A Entidade Regional de Turismo do Alentejo e a Vila Galé uniram esforços para promover a região em Lisboa num evento que junta tradição, cultura e gastronomia alentejana. “Alentejo de Corpo e Alma em Lisboa” é o nome do evento, que decorre desde ontem até o próximo domingo, dia 23 de junho, no Vila Galé Ópera. José Santos, presidente da ERT-Alentejo, esteve ontem com a imprensa num almoço nesta unidade hoteleira para apresentar os principais pontos desta iniciativa inovadora, a qual gostaria de ver replicada ainda este ano mas mais a norte do país, e com outros grupos hoteleiros.
Porquê Lisboa? O responsável não hesita em explicar: “A Área Metropolitana de Lisboa representa praticamente metade do nosso target em termos de mercado nacional, é aqui que estão as famílias, que são também, dentro do segmento de procura, aquele que mais utiliza a nossa hotelaria, os nossos restaurantes e visita os nossos monumentos”. E acrescenta: “Estarmos aqui, no Vila Galé Ópera, nestes quatro dias com a cultura, património, artesanato, é uma forma de continuarmos a mostrar aos portugueses que o Alentejo é a melhor região para passar férias”.
José Santos recorda ainda que, em 2023, o destino foi aquele que mais cresceu em termos de mercado interno – +7,3% – quando a média nacional de crescimento foi de 2,1%. “Este ano, temos o desafio de continuar a crescer”, admite, assinalando que a região está, até à data, com o mesmo número de dormidas de portugueses do que no mesmo período do ano passado. “Este é um evento onde vamos mostrar e relembrar aos portugueses que o destino preferido deles é o Alentejo”, sublinhou.
O primeiro dia deste evento teve lugar ontem, com um momento onde estiveram presentes, no Vila Galé Ópera, 18 empresas de animação e enoturismo para divulgarem a sua oferta no Alentejo. Operadores turísticos, agências de viagens e DMCs tiveram a oportunidade de conhecer a oferta turística da região, através de reuniões one-to-one com empresários locais. Nesta iniciativa marcaram presença também grupos de Cante Alentejano e artesãos de diferentes ofícios, como a Olaria de Nisa e a confeção de capotes de Évora. Foram mobilizados cerca de 46 buyers, numa parceria com o grupo hoteleiro português.
Além do workshop, teve ainda lugar um jantar no qual estiveram presentes os operadores e diversas personalidades ligadas à região do Alentejo, bem como o secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, e Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal.
Nos restantes dias, o público será chamado a experimentar a gastronomia alentejana num jantar tradicional que terá lugar sexta, sábado e domingo, no Vila Galé Ópera.
Pedro Ribeiro, diretor de Marketing e Vendas da Vila Galé, fez questão de frisar a importância desta iniciativa para a cadeia hoteleira, que conta com seis unidades no Alentejo num total de cerca de 1000 camas, o que a posiciona como a maior rede de hotéis na região. E estando o mercado português no ADN da Vila Galé desde sempre, o responsável explica que faz todo o sentido estar envolvido neste evento. “Temos seis unidades na região, três das quais em Beja, na Herdade de Santa Vitória, e ainda em Elvas, Alter do Chão e Évora. Além disso, também nos distinguimos pela forte aposta na gastronomia, privilegiando sempre os sabores regionais, porque acreditamos que
dessa forma conseguimos enriquecer a experiência de quem nos visita e divulgamos o que é genuíno e realmente português. Aliás, temos até a nossa própria produção de vinhos e azeites no Alentejo”, resumiu.
Outras iniciativas no terreno
Mas esta não é a única iniciativa que o Alentejo tem em marcha. José Santos explicou à Ambitur.pt que estão já no terreno os Roteiros de Investimento, integrados por cinco municípios do Alentejo e Ribatejo – Alpiarça, Santarém, Avis, Campo Maior e Portalegre – com o objetivo de apoiar a criação de novos alojamentos turísticos nestes concelhos. Recorrendo a uma equipa de consultores, “estamos a procurar junto dessas câmaras criar condições para atrair investidores, identificando imóveis”, disse. E recorda que se trata de uma aposta fundamental pois 60% da procura turística do Alentejo está atualmente concentrada em menos de 10 concelhos, pelo que se torna importante equilibrar a distribuição da oferta por todo o território.
Por outro lado, a ERT-Alentejo contratou a neoturis para ajudar na criação de um documento operacional para abordar três temas que devem ser discutidos “de forma séria”, indicou José Santos. Em primeiro lugar, o modelo de crescimento do litoral alentejano, e aqui o responsável lembrou que “há hoteleiros que fazem mais de 800 km por dia com carrinhas para transportarem os seus funcionários”, tornando-se essencial repensar oportunidades para o litoral alentejano, muito no eixo Tróia-Melides. Em segundo lugar, a afirmação do destino Alqueva, “uma eterna promessa de um novo destino adiado”. E, por fim, o Aeroporto de Beja, que segundo o responsável “uma questão sempre discutida por quem nada percebe de aviação ou de turismo” e para o qual deve ser encontrada uma nova função.
Por Inês Gromicho