Algarve aposta no turismo de natureza com os “trunfos naturais” da região

O verão está à espreita e o Algarve prepara-se para receber, da melhor forma, os milhares de turistas que procuram as suas praias. Mas a estratégia da Região de Turismo do Algarve (RTA) é deixar o sol e praia, e rumar a um Algarve ainda desconhecido, o do barrocal e da serra. João Fernandes, presidente da RTA, espera que os “trunfos naturais” da região sejam mais que suficientes para atrair visitantes o ano inteiro.

João Fernandes, presidente da RTA

Em entrevista exclusiva à Ambitur.pt, João Fernandes afirma que este será “um verão a acompanhar com maior atenção”, embora não sejam esperados impactos significativos do Brexit graças ao reforço promocional e às ligações aéreas recentemente desenvolvidas pela região. O Algarve ambiciona conquistar novos mercados na Europa como França e Itália – que o ano passado registou um crescimento acima de 200% no volume de passageiros no aeroporto de Faro – e irá apostar em mercados emergentes como o Brasil, EUA e Canadá.

O grande desafio é a sustentabilidade do destino e para isso é necessário “investirmos em conhecimento”. Assim, a RTA lançou este ano o Observatório para o Turismo Sustentável, com o objetivo de monitorizar o desempenho turístico do Algarve nas diversas áreas da sustentabilidade económica, social e ambiental.

Ainda assim, o presidente da RTA assegura: “Além dos nossos trunfos naturais, temos fatores de qualidade, segurança e autenticidade que nos distinguem e que nos ajudarão a manter a época alta como a conhecemos: precisamente alta.”

Os trunfos naturais do Algarve

A aposta no turismo de natureza “surge de uma forma muito natural, dado o enorme potencial do Algarve” e insere-se numa estratégia de diversificação da oferta turística, juntamente com o turismo náutico, a cultura, gastronomia e vinhos, e produtos corporate integrados no MICE.

É que “a riqueza da região não se esgota” no sol e praia, com o Algarve a ser considerado o Melhor Destino de Praia da Europa, pelos World Travel Awards. Há também um “Algarve menos conhecido mas com igual riqueza” que é barrocal e serra. Este, conta com verdadeiros tesouros naturais como o Parque Natural da Ria Formosa, a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António e o Parque Natural da Costa Vicentina.

Desta forma, a RTA tem criado e desenvolvido projetos como o “Algarve Natural” através do qual será editado um novo “Guia de Percursos Pedestres” e pela primeira vez um “Guia de Turismo de Natureza Júnior” e “Algarve, eventos âncora de turismo de natureza” que agrega um calendário de eventos de turismo de natureza que decorem em áreas de baixa densidade e fora da época balnear.

O presidente da RTA, desafiado a destacar dois eventos, considera “imperdíveis” o “Algarve Nature Fest”, de 20 a 22 de setembro, em Olhão, um festival inteiramente dedicado ao turismo de natureza e com atividades gratuitas tais como caminhadas, BTT, batismo de mergulho e birdwatching, e o percurso dos Sete Vales Suspensos de Lagoa – entre a Praia de Vale Centeanes e a Praia da Marinha – eleito “O Melhor Destino para Caminhadas da Europa” pelo European Best Destinations.

“Arrisco ainda destacar qualquer uma das áreas protegidas do Algarve para um bom passeio, fora da hora de maior calor e sempre com boa hidratação e proteção solar”, deixa a sugestão.

Algarve, um destino seguro apesar dos incêndios

João Fernandes tem consciência de que “as questões de segurança e bem-estar são fatores fundamentais para a escolha de um destino de férias”, pelo que é crucial “fazer da região um dos locais turísticos mais seguros do mundo”.

Nesse sentido, a RTA tem vindo a desenvolver um conjunto de ações de sensibilização para a promoção da segurança, proteção e bem-estar de residentes e turistas — como o Seminário “Algarve, um destino seguro” e a Conferência “Turismo – Responder aos efeitos das alterações climáticas e dos eventos de elevado impacto”.

“A maioria dos países do mundo enfrenta vários desafios provocados pelas alterações climáticas”, reflete o presidente, nomeadamente grandes incêndios que se sucedem tanto em Portugal, como na Suécia, Califórnia ou Grécia. Mas a tendência é que “os destinos recuperam a médio e longo prazo” dependendo da sua capacidade de gestão de crise.

No caso de Monchique “o que foi conseguido permitirá uma rápida recuperação”, garante o responsável. O projeto “Revitalizar Monchique” vem fortalecer a atratividade turística da região, tendo sido já feito um levantamento das condições para o turismo de natureza e a Associação Almargem encetou uma ação de voluntariado para recuperar alguma da sinalização da Via Algarviana. A zona das Termas entretanto foi renovada. Além disso, a outra iniciativa “Renaturalizar Monchique” irá reflorestar a serra com o apoio da Ryanair.

No entanto, é importante estar alerta pois “seríamos inocentes se considerássemos que, no curto prazo, os episódios de catástrofe natural não produzem impacto nas decisões dos turistas”.