Animação turística: “É preciso voltar a ter um fluxo de clientes que consiga criar sustentabilidade no setor”

Ao longo do seminário sobre “Higiene e Segurança Sanitária no Turismo”, o NEST quis ouvir responsáveis de animação turística, que realçaram a sua preocupação em transmitir segurança aos clientes para “voltar a ter um fluxo que consiga criar sustentabilidade no setor”. 

António Marques Vidal, presidente da Apecate, conclui que o vírus afetou o setor na “pior altura” pois “os eventos já estavam em grande produção e a animação turística estava a arrancar”. Apesar de este ser um “setor criativo e habituado a trabalhar com o risco” nada fazia prever a “asfixia económica” que se gerou.

Os empresários da animação turística estão aptos para a gestão de risco e agora “têm de lidar com o pânico” da ameaça do vírus. Neste sentido, a Apecate prepara um manual de boas práticas que engloba “preocupações ao nível  das pessoas, equipamentos e procedimentos” para diminuir a probabilidade de infeção. António Marques Vidal avança que uma das ideias da Apecate passa por “desmaterializar todos os processos de venda” e, chegando à fase do contacto direto entre o cliente e o staff, identificar evidências de infeção. No fundo “aplicar os princípios de desinfeção e limpeza, de contenção da propagação, às mais diversas situações” que é um “trabalho exaustivo”, descreve.

O presidente da Apecate comenta: “Infelizmente cada vez que saímos da tutela do turismo encontramos um desconhecimento muito grande, e uma visão penalizadora de um problema que não se resolve com multas. É o que mais nos trava para conseguirmos voltar à atividade.”

O futuro é “complicado” para um setor que “arranca a diferentes velocidades” e o maior problema é “a crise de confiança social”. É preciso “conseguir voltar a ter um fluxo de clientes que consiga criar sustentabilidade no setor”, termina.

“Provocar uma sensação de segurança de impressione o cliente”

Hugo Batalha, responsável da Trivalor, acredita que “o turismo é o primeiro a cair mas também o primeiro a recuperar após as crises” e que o importa agora é  “provocar uma sensação de segurança que impressione o cliente com um bom plano permanente e robusto”.

O plano deverá integrar o despiste dos colaboradores ao vírus, formação e limpeza que “mudou de panorama” passando a ser feita mais regularmente, durante mais tempo, e envolvendo a “desinfenção” com outro tipo de produtos. O responsável afirma que muitos hotéis passam a contratar serviços de housekeeping de empresas especializadas.

Toda esta situação “pode transformar-se numa boa estratégia de marketing”, refere Hugo Batalha, refletindo que o aumento de preços numa altura de menor poder de compra, redução de consumo e poupança, apenas poderá ser feito “consolidando outro tipo de serviços”.

O Turismo de Natureza tem os seus próprios “desafios”

Numa outra vertente, a A2Z é especializada em Walking & Biking e evidencia que o Turismo de Natureza é visto como uma “alternativa” mas que também enfrenta vários desafios em período de pandemia. O “selo [Clean & Safe] veio em boa hora” mas para o sócio-fundador Pedro Pedrosa a empresa só o tem quando passar a utilizá-lo com os seus clientes e de nada adianta se os fornecedores também não aderirem à certificação.

A A2Z  lançou uma nova linha de comunicação — “Less is more, policy” — com o objetivo de alavancar certos produtos e programas como os percursos autoguiados, grupos pequenos, os destinos de interior e os alojamentos locais. Este é um “esforço que a própria empresa tem para se reajustar à nova realidade”, explica Pedro Pedrosa.

O fundador da A2Z partilha algumas das suas preocupações como a ocupação a 2/3 dos transfers, o que aumenta custos, o que fazer no caso de alguém se sentir mal durante um tour no meio da serra, e no que respeita à “segurança dos próprios guias” que, para si, deviam ser também certificados com um passaporte de imunidade ou selo.