A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) divulgou os resultados do estudo sobre as perspetivas do setor hoteleiro para o período do Natal (21 a 26 de dezembro) e Réveillon (28 de dezembro a 2 de janeiro), baseado num inquérito feito aos associados entre 15 de novembro e 13 de dezembro. A palavra de ordem é moderação, embora com algum otimismo à mistura, conforme foi explicando Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP, durante a apresentação que teve lugar ontem.
Assim, no que diz respeito ao Natal, os inquiridos estimam reservas na ordem dos 38%, com uma taxa de ocupação (TO) de 52% e um preço médio por quarto (ARR) de 151 euros. A contribuir para estas estimativas positivas estão as regiões do Norte, Grande Lisboa, Alentejo e Madeira, com Lisboa e Madeira a destacarem-se claramente no que toca à TO estimada.
Na Madeira, as reservas “on the books” apontam para os 59%, e a TO para os 73%, com um ARR atual de 153 euros. Na Grande Lisboa, as reservas apontam para os 44%, com uma TO estimada de 62% e o ARR de 191 euros. Já no Alentejo, as reservas são de 36%, com TO estimada estimada de 54% e ARR de 190 euros. E no Algarve, as reservas “on the books” são de 33% com uma TO estimada de 44% e o ARR de 106 euros. Por fim, nos Açores, as reservas situam-se nos 30%, com TO estimada de 41% e ARR de 87 euros.
Relativamente ao mesmo período de 2023, verifica-se uma melhor TO, com o preço médio a aumentar 46%, a estada média a subir 62% e os proveitos a crescerem 31%. No que diz respeito ao ARR, 8% espera que seja inferior a nível nacional, mas a maioria tem uma expectativa de que seja melhor e muito melhor, sobretudo Lisboa, Madeira e Oeste e Vale do tejo.
No que se refere aos três principais mercados apontados pelos hoteleiros, 82% colocam Portuga como um deles, sendo que 41% considera que é o Reino Unido e 40% Espanha. Para 31% dos inquiridos será a Alemanha e 24% apontam os EUA. Uma curiosidade destacada por Cristina Siza Vieira é que apenas 21% apontam França como fazendo parte dos seus principais mercados emissores.
As expectativas para o Réveillon
Sobre o período do Réveillon também não há surpresas, com a TO, o preço médio e as reservas superiores face ao Natal. A AHP destaca aqui o preço médio nas reservas do Alentejo, “o campeão das vendas”, com reservas de 42%, uma TO de 76% e um ARR de 238 euros. Esta é a região que apresenta um maior salto entre as reservas atuais e a TO estimada.
Destaque ainda para a Madeira, com reservas a situarem-se nos 68%, uma TO estimada de 84% e um ARR atual de 243 euros. E a Grande Lisboa, com reservas de 61%, TO estimada de 78% e ARR de 249 euros.
No Norte, as reservas são de 39%, com TO estimada de 61% e ARR de 229 euros. E no Algarve as reservas são de 46%, com uma TO estimada de 62% e um ARR de 132 euros.
Cristina Siza Vieira chamou a atenção para a região dos Açores, onde se verifica uma quebra considerável a nível de voos no período do inverno, com 53% dos inquiridos a estimarem uma TO pior.
Neste período, Portugal é apontado por 84% dos inquiridos como um dos principais mercados emissores, enquanto que Espanha é considerado por 35% e a Alemanha por 34%.
Booking.com em destaque como canal de reserva
Tanto no Natal como no Réveillon, 85% dos hoteleiros mencionam a Booking.com como principal canal de reserva, seguindo-se o website próprio (83% dos inquiridos), e ainda 39% a destacarem as reservas diretas por e-mail, 32% a apontarem a Expedia e somente 25% as agências de viagens (aqui com maior incidência nas ilhas).
No que se refere ao impacto da situação geopolítica e económica nas reservas, o inquérito da AHP indica que 75% dos hoteleiros não observa qualquer impacto, e 6% consideram mesmo que a haver impacto, será positivo, evidenciando um interesse maior por Portugal neste período.
Web Summit sem surpresas
A AHP estudou também o período da realização do Web Summit, entre 11 e 14 de novembro, inquirindo 57 empreendimentos turísticos que já tinham respondido a este inquérito em 2023, entre 15 e 30 de novembro.
Uma vez mais, não há grandes surpresas, com 60% dos hoteleiros a considerarem que a Web Summit apresentou uma performance superior à da semana anterior. E 40% dos inquiridos destacam uma performance idêntica.
No que diz respeito aos hóspedes participantes neste evento, em 2024, 76% dos hóspedes foram participantes, o que representa uma descida de 12 pp face ao ano anterior, quando o valor foi de 88%. Mas, em termos gerais, a TO durante a Web Summit aumentou para 88% (+1pp) e o ARR registou uma subida de 4% para os 221 euros.
Por Inês Gromicho