Aniversário Ambitur: “Madeira fez trabalho de casa para recuperação expressiva do destino”

O 31º aniversário da Ambitur serviu de mote para sabermos qual a visão dos Conselheiros Ambitur sobre o futuro do turismo nacional, neste momento que muitos consideram ser de viragem da confiança do consumidor. Para se ter uma perspetiva ainda mais abrangente do que se pode passar nos próximos temos no negócio turístico nacional, acrescentámos ainda a posição institucional da secretaria de Estado do Turismo e do Turismo de Portugal, assim como a análise da nova equipa de gestão da TAP. Fica aqui o testemunho de Eduardo Jesus, secretário Regional de Turismo e Cultura da Madeira.

Na Madeira, registamos uma progressiva e expressiva recuperação do setor turístico.

Os números de julho mostram um crescimento muito relevante em relação a período homólogo de 2020, que assinalou a reabertura dos mercados às viagens.

O mercado nacional reagiu bem às propostas dos operadores, tendo registado, comparativamente a julho de 2020, +225,7% de dormidas em 2021, traduzindo o máximo histórico daquele mês na Madeira.

Recordo que, desde 2015, a Madeira vem recuperando continuamente fluxos turísticos do mercado interno, em resultado do muito diálogo que mantemos com os operadores e demais intervenientes em todo o processo das viagens.

Neste âmbito, sublinho o bom relacionamento existente de há muitos anos com a APAVT, que escolheu, pela primeira vez, a Madeira como o “Destino preferido” em dois anos consecutivos, o que aconteceu em 2020 e em 2021, realidade que sucede ao último congresso nacional da associação, que decorreu no Funchal, em 2019, que foi considerado o melhor em toda a história daquela associação.

Quanto ao mês de agosto, sabemos já que, tanto do mercado interno como internacional, registou uma procura ainda mais acentuada do que a verificada em julho, pelo que o verão de 2021 é, sem qualquer dúvida, muito positivo.

São números que resultam também de uma forte proatividade do setor, envolvendo os agentes privados e públicos, numa confluência de interesses comuns.

A nível dos aeroportos da Região Autónoma da Madeira, tiveram um desempenho em agosto muito bem acima de Lisboa e da média da Europa na recuperação dos movimentos comparativamente ao mês homólogo de 2019.

O Aeroporto Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo teve no mês passado um incremento de movimentos notável comparativamente a agosto de 2019, ou seja, ano pré-pandémico, com +2,6% de aumento do tráfego nacional, tendo, para o tráfego internacional, ficado a apenas 6% do verificado em 2019.

Por seu turno, o Aeroporto do Porto Santo registou +15,4% de movimentos de tráfego nacional em agosto último, em comparação com igual mês de 2019.

Se verificarmos, o Aeroporto de Lisboa, em agosto, ficou abaixo 15% de 2019 ao nível do tráfego doméstico e a menos 29% no que toca ao tráfego internacional, o que reforça a extraordinária evolução sentida nesta Região Autónoma.

Tudo isto não aconteceu por acaso, mas sim alicerçado no valor secular e histórico do destino Madeira e também porque desde cedo, no início de 2020, na fase embrionária da pandemia, a Região Autónoma da Madeira primou pelos cuidados de saúde pública. Foi um passo crucial.

Ao mesmo tempo, empreendemos um trabalho contínuo com o setor, com ações concretas, resultando daí, entre outras realidades, o inovador Manual de Boas Práticas que desenvolvemos e empreendemos, sendo o primeiro no país.

A operação montada nos aeroportos da Madeira e do Porto Santo a partir do início de julho de 2020 foi fulcral. Inovamos com todos os controlos sanitários, solicitando a todos os passageiros a apresentação de um exame com resultado negativo para a Covid-19, realizado até 72 horas antes do embarque. Para quem não o tivesse, o Governo Regional da Madeira passou a oferecer testes gratuitos na chegada.

A partir dessa altura, implementamos as certificações de Boas Práticas contra os Riscos Biológicos em empresas e entidades privadas e públicas. O número de entidades abrangidas nas duas ilhas do arquipélago continua a aumentar. Trata-se de um processo único no mundo, no qual contamos com a multinacional SGS e que em nada se compara a outros modelos menos exigentes. Na realidade, o “Madeira Safe to Discover” não tem par.

Diria ainda que a recuperação é hoje uma realidade também pelo diálogo que mantivemos com os operadores que sempre confiaram no destino e acompanharam as nossas decisões e igualmente devido à cooperação e ao trabalho realizado em conjunto e de forma permanente com o Turismo de Portugal e com a ANA – Aeroportos de Portugal.

Todas as oportunidades foram consideradas e a Região ganhou muito com as apostas que fez junto dos nómadas digitais, tendo tido, em simultâneo, no território mais de mil profissionais de todo o mundo.

Um outro grande investimento com relevante resultado foi a aposta nos mercados de leste, onde se incluem a República Checa, a Ucrânia, a Lituânia, a Roménia e a Polónia, que nos garantem, neste momento, cerca de 8% da nossa capacidade e permitiu minimizar quebras sentidas nalguns mercados tradicionais.

A Madeira aproveitou a vulnerabilidade dos mercados emissores para fazer o seu trabalho de casa, que permitiu a sua afirmação como “destino seguro” e, consequentemente, a recuperação progressiva do setor, assim que o controlo pandémico permitiu restaurar confiança aos viajantes.