A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) apresentou esta semana o inquérito aos seus associados dedicado ao “Balanço da Páscoa & Perspetivas Verão 2022″. Bernardo Trindade, presidente da AHP, não duvida que “Portugal está a recuperar mais rapidamente do que os seus congéneres europeus”. Isto porque o país tem “um trajeto em torno desta atividade muitíssimo positivo e tem sido reconhecido por quem nos visita”, mas também porque, neste quadro de recuperação, em termos de situação geoestratégica, está localizado “num território que os nossos clientes reconhecem como seguro e passível de ser visitado”.
E é precisamente este o sentimento dos associados da AHP, demonstrado nos resultados deste inquérito, realizado entre 27 de abril e 20 de maio. Num balanço do período da Páscoa, de 11 a 18 de abril, podemos conhecer os níveis de ocupação, os preços médios, a estada média e os principais mercados dos destinos nacionais. Assim, segundo explicou Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da associação, a taxa de ocupação média a nível nacional situou-se entre os 81% e os 90% nestes sete dias analisados, com a Madeira a liderar (91% a 100%), seguida do Algarve, Lisboa e Norte (81% a 90%). Abaixo da média nacional estiveram as regiões dos Açores, Alentejo e Centro (71% e 80%). Face a 2019, as taxas de ocupação nas regiões portuguesas neste período já igualaram em 2022, tendo mesmo superado no caso da Madeira e do Algarve. Relativamente a 2021, os valores deste ano foram muito melhores nos Açores, Algarve, Alentejo e Lisboa.
No que se refere ao preço médio por quarto, que a nível nacional se situou nos 121 a 140 euros, foi Lisboa que liderou (141 a 160 euros), logo seguida do Algarve, com a mesma média do país. A região com o pior preço médio neste período foram os Açores (81 a 100 euros). Comparativamente com 2019, o preço médio nestes dias foi superior nas regiões da Madeira, Algarve e Alentejo, tendo igualado esses níveis nos restantes destinos. Já numa comparação com o ano anterior, todos registam subidas, com a região de Lisboa a afirmar que os preços foram muito superiores.
A Madeira voltou a liderar na estada média (3,4 noites), mas também o Algarve (3,2) e os Açores (2,9) superaram a média nacional de 2,6 noites, que só o Centro e o Norte não conseguiram atingir, ficando-se pelas 2,2 noites. Relativamente a 2021, todos os destinos subiram a estada média e, face a 2019, Madeira, Alentejo e Lisboa também conseguiram subir, ficando as restantes regiões iguais.
Também as receitas foram superiores no período da Páscoa de 2022 na Madeira e Algarve em relação a 2019, e nas restantes regiões igualaram. Já face a 2021, subiram em todos os destinos, com o Alentejo e Lisboa a afirmarem uma maior subida.
Em termos dos principais mercados durante a Páscoa, 82% dos inquiridos incluem Portugal no seu TOP 3, com Espanha em destaque no 2º lugar para 65% dos inquiridos e França em 3º, para 29%. O Reino Unido sai do TOP 3, sendo o principal mercado para 27% dos inquiridos. Já os EUA foi importante para 18% dos associados e o Brasil para 5%.
Ainda num balanço de 11 a 18 de abril deste ano, a AHP analisa os números do tráfego aéreo nos cinco principais aeroportos do país. No total do mês de abril, passaram pelos aeroportos cerca de 4,9 milhões de passageiros comerciais, menos 6,5% do que no mesmo período de 2019. O que significa, diz Cristina Siza Vieira, que “ainda não chegámos aos valores de 2019”, exceto na Madeira, que registou mais 25% de passageiros. Face a 2021, a subida é superior a 200%.
Um verão positivo
A vice-presidente executiva da AHP recorda que, neste momento, o que os associados sentem é que as reservas estão a andar mais lentamente, até fruto da tendência de last minute que se veio acentuar, mas “ainda assim os hoteleiros têm uma perspetiva positiva”.
No que se refere às reservas para o mês de junho, a média apontada situa-se entre os 40-59%, sendo superior na Madeira (80-100%) e nos Açores (60-80%), e inferior nas restantes regiões, com o Centro com as piores expectativas (20-39%). Em julho, os valores não se alteram significativamente, mantendo-se a mesma média nacional, desta vez com Açores, Madeira e Algarve a liderarem (60-80%) e o Centro ainda inferior (20-39%). Uma situação idêntica é esperada para o mês de agosto pelos associados, com base nas reservas até ao momento, e em setembro também não se verificam grandes alterações, mas somente a Madeira consegue superar a média de reservas nacional com 60-80%.
80% dos inquiridos volta a incluir Portugal no seu TOP 3 dos principais mercados, seguido de Espanha para 49% e França para 40%. EUA registam um forte crescimento, apontados por 21% dos associados. E o Reino Unido continua fora do TOP 3, situando-se entre os principais mercados apenas para 34% dos inquiridos.
Relativamente à estimativa de taxa de ocupação para o verão, de junho a setembro, os associados da AHP acreditam que, face a 2019, apenas será superior na Madeira, mantendo-se igual nas restantes regiões, à exceção do Centro, que estima ser inferior. No que se refere à taxa de ocupação de 2021, há aumentos em todas as regiões, mantendo-se
no Centro. Também o preço médio por quarto, relativamente a 2021 subiu em todo país, exceto no Centro, onde se manteve igual; já em relação a 2019, a expectativa é que se mantenha a mesma no Centro, Lisboa e Norte, com subidas nos Açores, Madeira, Algarve e Alentejo. Por sua vez, a estada média este ano no verão deverá subir apenas na Madeira em relação a 2019; já comparativamente com 2021, subirá nos Açores, Madeira e Alentejo. Por fim, no que diz respeito às receitas, a expectativa dos inquiridos é de que aumentem este verão, face a 2019, nos Açores, Madeira e Alentejo, mantendo-se igual nas restantes regiões. Já em comparação com 2021, os Açores deverão registar a maior subida, mas só o Centro permanecerá igual.
A olhar para a retoma
O inquérito deste ano indica que 47% dos associados estimam a retoma no segundo semestre de 2022, e 30% apenas a perspetivam no segundo semestre de 2023. Numa perspetiva mais pessimista estão apenas 2% dos inquiridos, que contam que a recuperação apenas se verifique no primeiro semestre de 2024, e 5% apontam-na para o segundo semestre desse ano.
Na opinião de 56% dos inquiridos, os fatores que mais terão impacto nesta retoma em 2022 serão a inflação e a escassez de mão de obra. Já 51% apontam a instabilidade geopolítica e a guerra na Ucrânia, sendo que 41% identifica os custos da energia, 31% a escassez e custo de matérias-primas e o custo dos combustíveis, e 18% a imprevisibilidade da situação pandémica.