A AirHelp, empresa especializada na defesa dos direitos dos passageiros aéreos, realizou uma análise aos voos com partida dos principais aeroportos portugueses e concluiu que a falta de pontualidade continua elevada (a taxa de pontualidade compreende o número de voos que chegaram ao destino antes ou dentro do horário previsto ou com um atraso inferior a 15 minutos). Os dados revelam que entre 1 de janeiro e 31 de julho de 2017, cerca de 112 mil voos partiram de Portugal – no período homólogo de 2016 foram cerca de 100 mil. Apesar de a grande maioria dos voos terem cumprido o horário de chegada ao destino, a taxa de atrasos continua alta: entre os 15% e os 27%, dependendo do aeroporto de partida.
Segundo o country manager da AirHelp de Portugal e Brasil, “os atrasos nos aeroportos portugueses acontecem com mais frequência do que noutros países europeus e talvez sejam a ocorrência mais habitual”. Bernardo Pinto considera que “existe ainda uma margem larga de melhoria nesta matéria, com repercussões na vida dos passageiros, que muitas vezes passam por momentos de desgaste à espera de informações, perdem ligações, chegam tarde ao seu destino, perdem tempo de férias ou de trabalho… E o que poucos sabem é que se chegarem ao destino final com um atraso superior a três horas podem pedir uma compensação à companhia aérea”.
Apesar deste cenário, a análise da AirHelp também revela boas notícias, nomeadamente a melhoria da performance em alguns dos principais aeroportos portugueses. “Em geral, a pontualidade melhorou ou manteve-se e queremos sublinhar esse esforço”, refere Bernardo Pinto. E destaca os aeroportos do Porto e de Faro, “que melhoraram em quatro pontos percentuais a média de pontualidade nos últimos sete meses”.
Pontualidade nos principais aeroportos
Na análise da AirHelp, além do aumento do número de partidas nos principais aeroportos portugueses, verifica-se uma melhoria na taxa de pontualidade dos voos que saem dos aeroportos do Porto e de Faro.
O aeroporto da Madeira manteve o desempenho, enquanto Lisboa baixou a performance neste parâmetro: em média, 27% dos voos que partem do aeroporto de Lisboa chegam ao destino com atraso. No caso do aeroporto de Faro – o mais pontual –, apesar da recuperação, 15% dos voos ainda registam atrasos no destino.
“As taxas de pontualidade dos aeroportos portugueses estão em linha com as de alguns dos principais e mais movimentados aeroportos da Europa, que apresentam números bastante superiores relativamente a partidas, quando comparados com os aeroportos de Portugal”, afirma o Country Manager da AirHelp de Portugal e Brasil.
Entre os maiores aeroportos europeus, o de Madrid (Barajas) surge como o mais pontual, com uma taxa média de sucesso equivalente à do Aeroporto Francisco Sá Carneiro – ainda assim, 18% dos voos não cumprem o horário previsto de chegada. O aeroporto de Paris (Charles de Gaulle) apresenta a taxa de pontualidade mais baixa, equivalente à do aeroporto de Lisboa.
O melhor e o pior dia para viajar
Segundo os dados recolhidos pela AirHelp, a taxa de pontualidade dos voos que partem de Portugal é mais elevada à segunda-feira (80% dos voos chegam ao destino dentro do horário previsto). Por outro lado, quinta-feira parece ser o dia mais propício a perturbações – mais de um quarto dos voos (26%) chegam ao destino com atraso.
O pior horário para viajar é ao princípio da tarde – 28% dos voos que partem entre as 12h00 e as 15h59 aterram fora de horas. Quem pretende mesmo chegar a horas ao destino, o melhor é marcar viagem com partida à noite ou de madrugada. O melhor período do dia para viajar é no horário 22h00/05h59 que surge no topo da pontualidade, com uma taxa de sucesso de 81%.
Os principais destinos
Segundo os dados da AirHelp, nos primeiros sete meses de 2017, os principais destinos de voo com partida de Portugal foram outros países europeus. Olhando para as primeiras 10 posições do top 100, encontram-se vários destinos portugueses, Madrid, Paris, Londres, Genebra e Amesterdão. No final do ranking, estão destinos como Dubai, Miami, Acra e Vigo.
A AirHelp fundamenta esta análise numa base de dados própria, a maior do mundo, onde estão registadas todas as ocorrências em voos nos últimos anos. Esta base reúne informações de várias fontes fidedignas, o que permite à empresa ter acesso a um panorama preciso e em tempo real das perturbações ocorridas em todo o mundo, das circunstâncias que as provocaram e da probabilidade de novas ocorrências.
Todos os voos com origem num aeroporto da UE estão protegidos pelo regulamento (CE) n.º 261/2004, qualquer que seja a companhia aérea ou o destino, o que significa que os passageiros têm direito a receber compensações quando os voos são afetados por perturbações. Voos provenientes de fora da Europa com destino a um aeroporto europeu apenas estão protegidos caso o passageiro voe com uma companhia europeia.
Passageiros afetados nos últimos três anos podem ser compensados
De acordo com os dados da Airhelp, todos os anos, mais de oito milhões de passageiros aéreos têm direito a uma compensação por atrasos, cancelamentos ou voos sobrelotados, mas apenas 2% conhecem os seus direitos e avançam com uma reclamação. Isto significa que cerca de 2,3 mil milhões de euros ficam por reembolsar anualmente.
Bernardo Pinto afirma: “Em Portugal, como na maioria dos países, muitos passageiros não fazem ideia de que podem ser compensados pelas companhias aéreas no caso de atrasos ou cancelamentos dos voos – sem necessidade de seguros e sem terem de pagar mais. Nem têm conhecimento dos seus direitos quanto um voo chega com atraso, está sobrelotado ou se o passageiro for impedido de embarcar por alguma situação a que é alheio”.
O regulamento (CE) n.º 261/2004 estipula que os passageiros aéreos devem ser compensados financeiramente em situações de cancelamento do voo, sobrelotação ou caso o voo chegue ao destino com um atraso igual ou superior a três horas face ao previsto. O valor das compensações pode variar entre 125 € e 600 € por passageiro, consoante a distância do voo, a causa do atraso e o número de horas em atraso na chegada. O Country Manager da AirHelp dá o exemplo: “Se o voo atrasar mais de cinco horas, o passageiro pode desistir de viajar, marcar outra viagem, tem direito a reembolso da totalidade do valor do bilhete (independentemente da tarifa) e não perde o direito a pedir uma compensação até 600 €”.
No caso da referida análise à pontualidade dos voos com partida de Portugal, independentemente das causas, a AirHelp aconselha os passageiros a verificarem se o seu voo está em situação elegível para que tenham direito a uma compensação. É possível fazer a consulta dos voos elegíveis diretamente e sem custos no site www.airhelp.pt ou na app da AirHelp – a oportunidade de compensação é válida para voos afetados nos últimos três anos.
Caso o voo seja elegível, os passageiros afetados devem insistir no direito a receber uma compensação ao abrigo do regulamento (CE) n.º 261/2004 – poderão fazê-lo por meios próprios ou recorrer à AirHelp, que, desde 2013 em Portugal, já ajudou quase 40 mil passageiros a receberem compensações por atrasos de voos e outras situações previstas na lei.
Bernardo Pinto sublinha que “os passageiros podem ser compensados monetariamente, independentemente de os voos serem realizados por companhias low-cost ou convencionais, de ser um voo caro ou barato”. Por isso, aconselha os passageiros a registarem sempre a hora de chegada ao destino, assim como a guardarem os bilhetes eletrónicos para terem direito à compensação.
Exceções
A lei prevê, no entanto, exceções ao direito de compensação dos passageiros quando os atrasos ou cancelamentos de voos se devem a situações de emergências médicas, greves, condições meteorológicas adversas, restrições para controlo do tráfego aéreo, eventos com a categoria de «força maior», como guerras/motins e desastres naturais. No entanto, o Country Manager da AirHelp lembra que «mesmo no âmbito destas exceções, as companhias aéreas não ficam isentas de prestar assistência aos passageiros: sempre que um passageiro tem de esperar devido a atrasos de voo, as companhias são obrigadas, por lei, a prestar assistência de alimentação, comunicações e até alojamento, se for necessário, pelo que os passageiros devem exigir às companhias que cubram estes custos».
Em Portugal, a maior parte das reclamações apresentadas pela AirHelp em representação dos passageiros são resolvidas diretamente com as companhias aéreas, sem necessidade de recurso a Tribunal.