AirHelp: Crescimento do sector da aviação em risco

Mais de 8 milhões de passageiros em todo o mundo têm “direito a compensações devido a perturbações em voos, ocorridas entre janeiro e setembro de 2018”. Num nota enviada à imprensa, a AirHelp,  empresa direcionada para a defesa dos direitos dos passageiros aéreos e líder mundial na obtenção de compensações por perturbações em voos, refere que este número cresce todos os anos, acompanhando o aumento da frequência de problemas registados em voos. Para a empresa, “com a escassez internacional de pilotos e da capacidade dos aeroportos, o crescimento bem-sucedido do sector da aviação está em risco, assim como o tratamento adequado prestado aos viajantes”.

De acordo com a nota, entre janeiro e setembro deste ano “os passageiros de Portugal sofreram um número recorde de perturbações” que podem dar direito a receber compensações: um aumento de 190% em relação ao mesmo período do ano passado. Por dia, em média, 890 passageiros de Portugal sofreram perturbações em voos.

As causas mais comuns apontadas para as perturbações das companhias aéreas

Para a AirHelp, a “falta de pilotos tem contribuído cada vez mais para as perturbações registadas pelas companhias aéreas”. A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) refere que 48% dos profissionais da área de recursos humanos da aviação têm dificuldades em encontrar novos pilotos, devido a exigências salariais e a falta de candidatos. A agravar a já existente escassez na indústria, está prevista uma procura adicional de 637 mil pilotos nos próximos 20 anos.

O overtourism é outra das causas, referida na nota e considerada das “mais prementes para a ocorrência de perturbações em voos”, além das questões relacionadas com o clima. Segundo a IATA, espera-se que a procura e a frequência de viagens aumentem 3,5% anualmente e que o número de passageiros passe dos 3,8 mil milhões, registados em 2016, para mais de 8,2 mil milhões, em 2037. Com menos pilotos, as companhias aéreas não conseguem acompanhar a procura de voos e os aeroportos não têm capacidade para acomodar o fluxo de passageiros.

Como respondem as companhias aéreas aos obstáculos e perturbações

No verão passado, o sector da aviação viveu um caos extremo, em grande parte devido a “greves de trabalhadores das companhias aéreas” que originaram o “aumento de cancelamentos de voos”. Após estes episódios, “algumas companhias aéreas recusaram-se a pagar as compensações devidas aos passageiros”. Além destes cancelamentos, o “overtourism causou também sobrelotação nos aeroportos e nos voos”, lê-se na nota.

O aumento dos preços dos bilhetes e das taxas, no despacho de bagagem ou na realização de alterações nos bilhetes, por exemplo, são populares no sector. Este verão, “após a previsão da IATA relativamente à redução de 12% no lucro da indústria da aviação, algumas companhias aéreas dos EUA, incluindo a American Airlines, Delta e United Airlines, anunciaram que os passageiros deveriam preparar-se para uma subida do preço dos bilhetes”. A Ryanair implementou novas regras para o transporte de malas, que “incluem um custo para o transporte de bagagem-de-mão, em vigor desde 1 de novembro”.

O que precisa de ser feito para a indústria acompanhar o aumento do turismo

A empresa, AirHelp refere que “as viagens aéreas continuam a aumentar e, enquanto os agentes da indústria vão levar anos até tomarem medidas concertadas, as companhias aéreas devem começar já a fazer alterações para acompanharem o aumento de passageiros, sem os prejudicar”. Para acomodar melhor o número crescente de viajantes nas rotas mais populares, as companhias podem “trabalhar em estreita colaboração com empresas aeroespaciais de modo a introduzir aviões com maior capacidade, colaborar com aeroportos que podem negociar com os governos locais a permissão e financiamento para expansão de terminais e usar aviões maiores”. Por exemplo, a Saudi Arabian Airlines anunciou que usará o Boeing 777-300ER para determinadas rotas durante a época de férias para obter mais 115 lugares. Ao adotarem uma estratégia semelhante, outras companhias aéreas poderão também prestar um serviço melhor aos passageiros.

“Também os aeroportos podem introduzir melhorias, como por exemplo adicionar ou ampliar pistas para as adaptarem aos aviões maiores, assim como aperfeiçoar a gestão para lidar de forma mais eficaz com o congestionamento do tráfego aéreo. Um bom exemplo é o aeroporto de Lisboa onde, a partir de 2021, poderão começar a aterrar os aviões Airbus A380 e Boeing Dreamliner – que são atualmente as maiores aeronaves – e deverão entrar em funcionamento 42 novas portas de embarque e 28 novos lugares para estacionamento de aviões maiores”, refere a nota. Alguns aeroportos de menor dimensão estão a acrescentar terminais dedicados a voos internacionais para agilizar os processos alfandegários e melhorar os sistemas automatizados de controlo de passaportes. Isso permite um processamento mais rápido e uma experiência mais agradável aos passageiros.

“A aviação está em falta para com os passageiros e, enquanto Portugal continua a crescer como um importante destino turístico, é evidente que o sector precisa de se adaptar”, frisa Bernardo Pinto, Brand Manager e especialista em direitos dos passageiros da AirHelp.

No ano passado, o especialista recorda que Portugal “recebeu 12,7 milhões de hóspedes estrangeiros e, pela primeira vez, o número de estrangeiros ultrapassou o número da população portuguesa. Um obstáculo ao crescimento da aviação (e do turismo) no nosso país nos próximos anos pode ser a falta de capacidade de resposta do Aeroporto de Lisboa – por onde passaram no ano passado 27 milhões de passageiros (mais 18,8% do que no ano anterior) – e cuja solução de alargamento/construção de um novo aeroporto só deverá estar resolvida em 2021”.

Para Bernardo Pinto, “os aeroportos têm de atualizar as suas instalações para acomodarem o crescente número de passageiros e as companhias aéreas necessitam de se esforçar na contratação de mais pilotos de forma a dar resposta ao aumento da procura. O overtourism continuará a pressionar a indústria e, por isso, existem medidas a tomar. As companhias aéreas devem sempre colocar os seus clientes em primeiro lugar, enquanto planeiam o futuro e abordam esses problemas. Quando os obstáculos enfrentados pela indústria colocam em causa os planos dos passageiros, as companhias aéreas são obrigadas a compensá-los quando ocorrem perturbações”.

Neste sentido, “à medida que os países em todo o mundo trabalham para dar resposta às necessidades dos consumidores, a AirHelp continuará a lutar e a defender os direitos dos passageiros e a impulsionar o sector de aviação” conclui.