Alojamento local com mais de 50 mil reservas canceladas nas últimas semanas

A ALEP – Associação do Alojamento Local veio alertar para a “situação dramática a que o setor regressou” e afirma, em comunicado, que “se os apoios não forem revistos com urgência, será difícil as empresas e empresários resistirem a mais um verão quase sem turismo depois d eum ano sem receitas”.

Na mesma nota, a associação dá conta de que as restrições colocadas a Portugal pelo aumento de casos, agravadas pela associação à nova variante Delta, gerou uma nova vaga de cancelamentos “nunca antes vista”. Os níveis de cancelamentos de reservas no alojamento local atingiram, em junho de 2021, os valores mais altos dos últimos 12 meses. Nas últimas semanas, 50.000 reservas foram canceladas.

O passado domingo, 27 de junho, (dia em que Portugal entrou na lista vermelha da Alemanha) e o dia 4 de junho (dia em que saiu da lista verde do Reino Unido), foram os dois piores dias de sempre em termos de cancelamentos. Só no domingo foram canceladas 3.000 reservas, muitas da Alemanha.

A título de exemplo, no Algarve, o número de cancelamentos foi tão grande quanto o número de reservas. “É um cenário muito negro e desanimador, tendo em conta que estamos já no verão”, alerta a associação.

“Tem sido uma montanha-russa de sobe e desce que se altera em poucas semanas. Em maio, com a entrada na lista verde do Reino Unido sentimos de imediato uma esperança de um verão aceitável com um ressurgimento das reservas. Agora, cerca de um mês depois, o cenário inverte-se e temos o verão praticamente comprometido que arrisca ser pior ainda que o do ano passado”, afirma Eduardo Miranda, presidente da ALEP.

O responsável acrescenta que “o problema não são apenas os cancelamentos que colocam a perder o que se conseguiu em maio, mas acima de tudo a quebra de reservas que caiu para menos da metade com tendência à medida que Portugal é classificado internacionalmente como um destino de risco da nova variante. A combinação destes dois fatores é bombástica. Junho acabou por se mostrar um fracasso, julho está perdido com os cancelamentos e agosto pode estar comprometido, pois estas vagas levam semanas a serem controladas. Sinceramente, as perspetivas não são nada boas. Tememos pelo futuro não só do alojamento local, mas do turismo como um todo. Suportar um ano quase sem faturação é um esforço quase desumano, mas perder dois verões seguidos torna a situação quase impossível de resistir sem apoios”.
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A ALEP explica ainda que ” se não houver um novo balão de oxigênio de imediato e com fundo perdido, o setor não vão resistir”. E lembra que, com este novo cenário negativo, há muitos operadores ainda com quebra de faturação elevadas, na maioria microempresários. Pelo que defende que “é urgente reativar para estes grupos mais fragilizados, programas com fundo perdido do género do Apoiar ou algo similar para ajudar a suportar esta nova quebra. Mesmo o apoio a Tesouraria das Micro e Pequenas do Turismo de Portugal, que teve o fundo perdido cortado em Maio, precisa ser retomado com efeitos retroativos, pois apesar de os empresários estarem já muito endividados, ainda há quem precise de apoio a Tesouraria e a banca fechou a porta ao Turismo”.