APAVT: “Estamos otimistas relativamente a este ano”

As expectativas, assim como os primeiros indicadores do mercado, levam Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens (APAVT), a afirmar que “estamos otimistas relativamente a este ano”, no que diz respeito a uma evolução do negócio das agências de viagens. Mas, em declarações a Ambitur.pt, o responsável pede mais ao governo, tanto ao nível de apoios, como do levantamento de restrições a quem viaja.

Para o entrevistado, o setor das viagens em Portugal ainda se depara com empresas que estão extremamente fragilizadas, “lá porque temos resistido não se pode pensar que não precisamos de apoio. Temos resistido com endividamento, com perdas avultadas e balanços destruídos”. Apesar disso, e numa abordagem à evolução do negócio em 2022, o presidente da APAVT indica que “o que temos aprendido nestes dois anos é que sempre que há um levantamento das restrições, a reação do mercado é imediata e que as reservas chovem nas agências de viagens. Portanto não há que esconder que estamos otimistas para este ano e otimistas para este verão, se as restrições forem levantadas”. No entanto, chama a atenção que, “mesmo com um ano que esperamos e necessitamos, a recuperação das empresas vai levar vários anos. Teremos perdido muito provavelmente nestes dois anos entre cinco a oito anos de resultados. Se voltarmos à normalidade este é o tempo necessário para repor os balanços que existiam”

Questionado sobre as prioridades que o próximo governo deve ter em conta para o setor, Pedro Costa Ferreira indica que “antes de tudo o mais, e não consigo dizer isto de outra maneira, é preciso pagar os apoios que nos devem, nomeadamente no Apoiar.pt. O Apoiar.pt foi pago aos intervenientes do turismo até abril de 2021 em determinadas circunstâncias, estas mantiveram-se a partir de abril até hoje, sendo que até se agravaram, a situação das empresas. Nós não pedimos que nos paguem mais do que já pagaram, só pedimos que face às condições que se mantiveram, mantenham os apoios”. Para o responsável “estamos aqui conscientes de duas coisas, a primeira é que os apoios são uma contrapartida às restrições que nos impuseram, em segundo lugar os apoios permitirão que a oferta se mantenha ativa e aí sim, para o grande desafio que nós e o próximo governo temos, que é voltar aos números de 2019 com muita rapidez”. Resumindo, o presidente da APAVT considera que, numa primeira fase, é importante o pagamento dos apoios; numa segunda etapa “o que pedimos ao Governo é que, na parte da operação turística, deixem o mercado funcionar, na vertente da promoção turística que seja o condutor”.

O entrevistado enfatiza ainda que “é urgente que o novo Governo tenha a noção da implicação das restrições. Estamos em Espanha (declarações feitas à margem da FITUR – Feira de Turismo de Madrid), e é possível vir sem teste, entrámos nos hotéis de Madrid sem sequer certificado de vacinação e todos nós andamos a fazer teste para voltar para o nosso país. Acrescenta o entrevistado que “está absolutamente provado que os testes não ajudam neste momento ao problema, só alimentam mais problemas. Porque uma série de pessoas estão infetadas sem sintomas, que cientificamente são não doentes, e não devem ter a sua vida afetada. O mais importante, além dos apoios, é que neste arranque sejamos muito rápidos a retirar as restrições das entradas das nossas fronteiras. Não ajuda nada à saúde e é muito prejudicial para a economia”.