP trabalhou.
Durante a apresentação da AHP, Cristina Siza Vieira apresentou ainda as expectativas do setor da hotelaria para o ano de 2023.
Por Redação Ambitur.