António Costa: crescimento sustentado do turismo requer diferenciação e preservação da identidade urbana

O primeiro-ministro estimou hoje que o investimento privado e público em reabilitação urbana poderá mobilizar cinco mil milhões de euros até 2023, mas advertiu que um crescimento sustentado do turismo exige “diferenciação” e “preservação” da identidade urbana. António Costa falava na sessão de abertura da IV Semana da Reabilitação Urbana, que decorre no Cineteatro Capitólio, no Parque Mayer, após a intervenção inaugural do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, indica a agência Lusa.

O primeiro-ministro referiu que o ano passado já registou um conjunto de indicadores muito positivos sobre o crescimento de encomendas no setor da construção (mais 32% do que em 2015) e salientou que estão em curso, ou em preparação, um conjunto de sete programas para mobilizar investimento para a reabilitação urbana – área que até 2023 poderá envolver cerca de cinco mil milhões de euros. António Costa frisou ainda que o turismo já representa 15% do total das exportações nacionais, mas perante uma plateia de empresários da construção civil e de agentes imobiliários, deixou uma série de advertências em relação à sustentabilidade deste fenómeno.

Falando no caso de Lisboa e da sua experiência enquanto autarca, o primeiro-ministro defendeu então a existência de uma íntima correlação e interdependência entre políticas municipais para incentivar a vida própria das cidades, sobretudo dos seus centros urbanos, e o crescimento da reabilitação urbana, explica a Lusa. “O que atrai o investimento, o que sustenta o desenvolvimento do investimento, é as cidades manterem a sua autenticidade e dinâmica. A autenticidade das cidades resulta de o espaço urbano ter vida própria e ter vida com os seus próprios habitantes”, defendeu.

Para António Costa, o turismo só terá um crescimento sustentável “se houver uma cidade que tenha diferenciação própria para ser visitada”. “Caso contrário, o turista não terá qualquer justificação para se deslocar a essa cidade face à existência de idênticas ofertas em outros locais da Europa ou do mundo”, avisou.

Neste capítulo, o primeiro-ministro ainda referiu que o turismo em Portugal já “tem novos segmentos” e não se reduz à tradicional oferta de sol e praia. “Há agora uma atratividade de cidades como Lisboa e Porto. Temos de saber preservar a identidade para podermos ter investimento que ajude a reabilitar o espaço edificado. Este é um esforço que tem de ser continuado e exige a mobilização de todos, razão pela qual, para o Governo, a reabilitação urbana é uma política fundamental no quadro do pilar da valorização territorial do Programa Nacional de Reformas”, acrescentou.