AHP: Região Norte “já não é uma segunda escolha”

A 2.ª Edição da Decor Hotel, a Feira Profissional de Equipotel, Construção, Produtos e Serviços para hotéis e similares, decorreu, de 18 a 20 de outubro, na Exponor, no Porto.

A Associação Hoteleira Portuguesa (AHP), parceira oficial da feira, também marcou presença. E porque a cidade do Porto foi o palco deste “encontro” entre profissionais hoteleiros, foi Maria João Martins, diretora de Projetos & Formação da AHP, que deu a conhecer a performance da Hotelaria Nacional e, em particular, da região Norte e cidade do Porto numa conferência intitulada “Performance da Hotelaria Portuguesa – Zoom ao Porto e Norte”.

Em detrimento dos destinos tradicionais de “sol e praia”, segundo Maria João Martins, este é o ano do “crescimento dos destinos urbanos portugueses”.

A responsável relembra que, face à crise económica de 2011/2012, o setor turístico “foi aquele que mais sofreu”, mas também “foi o que mais contribuiu para a saída da crise”. Em relação ao nosso país, foi o Turismo de Portugal que, neste período, “decidiu, com o mesmo orçamento, alavancar novas formas de promoção do país”. E foi com “esta mudança de ideias” e de “promoção internacional” que os hoteleiros, parceiros e empresas adotaram e contribuíram diariamente para que o setor “crescesse e contribuísse massivamente para a recuperação da nossa economia”. Atualmente, o setor turístico, contribui diariamente com “41 milhões de euros para alavancagem da nossa economia nacional”.

Eventos e conferências potencializam o crescimento do setor

De acordo com o programa de análise estatística e económica da Operação Hoteleira da AHP, Maria João Martins apresentou “aquilo que mais rentabilidade acaba por trazer ao setor hoteleiro”.

Da leitura que se faz em relação ao primeiro e segundo trimestres de 2018, a diretora salientou um “decréscimo nacional de número de hóspedes” face ao ano de 2017. Esta “descida” justifica-se muito devido ao tipo de eventos que existiram. A visita do Papa a Portugal, em 2017, “impulsionou largamente o turismo de Fátima” e a “região Norte acabou por beneficiar dessa visita”.

Além disso, os vários Congressos Internacionais também foram avançados como uma explicação, até porque “posicionaram e potencializaram o crescimento em 2017”, considerado como o “pico do mercado” do setor turístico.

Sobre os “mercados principais” com que Portugal continua a beneficiar, Maria João Martins focou-se em quatro: o britânico, o alemão, o francês e o espanhol. No entanto, lembra que, em 2017, “já se fez notar o crescimento” de certos mercados como o brasileiro e o norte-americano e que são apontados como sendo “os que mais gastam nos destinos”. Neste sentido, a responsável alerta para a importância de “apostarmos nestes mercados emergentes” e que trazem uma importância “tamanha” para os nossos setores de economia, como é o caso do “comércio de luxo”. Este último, na análise feita aos hospedes que chegam a Portugal, é visto como o “setor mais importante a alavancar em todo o país”, incluindo na região Norte e cidade do Porto.

Maior número de dormidas acontece nos hotéis de quatros estrelas

Aos presentes, Maria João Martins recordou que, até ao período da crise, o Norte de Portugal sempre viveu maioritariamente do turismo interno, muito ligado ao “turismo de corporate” ou de eventos. Em comparação com o período de 2012/2013, verificou-se uma “transição absoluta” do turismo interno para o turismo externo. Este progresso deveu-se muito, segundo a responsável, à “abertura de novas rotas aéreas”, especialmente com a instalação da operação da Ryanair no aeroporto do Porto. “Isto fez com que toda a região beneficiasse deste mercado externo, desta procura de mercados internacionais e, efetivamente, em 2018, continua a registar-se este crescimento do turismo externo pela região Norte”, refere.

De acordo com os dados do primeiro semestre de 2018, no que toca à “procura turística”, verificou-se uma “evolução semestral nas dormidas e no número de hóspedes” na região. Face à “redução” no Algarve e em Lisboa, o Norte “tem mantido um crescimento bastante positivo”, afirma.

Já no que toca às tipologias dos hotéis, refere que o número de dormidas mantém “maior pujança nos hotéis de quatro estrelas”, em consonância com o que acontece a nível nacional, visto que esta categoria “tem sido mais procurada pelo mercado estrangeiro”. Apesar de o valor ser “mais baixo” do que nos hotéis de quatro e cinco estrelas, a responsável refere que os hotéis de “duas e três estrelas” são os que têm mais crescido, em particular no final de 2017 e no primeiro semestre de 2018.

Comprovado assim o crescimento da região Norte e cidade do Porto, a investigadora foi mais longe e, citando os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), face ao ano 2017, verifica-se um crescimento de “8% em termos de hospedes e dormidas, 18% de RevPAR (Receita por Quarto Disponível), o qual também foi acompanhado pelo crescimento da Taxa de Ocupação”. Maria João Martins refere ainda que “48% das dormidas no Norte são diretamente efetuadas na cidade do Porto” representando, desta forma, o “ponto de saída” de toda a região. Todo este crescimento está “conectado” com o do aeroporto Francisco Sá Carneiro e fez crescer o número de passageiros nacionais e internacionais. Segundo os dados do INE, em 2017, o aeroporto Francisco Sá Carneiro registou um crescimento de 17% de passageiros internacionais, um dado a que a AHP já tem “sob alerta”. Maria João Martins realçou a importância de “reagir em tempo útil e verificar se esta capacidade aeroportuária tem condições para se manter até aos próximos anos”, alertando para a situação atual de “saturação” do aeroporto de Lisboa que pode, assim, colocar em causa todo o crescimento na região. Além disso, o aeroporto do Norte é visto como o “principal meio de chegada”, em particular, para quem “chega do estrangeiro”.

Em jeito de conclusão, Maria João Martins citou os dados da AHP para dizer que, no primeiro semestre de 2018, o Grande Porto “evidencia um enorme crescimento face aos dados do ano 2017”. A região representa “11% do ARR (Taxa Média por Quarto), 8% do RevPAR (Receita por Quarto Disponível) e um decréscimo na Taxa de Ocupação”. Este decréscimo é visto pela responsável como “bom indicador” uma vez que “já não estamos, efetivamente, a encher quartos, já não somos segunda escolha, mas sim a posicionar o nosso destino, os nossos hotéis. Temos que nos vender e posicionar melhor”, refere.

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59% das camas no Porto são de Alojamento Local

Em toda a região Norte, e até ao final deste ano, Maria João Martins afirma que está anunciada a abertura de 14 novas unidades hoteleiras. Destas, “já foram abertas três” até ao final do primeiro semestre. Estão ainda a decorrer “seis remodelações” em estabelecimentos, em toda a região. A reabertura destas unidades está prevista ainda para 2018.

Da oferta hoteleira, foi ainda apresentada uma análise sobre aquilo que é o Alojamento Local (AL). “Muito se tem discutido desta oferta paralela” em especial na região Norte e na cidade do Porto, referiu a responsável.

No que toca aos estabelecimentos hoteleiros (hotéis, hotéis-apartamento e pousadas), existem, na cidade do Porto, 90 hotéis, representando uma oferta de 12 mil camas. No entanto, em termos de Alojamento Local, a responsável refere que existem 6 740 unidades, representando 17 mil camas. Ou seja, “59% das camas na cidade são de AL e 41% são de estabelecimentos hoteleiros”.

Na cidade do Porto, o crescimento do AL em 2015 foi de 111% em relação a 2016 (93%) e 2017 (118%). Os dados do primeiro semestre de 2018 revelam também um crescimento de 24%.