AirHelp: Companhias aéreas evitam pagar milhões de euros prolongando tempos dos voos

Uma pesquisa realizada pela organização britânica de defesa dos consumidores, a Wich?, alguma rotas operadas por companhias como a British Airways, EasyJet, Ryanair, entre outras, estão agora até 35 minutos mais lentas do que anteriormente. Esta segundo a pesquisa, “é uma tática que permite alegar melhorias na pontualidade, assim como evitar o pagamento de compensações por atrasos”.

Estudos anteriores realizados pela Which?, assim como estatísticas de organizações especializadas em dados de viagens aéreas, como a OAG, já haviam revelado que muitas companhias aéreas têm prolongado os tempos dos voos em várias rotas.

Esta tática não só permite às companhias alegarem melhorias na sua performance como evitar em algumas circunstâncias o limite de três horas para atrasos, o qual permite aos passageiros afetados exigir compensações financeiras ao abrigo da legislação da UE.

Neste sentido a AirHelp, empresa especializada na defesa dos direitos dos passageiros aéreos e na obtenção de compensações por perturbações em voos, estudou todas as rotas em que as companhias aéreas têm vindo a prolongar os tempos dos voos. Os resultados são esclarecedores: “as transportadoras aéreas estão a evitar a obrigação de pagar milhões de euros em compensações ao recorrer a essa tática. Só este ano, conseguiram esquivar-se ao pagamento de 4 milhões de euros, ao nível global”, lê-se no comunicado enviado.

A tática de “empatar” é uma prática comum para muitas companhias aéreas. Andreas Hermansson, porta-voz da AirHelp, explica por que algumas transportadoras não receiam fazer o que for preciso para impedir que os clientes recebam as compensações a que têm direito: “Muitas companhias aéreas tentarão dificultar aos passageiros a obtenção de uma compensação elegível e a tática de prolongar os tempos dos voos é uma forma de reduzir as hipóteses de estes apresentarem a reclamação”.

Segundo o porta-voz da AirHelp, “ao longo dos últimos anos, verifica-se uma clara tendência de aumento dos montantes que as companhias têm poupado com esta tática: em 2015, foi “apenas” 1,5 milhões de euros; em 2016, foram 2 milhões de euros; em 2017, quase 4 milhões de euros; em 2018, já ultrapassou 4 milhões de euros. No total, conseguiram evitar o pagamento de mais de 11 milhões de euros em compensações”.

A AirHelp lembra assim que se as companhias aéreas forem responsáveis por atrasos superiores a três horas, cancelamentos ou recusas de embarque, terão de pagar uma compensação de até 600 euros por pessoa, de acordo com a legislação da UE. “Portanto, existem várias razões que levam qualquer empresa que pretende maximizar os seus lucros a procurar formas de evitar o pagamento de compensações”, comenta Andreas Hermansson.

“Há muito mais aviões no céu hoje em dia e isso pode originar congestionamentos e atrasos. Embora também seja verdade que as aeronaves modernas podem viajar um pouco mais devagar para consumir menos combustível, a tática de prolongar os tempos dos voos ajuda as companhias a evitarem custos extras em compensações devido a atrasos”

É por tudo isto que a AirHelp defende que “seria bem-vinda uma avaliação oficial para definir quais os tempos justos para a duração dos voos”

Problemas no voo: estes são os direitos dos passageiros

A AirHelp informa ainda no comunicado que no “caso de atrasos superiores a três horas, cancelamentos de voos ou impedimento de embarque, os passageiros podem ter direito a uma compensação até 600 € por pessoa, em determinadas circunstâncias, além do agendamento de nova viagem ou do reembolso do bilhete”. As condições para que tal aconteça determinam que o aeroporto de partida se encontre dentro da UE ou que a companhia aérea tenha sede na UE. Além disso, a razão da perturbação deve ser causada pela companhia. O direito à compensação financeira deve ser reclamado no prazo de três anos a contar da data da perturbação.

Por outro lado, circunstâncias extraordinárias como tempestades ou emergências médicas isentam as companhias da obrigação de compensar os passageiros.

Se o passageiro ficar retido no aeroporto por mais de duas horas, “as companhias aéreas também são obrigadas a fornecer refeições, bebidas, acesso a comunicações e acomodação, se necessário”, diz o comunicad