AHRESP e Turismo do Centro tentam travar insolvências e ajudar à recuperação das empresas

AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e o Turismo Centro de Portugal assinaram ontem um protocolo de parceria no apoio à recuperação de empresas, no âmbito do PRE – Programa de Revitalização das Empresas. 

Carlos Moura, primeiro vice-presidente da Direção da AHRESP, afirmou que através dos inquéritos mensais que a associação tem realizado junto das empresas do setor “temos confirmado as preocupações ao longo destes meses de drama pandémico”, durante os quais se tem registado uma “retração e até ausência de consumo”, cuja retoma é lenta, acrescentando que “sem receita não há empresas”.

Segundo o responsável, os meses de verão trouxeram dois “balões de oxigénio”, que foram o turismo interno e o clima, no entanto, chega agora o outubro e com ele possivelmente uma “quebra” na taxa de ocupação e consumo. Outra mais-valia foi o facto de muitas autarquias terem permitido a “ocupação de espaços públicos”, nomeadamente para que restaurantes e bares aumentassem as suas esplanadas, transmitindo maior “confiança” ao consumidor.

Ainda assim, Carlos Moura atenta que “a restauração e bebidas estão confinadas a 50% da sua ocupação normal” e que “um terço das empresas [cerca de 120 mil] tem a intenção de requerer insolvência judicial”, valor que pode agora aumentar na época baixa. A verdade é que se verifica uma “ausência de liquidez na tesouraria” das mesmas, sentindo-se “um desespero mais acentuado na restauração e bebidas”.

O primeiro vice-presidente da Direção da AHRESP congratula o lay-off simplificado e os incentivos à retoma turística, no entanto, defende que “tudo mais é sobre-endividamento” e que são necessárias “mais medidas”, dando condições às empresas de “poder resistir às intempéries”. Acrescem, ainda, “dificuldades ao nível da interpretação da regulamentação”, que vão surgindo, como a questão da mudança sucessiva de horários de funcionamento na restauração.

Programa de Revitalização de Empresas

A AHRESP decidiu então desafiar a Moneris no sentido de criar um programa dirigido às micro, pequenas e médias empresas em três escalões de intervenção: diagnóstico, modelo de revitalização e acompanhamento. Carlos Moura adianta que o PRE – Programa de Revitalização de Empresas apresenta “formulários muito práticos” e tem um “valor muito reduzido”, na ordem dos 2.000 euros. O objetivo é disponibilizar um conjunto de ferramentas que evitem o recurso judicial de insolvência, tal como soluções de revitalização e modernização das atividades.

Na Fase 1, é realizado um Diagnóstico Empresarial e Linhas de Ação Gerais, com levantamento de informação na empresa, aplicação de um modelo de diagnóstico e definição das principais linhas de ação a desenvolver, por forma a permitir a recuperação da empresa. Na Fase 2, propõe-se um plano de recuperação económico-financeiro, com base no diagnóstico inicial. Na Fase 3, apresenta-se um modelo de recuperação e acompanhamento, com apoio no acompanhamento da implementação das mesmas medidas de ação, tanto as medidas de curto prazo (de viabilidade do negócio) como as medidas de médio-longo prazo (de sustentabilidade e adaptabilidade do negócio).

No entender de Carlos Moura, “quando começar a retoma nós precisamos de empresas e de trabalhadores especializados” pois ao contrário do que se pode pensar “estas são atividades que carecem de bons profissionais e não devemos perder este ativo”. Em suma, “é tão importante ter empresas saudáveis e a não requerer insolvência como manter os ativos que fazem do país aquilo que é aos olhos dos outros, e do mundo, como um ex-libris em matéria de turismo”.

A assinatura do protocolo deste programa com o Turismo Centro de Portugal visa a sua promoção e divulgação junto dos empresários da região. Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, assegura que “levamos muito a sério este papel de estar ao lado das empresas” e que o PRE não significa a “morte anunciada” das mesmas. No fundo, pretende ajudar numa “alteração do modelo de negócio que possa minimizar impactos”.

A AHRESP e o Turismo Centro de Portugal organizam, no próximo dia 9 de outubro, pelas 16h00, um webinar para esclarecer todas as dúvidas sobre o Programa de Revitalização de Empresas, com Pedro Neto, partner corporate finance da Moneris. O webinar será transmitido no Zoom e no Facebook.