O Alentejo foi o destino do mês de junho na Ambitur.pt. Num roteiro de cinco dias pela região do baixo, norte e centro deste vasto território, pudemos conhecer melhor as histórias e “estórias” de projetos, imóveis, centros interpretativos, lugares de “culto” aos vinhos e à boa gastronomia alentejanos, sempre contadas pelos próprios, por quem ali vive e melhor do que ninguém sabe do que está a falar.

Hoje terminamos a nossa viagem pelo Alentejo, e terminamos da melhor maneira possível: na casa-mãe do cavalo puro-sangue lusitano em Portugal onde, em 2020, em plena pandemia de Covid-19, Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Grupo Vila Galé, se inspirou na arte equestre para dar uma nova vida a espaços outrora abandonados. Assim nasce o Vila Galé Collection Alter Real, localizado na Herdade da Tapada do Arneiro, em Alter do Chão, um dos primeiros projetos turísticos a ser concretizado no âmbito do Programa Revive.
Rui Parada, diretor do hotel, acompanha-nos numa visita a esta unidade e é com orgulho que afirma: “Foi uma obra incrível de recuperação”. Na verdade, todos os edifícios que hoje existem são os mesmos que existiam antes, mas totalmente restaurados. A única obra nova foi a construção da piscina interior com cobertura.
No imóvel onde hoje funciona a receção, era antigamente a casa de campo de D. João V, e hoje é aqui que podemos ficar hospedados na Suite com o mesmo nome. No total, o hotel conta com uma oferta de 78 quartos, onde se incluem duas suites.
Erguer um hotel num espaço cujo fim nunca fora esse terá sido um desafio, mas com toda a certeza, bem conseguido. Algo ao qual a Vila Galé já nos vem habituando.
E num mesmo projeto quase que podemos ver hoje dois conceitos diferentes, que se complementam, com a ala do Solar Lusitano a funcionar com 44 quartos, sobretudo pensada para agradar as famílias com crianças, razão pela qual é aí que está instalado o Clube Nep, escorregas e piscinas infantis.
Já perto da zona de entrada, em frente ao restaurante, a piscina exterior convida a uns mergulhos nos dias quentes do Alentejo, e para fugir ao calor as sombras das oliveiras em muito contribuem, trazendo um ar de frescura e conforto a este espaço. Do outro lado da piscina, onde antes existiam boxes para os cavalos que iam a leilão, funcionam hoje quartos que, para não esquecer o seu passado, conservam as portas com ferrolhos.
Ao nível da gastronomia, o Restaurante Inevitável funciona com produtos regionais desde o pequeno-almoço, ao almoço e jantar. Os hóspedes têm ainda à sua disposição o Bar Fidelio e, na piscina, o Bar Splash.
Para relaxar, o Spa Satsanga é o lugar ideal para um “banho de tranquilidade”.
Na Herdade, funciona ainda a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural e Agrícola de Alter do Chão (EPDRAC), com cursos de equitação ou agricultura, e com a qual a Vila Galé tem uma parceria, sendo possível assistir a apresentações equestres e ao maneio diário dos cavalos feitos pelos alunos.
Há ainda lugar para uma unidade clínica da Universidade de Évora, que assiste e acompanha todos os cavalos da Coudelaria. E num pequeno edifício o Instituto Nacional da Conservação da Natureza faz o registo de todos os cavalos de raça Lusitana, um “património único”, garante-nos o diretor do hotel.
E terminamos na Coudelaria de Alter, por muitos considerada a mais antiga do mundo a funcionar ininterruptamente no mesmo local, desde 2013 gerida pela Companhia das Lezírias, e que faz criação, maneio, preparação destes animais, que são depois usados para as forças de defesa da GNR ou para ser leiloados no mítico leilão anual da Coudelaria de Alter, a 24 de abril.
Se ao longo de todo o hotel é possível ver elementos equestres que inspiraram a decoração, a ligação ao cavalo lusitano não se fica por aqui. Até porque, sublinha Rui Parada, a hotelaria hoje está diferente, “não é a hotelaria do conhecer, mas sim da experiência”.
Por isso, o hóspede que queira sentir o ambiente dos cavalos lusitanos de Alter Real pode observá-los no campo ou em trabalho, começando depois pela experiência mais simples, a do batismo a cavalo, ou mais avançada, através de uma aula de volteio ou de sela, ou mesmo de um passeio pelo campo. Para quem não tem tanta audácia, pode escolher um passeio de charrete.
Além disso, a própria Coudelaria dispõe de um programa de visitação, com tours guiados que contam a história deste espaço e revelam as atividades dos cavalos, cavaleiros, veterinários e tratadores, enquanto se percorrem espaços como o Pátio das Éguas, o Pátio D. João VI, as Cavalariças dos Garanhões e a Casa dos Trens.
De terça a sexta-feira, é possível assistir à saída da eguada, um momento muito procurado pelos visitantes que podem ver de perto, e fotografar, as cerca de 60 éguas que partem, entre as 15H30 e as 16H00, para a pastagem, onde passam a noite, muitas vezes acompanhadas pelos poldros recém-nascidos. Em sentido inverno, nos mesmos dias, pode-se assistir à chegada das éguas à Coudelaria, entre as 10H00 e as 11H00. “Este é o maior património da Coudelaria”, assegura Rui Parada, explicando que são 66 éguas que todos os anos têm o seu ciclo de reprodução assistida, permanecendo com os poldros entre janeiro e setembro que, em dezembro, são soltos em liberdade durante quatro anos, depois de ferrados com a marca Alter Real, iniciando-se posteriormente o seu ciclo de trabalho com os cavaleiros da Escola Equestre.
A Coudelaria foi, em tempos, uma grande casa agrícola, e Rui Parada leva-nos a outro espaço que também merece a visita dos hóspedes, um lagar de azeite tradicional, hoje uma sala para provas e para se conhecer um pouco melhor como se fazia o azeite.
Também visitável é a Falcoaria, que hoje também está sob a alçada do Grupo Vila Galé e que se transformou num museu com informações sobre as aves de presa, treino e equipagem.
Tudo para garantir que os hóspedes partam com experiências que não vão esquecer e vão poder contar aos seus familiares e amigos, e quem sabe, um dia queiram voltar para explorar a herdade e os seus recantos.