ALEP: cancelamentos e quebra nas reservas do AL exigem reforço urgente das medidas de apoio

Dezembro voltou a ser um mês dramático em termos de cancelamentos no alojamento local. Foi similar à vaga de junho/julho, mas com a agravante de os cancelamentos se terem concentrado maioritariamente nas poucas semanas onde há movimento no Inverno: Natal e Ano Novo, refere em comunicado a ALEP.

Em alguns dos principais destinos como Lisboa, Porto e Madeira, em média, 1/3 das reservas foram canceladas em dezembro. Se se tiver em conta apenas o período mais importante (Natal e Ano Novo), o impacto foi ainda mais duro, chegando a atingir os 40% das reservas.

A agravar a situação, as reservas registam também um abrandamento muito significativo, com a maioria dos alojamentos com os calendários de janeiro e fevereiro quase vazios.

A ALEP não questiona o mérito das medidas de restrição, pois é uma decisão que cabe às autoridades competentes. Mas afirma que é inegável que este período de retrocesso da crise pandémica gerou um forte impacto económico e que a expetativa para este inverno é muito negativa para o setor. O Natal e Ano Novo eram a esperança da maioria dos operadores para obter algum balão de oxigénio. Sem isso, é inevitável o reforço dos apoios para permitir chegar à primavera, quando todos esperam que finalmente a retoma reinicie com alguma estabilidade.

“Sabemos agora que com a vacinação estamos quase a ver uma luz no fundo do túnel de regresso a alguma normalidade a seguir à primavera, mas o «quase» agora é crítico. Significa que os empresários têm que resistir até lá, só que depois de dois anos em crise profunda muitos não vão conseguir sobreviver estes próximos meses sem apoio”, alerta Eduardo Miranda, presidente da ALEP (Associação do Alojamento Local em Portugal).

A associação apela a que, nesta fase de eleição e transição política, as atividades mais afetadas não sejam deixadas à sua sorte, sem apoios nesta reta final de crise.

Tendo em conta o atual cenário, a ALEP acredita que o mais realista para dar resposta rápida necessária nesta fase é reforçar os instrumentos que já estão em funcionamento:

• Para os micro e pequenos empresários, incluindo ENI, a ALEP defende o reforço da linha de Tesouraria do Turismo de Portugal, mas obrigatoriamente com uma componente de fundo perdido como já aconteceu no passado.

• Para as empresas, a continuidade de programas como a retoma progressiva em 2022 vai ser fundamental para manter o emprego.

• Finalmente, é preciso pensar um pouco mais à frente e adiar o início do reembolso dos empréstimos das linhas de apoio, na maioria agendado para junho de 2022. Para a ALEP é fundamental adiar o período de carência do reinício dos reembolsos por pelo menos mais um ano e sempre a seguir ao verão.

“Pedir aos operadores, depois de dois anos ou mais de crise profunda, que comecem a pagar os empréstimos mesmo antes da temporada de verão será inviável e vamos ter outro problema de tesouraria”, reforça Eduardo Miranda.

Os dados de reservas e cancelamentos têm como fonte o projeto Locall Data de monitorização dos indicadores do AL, uma parceria da ALEP com a Bloomer Analytics.