Francisco Seixas da Costa, embaixador e docente universário, chamou a atenção, esta manhã, no painel “Olhar o Presente do turismo – Desafios e tensões/capacidade de carga turística” do Congresso da AHP, para a importância da regulação do setor do turismo. Na opinião de Francisco Seixas da Costa, “o turismo está um bocadinho hoje como a sociologia estava há uns anos, todos têm uma opinião. Mas na realidade isto é uma industria complexa”. Afirmando não ser um “grande fã da liberalização excessiva”, o responsável afirmou que, para si, “a regulação é fundamental”. No que toca ao alojamento local, por exemplo, a liberalização traduz “uma concorrência desleal para aqueles que investem”. “É muito importante que haja uma regulação e padronização, e que não haja dumpings que possam por em causa a indústria tradicional”.
Também Amancio López, presidente do grupo Hotusa, criticou a falta de regulação do alojamento local, que também em Espanha tem tido nos últimos anos “um boom” e alertou para a necessidade dos destinos terem de decidir em que patamar de referência se querem posicionar e “qual o modelo que querem seguir”. “Temos que saber se queremos um tipo de turismo que cria riqueza e emprego, um turismo de qualidade, ou se queremos um turismo que não cria riqueza. Os dois são incompatíveis”.
Seixas da Costa chamou ainda a atenção para a participação de Portugal no debate sobre as fronteiras e a “livre circulação na Europa”. Segundo o responsável, “o setor do turismo deveria estar muito preocupado e atento relativamente à posição de portuguesa neste debate”. “Nós somos um país periférico e em que a livre circulação é fundamental. Independentemente de termos de pensar nas questões de segurança, eu creio que temos que estar muito atentos”, pois as alterações poderão limitar os fluxos turísticos. No que respeita à questão da segurança, o responsável chamou a atenção para o facto de “o turismo não ser uma necessidade vital”, o que faz com que o cidadão seja muito sensível e que, “perante a mínima imagem perturbadora de insegurança, deixem de ir a um certo destino”.
Sobre a sobrecarga de determinados monumentos que é hoje uma realidade em Portugal, António Lamas, presidente do CCB, afirmou que estão a ser desenhadas algumas estratégias. “A carga limite é um programa diário sazonal. O Palácio da Pena tem esse problema, durante uma semana, em agosto, tem de limitar o fluxo de turistas que entra”, afirmou o responsável, acrescentando que “o grande esforço que procurámos fazer em Sintra, e que vamos fazer em Belém, é conseguir que haja melhor distribuição, uma boa relação com os agentes turísticos que permite que estes não ofereçam unicamente os pólos mais atraentes”.