ANA apresenta resultados negativos em 2020 pela primeira vez desde a privatização

A ANA vai apresentar resultados negativos no ano de 2020, com uma perda de cerca de 600 milhões de euros de receitas, o que acontece pela primeira vez desde a sua privatização em 2013, adiantou hoje o presidente da Comissão Executiva. “Pela primeira vez, em 2020 a ANA vai apresentar resultados negativos. A ANA perdeu, durante o ano de 2020, cerca de 600 milhões de euros em receitas”, disse Thierry Ligonnière, que foi ouvido esta manhã pela comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, sobre a construção do aeroporto na Base Aérea n.º6, no Montijo.

Ainda assim, sublinhou o responsável, citado pela agência Lusa, no ano passado, em plena crise provocada pela pandemia de covid-19, a ANA investiu cerca de 76 milhões de euros na sua rede de aeroportos, nomeadamente em melhorias operacionais no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, e no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto.

Para o responsável, os resultados positivos obtidos nos anos anteriores deixaram a gestora de aeroportos numa situação favorável para suportar os efeitos da crise na aviação, um dos setores mais afetados pelas restrições à mobilidade, para conter a pandemia.

Na mesma audição, Thierry Ligonnière garantiu que a gestora de aeroportos “não tem interesse económico” numa das soluções para a expansão aeroportuária em Lisboa em vez de outra, mas que o Montijo é a “solução mais rápida”. “Consideramos que Montijo é a solução mais rápida […] e sem custos para contribuinte, o que não acontece com as outras opções”, acrescentou o presidente da Comissão Executiva da ANA, que tem um contrato de concessão com o Estado para exploração aeroportuária no país.

Relativamente ao contrato de concessão com o Estado, o responsável explicou que ele contempla duas opções: ou há uma opção de raiz que implica a desativação do atual aeroporto de Lisboa, ou uma solução alternativa proposta pela concessionária. O responsável da ANA/Vinci explicou que, qualquer que fosse a solução prevista no contrato escolhida, ela teria de ser “reequilibrada através de um aumento das taxas ou, se isso não for suficiente, o recurso a recursos públicos”, ou seja, a ANA não ficaria a perder.

Questionado sobre uma eventual indemnização devida pelo Estado à ANA, se optar por outra localização que não a do Montijo, sugerida em 2015 pela gestora de aeroportos da Vinci, Thierry Ligonnière garantiu que a ANA é “parceira do Estado português”, que é “soberano” na escolha da localização para o novo aeroporto. “Assim sendo, não há lugar a indemnização pela escolha de uma ou outra solução prevista no contrato. […] Somos parceiros do Estado no desenvolvimento das infraestruturas aeroportuárias e, portanto, vamos, naturalmente, colaborar na execução da solução escolhida, seja ela qual for”, assegurou.

Thierry Ligonnière explicou que a solução do Montijo seria concluída no prazo de quatro anos, a partir da assinatura do contrato que define as condições de implementação, ao passo que uma solução em Alcochete exigiria o recomeço do processo, com a avaliação ambiental e a realização dos estudos necessários, por exemplo, o que demoraria mais tempo a estar concluída. O preço dessa demora seria, disse, a ausência de receita e a perda de oportunidades, a partir da retoma do tráfego aéreo aos valores pré-pandemia, que a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla inglesa) aponta para 2024.