No âmbito do 48º Congresso da APAVT, que se realizou no Porto, entre 30 de novembro e 2 de dezembro, Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, fez um balanço do ano que agora chega ao fim, apontando que “2023 não foi o ano da total regeneração” mas sim “um ano de recuperação e de reconfirmação”. E explicou que as agências de viagens tiveram “uma boa demonstração de resultados”, e em alguns casos “a melhor de sempre”. Além disso, afirmou, o setor revelou-se “altamente competitivo, batendo recordes de emissões de passagens aéreas regulares, aumentando a influência na operação de lazer dos portugueses, com novos destinos e mais operações charter, aumentando a capacidade de trazer eventos e turistas para todos os cantos do nosso país”.
o setor revelou-se “altamente competitivo, batendo recordes de emissões de passagens aéreas regulares, aumentando a influência na operação de lazer dos portugueses, com novos destinos e mais operações charter, aumentando a capacidade de trazer eventos e turistas para todos os cantos do nosso país”
No entanto, Pedro Costa Ferreira admitiu, no seu discurso de abertura, “a realidade complexa que se desenha quando olhamos para 2024”, frisando: “Ninguém se espantaria se o 2024 fosse um ano de desaceleração dos fantásticos números entretanto alcançados, o que não deixará de impactar o setor, que, trabalhando a ritmo superior a 2019, é certo, está também a amortizar as dívidas contraídas ao longo da crise pandémica”.
No meio de tanta incerteza e “nuvens negras pela frente”, o presidente da APAVT chamou a atenção para alguns desafios que os agentes de viagens têm pela frente. Por um lado, o processo de implantação do NDC da TAP que terá “um efeito muito significativo no mercado português”. Por outro lado, o desafio da sustentabilidade, com as empresas a perseguirem boas práticas ambientais e a terem que as demonstrar perante clientes, fornecedores e entidades financiadoras, “sem o que terão menos negócio e piores condições de financiamento”.
Por fim, o desafio da inteligência artificial, o tema deste congresso da APAVT que se é verdade que “seduz pelas oportunidades de aumentar a competitividade”, também “nos assusta todos os dias pelos perigos de que os outros aumentem a sua capacidade de penetração no mercado”, explicou Pedro Costa Ferreira. E lembrou que a introdução de processos de IA permitirá, e já o permite, realizar o que é rotineiro com mais rapidez, menos custos e “eventualmente de uma forma mais perfeita”. Permitirá ainda “mais tempo e mais qualidade na relação com cliente”. No final do congresso, o dirigente associativo afirmou não ter dúvidas de que a agenda ficou “mais clara” nesta matéria, no sentido de “apoiar a transformação empresarial, incentivando a introdução da inteligência artificial”.
Outro tema que Pedro Costa Ferreira quis sublinhar no seu discurso de abertura prendeu-se com a sua “estupefação e revolta pelo estado da fiscalização no setor”. E esclareceu que são cada vez mais as empresas ilegais que atuam sem RNAVT, sendo que, na sua presidência, foram feitas mais de 100 denúncias à ASAE.
Finalmente, chamou a atenção para a “crise que os políticos portugueses criaram”, alertando que o que se espera é que “todos os políticos sejam responsáveis como alguns não têm sido, criando assim condições para que se saia das próximas eleições, com uma solução política viável, e com uma relação com a coisa pública que não envergonhe a classe política, mas, sobretudo, que não nos envergonhe a todos”.
Por Inês Gromicho