Amadeus Portugal defende que um dos motores do NDC é a personalização

A 2ª edição do Amadeus Technology & Innovation Forum, que decorreu no dia 29 de maio, no Planetário Calouste Gulbenkian, em Lisboa, incidiu sobre o fenómeno do NDC, realçando-se a importância da personalização na indústria tecnológica.

Cláudio Figueiredo dos Santos, diretor comercial da Amadeus Portugal, começou por refletir acerca do desafio que é criar novas tecnologias, nomeadamente, a velocidade com que elas são adotadas e, posteriormente, descartadas: “As novas tecnologias têm um ciclo de adoção cada vez mais rápido. A velocidade de deixar de adotar algumas tecnologias e algumas aplicações também é impressionante. E se propomos a um cliente ou utilizador algo que não tem valor aquilo é rapidamente descartado”.

O desafio torna-se ainda maior quando se tenta atrair aos millennials, cuja influência está a crescer, afirma o diretor comercial. “É um grupo que tem cada vez mais capacidade e poder de compra. E que tem expectativas totalmente distintas das gerações anteriores. São muito mais informados, muito mais exigentes, muito mais confortáveis no uso da tecnologia”.

Para o responsável, as empresas devem reinventar-se para competir neste “novo mundo” sendo uma questão de tentativa e erro, que é “um dos combustíveis da inovação”. “Se nós temos medo de errar, a nossa capacidade de inovar fica limitada”, assegura.

A “grande expectativa” da personalização
O diretor comercial da Amadeus Portugal garante que uma das grandes expectativas e um dos motores por detrás do NDC (New Distribution Capability) é a personalização: “Queremos que as ofertas que chegam até nós sejam direcionadas para aquilo que nós queremos, para aquilo que pensamos, e baseadas na informação que compartilhamos”.

Acerca da nova diretiva de proteção de dados, Cláudio Figueiredo dos Santos acredita que “as pessoas vão pensar duas vezes antes de compartilhar a sua informação” e que as empresas só têm de saber tratar os dados dos seus clientes, de forma a transformar essa informação em “conteúdo que essas pessoas querem consumir”, sem fazer spam.

Outra questão que se coloca é “olhar a viagem, além da viagem”, com a tecnologia a ter um papel preponderante para o efeito. Alguns exemplos são: o desenvolvimento e implementação de Chatbots (como a “Amanda” da Amadeus); a possibilidade de promover destinos turísticos através da realidade virtual; investir na área dos aeroportos, como o recurso a tecnologias de inteligência artificial aplicada aos vídeos em direto para controlo do fluxo de passageiros e o uso do telemóvel como “porta de entrada” para diversos momentos da viagem, nos aeroportos e hotéis.

NDC, uma nova forma de processar informação
Clare Bono, head of Product & Innovation do Grupo Amadeus, deu a conhecer a abordagem da empresa face ao NDC. A responsável começou por explicar que “as companhias aéreas ambicionam tornar-se retailers, ser capazes de controlar o produto e a conversação, de personalizar, e procuram aumentar a fidelidade”, afirmando que a única razão para o NDC existir é o facto das transportadoras reconhecerem a importância dos agentes de viagens”.

“O que muda com o NDC é que há mais coisas a acontecer do lado da transportadora”, não uma alteração no modelo de negócio mas “uma nova forma de processar informação”, frisa Clare Bono.

A head of Product & Innovation da Amadeus diz que o NDC tem percorrido um longo caminho e que se trata de um processo gradual: “Na Europa parece que o mundo vai mudar para o NDC amanhã mas não é assim.” Clare Bono recorda que nem todas as companhias aéreas são capazes de investir milhões em tecnologia e que nem todas elas querem funcionar do mesmo modo. “Esperamos viver num mundo híbrido com NDC e sem ele por muito tempo”, garante.

A responsável acrescenta que para que o NDC funcione da melhor forma possível “é necessário um verdadeiro compromisso com a IATA, visando a implementação das suas linhas condutoras”.