Alentejo na Fitur: “Hoje somos uma marca no mercado espanhol”

O Alentejo apresentou-se mais uma vez, através da Agência Regional de Promoção Turística (ARPT) e dos seus associados, no mercado espanhol, em concreto em Madrid, na FITUR, um dos principais certames turísticos de Espanha. Para o presidente da Agência, Vítor Silva, “hoje somos uma marca no mercado espanhol, hoje não vimos cá explicar o que é a região, coisa que há alguns anos atrás não acontecia”. O mercado espanhol representa 20% do volume do dos turistas externos para o Alentejo, sendo o primeiro. Para Vítor Silva o grande objetivo da ARPT é aumentar o volume do mercado externo e que o espanhol acompanhe essa quota de mercado. “Vamos fechar 2023 com cerca de 200 mil dormidas do mercado espanhol. Ainda não há muito tempo fizemos uma festa quando passámos as 100 mil dormidas”, complementa o entrevistado, em declarações em Madrid. Reconhece no entanto o responsável que “precisamos de conhecer melhor o mercado, não temos um observatório que nos permita saber as origens dos hóspedes dentro de Espanha e o que elas pretendem efetivamente”. Na mesma linha, o vice-presidente da ARPT, António Costa da Silva, indica que necessitamos por exemplo de saber “o que procuram os turistas de Madrid na nossa região”. António Lacerda, presidente-executivo da Agência, adiante que algo irá mudar para breve: “A Espanha não é una, existem várias Espanhas, dentro de 15 dias vamos ter mais informação concreta sobre quem procura o Alentejo, através das OTAs, que será trabalhada”.

Ao nível global dos mercados estrangeiros, o Alentejo regista um aumento nas receitas em 2023 em torno dos 48% e de 33,6% no RevPar, face a 2022.

Relativamente a 2024, indica António Lacerda que “remetemos aos objetivos da Estratégia de Turismo 2027 que é um crescimento de 7%, claro que queremos atingir pelo menos o dobro, mas esse é o indicador oficial”. “Trabalhamos para o melhor número possível”, enfatiza Vítor Silva, presidente da Agência. De acordo com o responsável, “40% do nosso orçamento para a promoção dirige-se ao mercado espanhol, sem contar com candidaturas financeiras e de apoio que desenvolvemos. Da contratualização com o Turismo de Portugal resulta um (montante global) de cerca de 900 mil euros”. Mas este montante poderá crescer em breve, através de uma candidatura com a Entidade Regional Turística do Alentejo (ERTA) para o mercado espanhol, onde esta tem competências. “Apresentámos uma candidatura ao Sistema de Incentivo a Ações Coletivas – SIAC, um programa complementar de promoção para Espanha, onde somos co-autores. A Entidade Regional do Turismo do Alentejo tem competências sobre as regiões transfronteiriças, nós atuamos nestas regiões, assim articulamos a ação. O valor da candidatura é de 1 milhão de euros para dois anos de investimento global. O quer dizer que o orçamento da Agência para o mercado espanhol crescerá por esta via em 250 mil euros”, indica Vítor Silva.

António Lacerda, presidente executivo, descrimina o Plano de ações no mercado espanhol de forma sintética: “trabalho com influenciadores da cultura, arte e deporto que são capazes de fazer opinião sobre o Alentejo, de forma a posicionar a região como um destino a que vão as pessoas com bom gosto; promover eventos em Espanha a propósito de nichos específicos que o Alentejo tem para oferecer, de forma a atingir nichos de público-alvo previamente identificados; uma linha de ação especial vai ser dedicada a Évora capital da cultura em 2027; ao nível da comunicação temos dois canais principais, sendo um de nichos”.

As declarações dos responsáveis foram recolhidas por ambitur.pt no âmbito da FITUR, sob o evento Vítor Silva considera que “A FITUR foi uma afirmação da potência turística de Portugal para o mercado espanhol”. Por seu lado, o vice-presidente da ARPT, António Costa da Silva acrescenta que “este ano houve a inteligência de uma melhor organização do espaço de Portugal. A concentração daquilo que era a dispersão de marcas autónomas (municípios e comunidades intermunicipais) pelo certame no espaço contratualizado pelo Turismo de Portugal e ERTs, reforça a marca Portugal. Mostra uma inteligência de parte a parte”.

Quanto aos associados da Agência de Promoção Turística, que são empresas turísticas da região, o vice-presidente indica que: “O nosso objetivo é que as nossas empresas venham mais connosco. Esse é o desafio. Fazer promoção externa é cara, todos sabem isso, mas é importante que as empresas percebam a dinâmica do que está a acontecer, não é ficar na expectativa do mercado. Eles são informados permanentemente de tudo. Quando olhamos para os números e para a dimensão do mercado espanhol, há muito para crescer”. Acrescenta Vítor Silva a este propósito que “o turismo é uma atividade económica, se não há negócio não há turismo”.

Por Pedro Chenrim, na FITUR, em Madrid