AHP solicita apoio à Câmara de Lisboa e veta proposta de condicionamento da Av. da Liberdade

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) promoveu um almoço entre os seus associados e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas. Na ocasião, Bernardo Trindade, presidente da AHP, apelou a que a autarquia ajude a encontrar soluções face ao atraso da nova solução aeroportuária para a cidade e, por outro lado, a que se trabalhe mais rapidamente tendo em vista o aumento da estadia média na região. A AHP rejeita ainda a atual proposta de condicionamento da Av. da Liberdade, em Lisboa, exigindo que a associação seja ouvida neste e em outros dossiers da cidade.

[blockquote style=”1″]“O sentimento que temos é que é um facto que estamos a sentir confiança nas vendas, esta perspetiva está alinhada com a ocupação que estamos a ter nos nosso hotéis, mas não nos iludamos; se não olharmos de frente relativamente a um conjunto de constrangimentos que estamos a enfrentar, temo que este crescimento possa não ter a mesma expressão nos próximos anos”[/blockquote]

Se, por um lado, Bernardo Trindade relembra que os últimos dados económicos indicam que Portugal vai liderar o crescimento na União Europeia em 2022, o responsável recorda também que este crescimento está sustentado na atividade turística, com a hotelaria à cabeça. “O sentimento que temos é que é um facto que estamos a sentir confiança nas vendas, esta perspetiva está alinhada com a ocupação que estamos a ter nos nosso hotéis, mas não nos iludamos; se não olharmos de frente relativamente a um conjunto de constrangimentos que estamos a enfrentar, temo que este crescimento possa não ter a mesma expressão nos próximos anos”. Para o dirigente associativo, o primeiro constrangimento é o tema dos recursos humanos. “A hotelaria sempre liderou a questão dos salários na indústria turística, estamos hoje a fazê-lo de forma muito acentuada, mas sentimos que apesar de todo este esforço há um caminho que estamos a percorrer. Temos que ter respostas relativamente a este conjunto de pessoas que queremos que venham integrar as nossas unidades hoteleiras”, apontou.

[blockquote style=”1”]“se nos podemos dar ao luxo de, no período de 2022 a 2030, perder clientes, dispensar slots e uma ausência de respostas relativamente a um cliente um pouco por todo o mundo que nos quer visitar? Temos de encontrar uma solução”[/blockquote]

O segundo constrangimento está relacionado, considera, com o novo aeroporto do Montijo. “Foram colocadas dúvidas quanto às conclusões do processo da Avaliação Ambiental Estratégica, em termos muito práticos que é isso que aqui interessa, as dúvidas determinarão um atraso na conclusão e consequente abertura desta infraestrutura para um período a rondar 2030”, acredita o hoteleiro. Sendo assim, Bernardo Trindade pergunta: “se nos podemos dar ao luxo de, no período de 2022 a 2030, perder clientes, dispensar slots e uma ausência de respostas relativamente a um cliente um pouco por todo o mundo que nos quer visitar? Temos de encontrar uma solução”. Para o interlocutor, “o encontrar alternativas passa de forma muito realística por olhar para o tema dos investimentos a fazer no atual Aeroporto de Lisboa. Entendemos que é uma intervenção multidisciplinar, que envolve várias dimensões, mas que é fundamental”. Espera então o presidente da AHP que “o poder público local, percebendo aquilo que é estratégico para a cidade, seja um protagonista ativo desta reivindicação”. Continuando, o orador indica que quando fala de um projeto multidisciplinar é porque este envolve três dimensões. “O primeiro envolve a ANA Aeroportos, em que o programa de investimento vai ter de ser revisitado para que se melhorem as condições de circulação em terra, aumentar o número de estacionamentos e aumentar a qualidade da infraestrutura. Por outro lado, na circulação no ar, a NAV tem um papel muitíssimo importante. No próximo verão teremos horas em que vamos ter 120% do que tivemos em 2019, que já era uma operação muito difícil do ponto de vista de constrangimentos”, acrescenta. Para o hoteleiro tem que haver uma ação para quem tem a ambição de receber clientes em Portugal, “nomeadamente na sua grande capital”.

De acordo com o interlocutor, “há um outro aspeto que nos preocupa muito, que tem que ver com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Não é possível continuarmos a apresentar este cartão de visita a um cliente com poder de compra que quer entrar em Portugal”.

[blockquote style=”1″]“outro aspeto em que os nossos interesses coincidem (Câmara de Lisboa e hoteleiros) é o aumento da estadia em Lisboa e criarmos as condições de atratividade para podermos, face aos constrangimentos que referi, aumentar a estadia média do turista em Lisboa”[/blockquote]

Tendo em conta estes constrangimentos, o responsável aponta então baterias em outro sentido: “outro aspeto em que os nossos interesses coincidem (Câmara de Lisboa e hoteleiros) é o aumento da estadia em Lisboa e criarmos as condições de atratividade para podermos, face aos constrangimentos que referi, aumentar a estadia média do turista em Lisboa”.

Por fim, e no que diz respeito à cidade de Lisboa, o presidente da AHP mostrou-se agastado relativamente à proposta apresentada na Câmara Municipal de Lisboa relativamente ao encerramento da Avenida da Liberdade aos domingos. Indica o orador que “estamos de acordo quanto às reduções das emissões. O que não concordamos é com o processo, com a forma como tudo isto foi conduzido. A AHP não foi ouvida. Queremos ser parceiros no regulamento que vai dar corpo à aplicação desta decisão. A Associação do Turismo de Lisboa (ATL) pode ser um fórum importante sobre este tema que preocupa os hoteleiros em Lisboa. Esta decisão, uma vez implementada, deve ter os equilíbrios necessários aos seus objetivos”.

Por fim, Bernardo Trindade deixou um apelo a Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa: “Queremos ser parceiros da CML. Reunirmos por trimestre. Uma parceria em que todos ganhem, num recato de diálogo sereno”.