AHRESP aponta nove soluções para inverter falta de trabalhadores no turismo

A AHRESP propõe um pacote de nove soluções para ajudar a resolver o problema crónico da falta de profissionais para os setores da restauração, similares e do alojamento turístico. Quando as empresas já preparam o final da época alta, num cenário de incerteza devido ao aumento da inflação e das taxas de juro, a AHRESP considera urgente a adoção de medidas que atenuem o impacto da diminuição do poder de compra dos portugueses.

Se a agilização dos vistos para os imigrantes oriundos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa é de saudar, a AHRESP enumera outras medidas ainda à espera de serem acolhidas pelo Governo e pelos operadores. A saber:

  1. As empresas do Alojamento Turístico e da Restauração e Bebidas devem procurar empreender estratégias criativas para atrair e reter profissionais, que devem ir além da retribuição e que podem passar por sistemas de avaliação, práticas de reconhecimento, garantias de progressão na carreira e a uma melhor conciliação entre vida profissional e vida familiar;
  2. O valor da retribuição deverá ter sempre em consideração os ganhos de produtividade, fruto do desempenho individual do trabalhador, mas também do desempenho coletivo ao nível de toda a estrutura empregadora;
  3. Criação de um ambiente mais favorável ao funcionamento das empresas, nomeadamente por via da redução de encargos fiscais, em particular aqueles diretamente relacionados com o trabalho;
  4. Uma melhor e mais adequada gestão da organização do tempo de trabalho é um fator que gera maior produtividade, o que aumenta a disponibilidade financeira para que as empresas possam proporcionar melhores condições de trabalho;
  5. Devem promover-se iniciativas e mecanismos ao nível da dignificação e da valorização das profissões, para o que pode contribuir uma redenominação das categorias profissionais e uma adequação dos seus conteúdos funcionais, por forma a adequá-los à realidade atual e às exigências das nossas atividades;
  6. É urgente uma aposta séria e estruturada na qualificação dos trabalhadores do turismo, promovendo-se um sistema de ensino dual, complementando a aprendizagem com a experiência prática;
  7. Desenvolvimento e implementação de um programa de formação de início de carreira, de curta duração, para as categorias profissionais mais carentes de mão-de-obra qualificada e que, desta forma, facilitem o acesso à profissão. Estas formações devem ser divulgadas e promovidas junto de desempregados e de ativos de outras áreas de atividade que desejem iniciar uma carreira nas empresas de Alojamento Turístico e de Restauração e Bebidas;
  8. A imigração pode e deve ser encarada como fazendo parte da solução, desde que de forma organizada e com garantia de condições dignas, de trabalho e de vida. Para isso, o poder público deverá ainda rever os atuais mecanismos de legalização para trabalhadores por conta de outrem e de reconhecimento de habilitações, que devem ser agilizados;
  9. Elaboração de um ‘Livro Verde do Mercado do Trabalho HORECA’, para, de forma clara e precisa, se identificar as atuais carências do Mercado, quer em termos de quantidade de recursos humanos, quer em termos da sua qualificação, pois só desta forma é possível preparar as melhores e mais adequadas soluções.

Apesar da atividade turística estar com desempenhos positivos neste verão, o final da época alta vai trazer fortes desafios. Com a maioria das empresas ainda em recuperação dos impactos de dois anos de pandemia, o contexto inflacionista e a subida das taxas de juro irão provocar uma perda acrescida do poder de compra das famílias. Este é um fator de extrema relevância para a atividade nos diversos setores representados na AHRESP.

Ao longo das últimas semanas, vários Governos de toda a Europa têm reforçado as medidas de mitigação da inflação, tais como redução de impostos e atribuição de subsídios. Em Portugal, o Executivo de António Costa prometeu novos apoios às famílias e à atividade das empresas para setembro.

A AHRESP apela desde já a que as medidas de apoio a serem lançadas no próximo mês atendam às adversidades que se anteveem para o nosso setor, que ainda não recuperou da pandemia (nem se espera que tal venha a suceder ainda em 2022). As empresas do alojamento turístico e da restauração e similares não podem ficar esquecidas e devem ser contempladas nas medidas que venham a ser disponibilizadas.