As montanhas como guardiãs do livro inacabado da Gran Canária
A ausência de luz abrange todo o espaço, do silêncio absurdo levanta-se uma voz feminina, como se “Gaia” estivesse a dar origem ao céu, ao mar e às montanhas. Outros seres passeiam-se pela assistência, talvez os filhos da primordial deusa grega, de vestes escuras avermelhadas, jorrando luz pela face e ao centro do tronco. Curiosos, serpenteando o corpo, encaram os humanos, olhos nos olhos, como se viajassem, ambos, pelo tempo. Estamos na Sala Scala, em Las Palmas, Gran Canária. Assistimos a uma produção intitulada “Origem”, onde se desenrola uma representação mitológica do nascimento e evolução da Gran Canária.
Ao escolhermos um livro sabemos sempre como se começa e também como se acaba. Assim o é com uma viagem. Sabemos sempre qual o ponto de partida e o de chegada. O que não sabemos é com que personagens e enredos o destino nos vai cruzar. Nem os cenários com que nos vai brindar ou, caso haja expectativas, sobre o livro ou o destino, de que forma estas vão ser correspondidas. Se o título de um livro nos transporta para o mundo do seu autor, quando o escreveu, também o nome do destino nos cativará para o seu âmago, para o seu “eu”, na época em que o visitamos. Lembro-me de títulos como as Neves de Kilimanjaro, Desassossego ou mesmo o Som e a Fúria. Obras cujo significado só entenderá quem os lê.
A bordo do avião da Tap, no lugar 8F, à janela, sobre as nuvens, sobre o mar, sobre a terra, desloco-me em direção à Gran Canária, a convite da Solférias, da TAP e do destino, inserido num grupo ímpar, de 11 elementos, maioria agentes de viagens, para abrir um novo livro. Muitas vezes sem darmos por isso, ao abrirmos um novo livro, iniciamos também uma nova viagem.
(Uma rocha, um coração / com o fogo da lava, / e o Atlântico toca uma canção / quando se trata de beijar sua praia, / mar de sangue e rocha de paixão, / minha amada Gran Canária.*)
Abrimos este livro aterrando em Las Palmas, capital de Gran Canária que, por sua vez, é a capital administrativa do arquipélago das Canárias. Vagueando pelos circuitos turísticos mais comuns ou pelas estradas e auto estradas que nos levam às atrações da ilha, há sempre algo que se sobrepõe à paisagem. Em forma de enigma, montanhas robustas, áridas e frias são como íman ao meu olhar. Tal é o abismo entre o castanho/acinzentado que se eleva nas alturas e o pouco verde existente na ilha, mas principalmente com o abundante mar azul que a rodeia. São estes dois dos mais antigos testemunhos desta terra, as montanhas e o mar, que se fundiram há alguns milhões de anos, através de vulcões, e que tão bem são retratados no jantar-espetáculo da Sala Scala. Montanhas que, como no livro de Hemingway, servem também de testemunhas ao dia-a-dia da ilha. Montanhas que fazem os canários dizer que têm a temperatura de um continente. Pois se o seu clima é categorizado dentro de um clima subtropical seco ou árido quente, com verões quentes e invernos suaves, com oscilações térmicas muito pequenas devido à influência dos ventos alísios e da corrente marítima, nas zonas mais montanhosas regista-se uma diferença significativa de temperatura em relação à costa. “Dizemos que a ilha é um continente em miniatura por duas razões, a variedade paisagística e a climática. Não tem nada a ver o norte com o sul ou o oeste com o leste deste território”, indica Francisco Javier Ajeno Pérez, do Turismo da Gran Canária, que acolheu o grupo português.
As montanhas das Canárias serão provavelmente um dos locais mais ignorados pelos visitantes da ilha, mas ali perduram elas, enigmáticas, oferecendo tesouros a quem as procura. Relembro-me de uma das primeiras citações do espetáculo “Origem” (na Sala Scala), que assinalava que “cada tesouro esconde um mito”, quando descobri informação sobre o Cenobio de Valeron ou a Cueva Pintada.
(E se a sua ausência está em mim, / meus olhos se embaçam / quando me lembro de você / Oh minha Gran Canaria!*)
Este é um livro diferente, não houve tempo para o viver todo, foram cerca de três dias passados em Las Palmas, o que nos permitiu apenas ter um vislumbre de parte da ilha, pouco das suas tradições e cultura e ainda menos de paisagens que não mergulhem nos postais turísticos mais difundidos pelo mundo. Mas sem esta experiência, já em Lisboa, não teria ido à procura do motivo pelo qual aquelas montanhas me tinham intrigado tanto, e foi aqui que o completei.
Mas vale referir que a curiosidade foi aguçada, quase que por acidente, em um dos hotéis que povoa o litoral da ilha, o Hotel Paradisus by Meliá, quando ali avistei um mural artístico também enigmático de Eduardo Andaluz, artista plástico colombiano, que aparenta ligações com culturas aborígenes e as suas manifestações artísticas em grutas. Imagem semelhante me volta a surgir umas horas mais tarde no espetáculo “Origem”, projetada num dos cantos do enorme palco da Sala Scala: pictogramas (símbolos gráficos) gravados em grutas que são um dos primeiros sinais da comunicação humana, tendo evoluído a partir da arte rupestre.
Falemos então sobre o Cenobio de Valeron e a Cueva Pintada que, à semelhança da representação da peça “Origem”, conta muito sobre a essência da ilha. Os primeiros habitantes de Las Palmas foram os aborígenes canários, um povo de origem berbere (e que lhe terá dado o nome, apesar de outras teorias) que colonizou as ilhas por volta do primeiro milénio antes da era comum. Estes povos deixaram um rico legado arqueológico, com vestígios como o Cenobio de Valerón e a Cueva Pintada, que documentam a sua cultura e modo de vida. De referir que o arquipélago foi habitado desde a altura do neolítico, representando estes dois locais a evolução humana neste território. Ao norte da Gran Canária encontra-se então o Cenóbio de Valerón. Este é um enorme celeiro coletivo que os antigos canários habilitaram para armazenar o cereal, base da sua dieta. Trata-se de um conjunto de mais de 300 silos escavados na rocha, interligados entre si a vários níveis. Uma obra de engenharia pré-histórica a visitar pelo seu valor patrimonial e cultural para a ilha.
Na mesma região, no norte de Gran Canária, encontra-se também o Museu e Parque Arqueológico Cueva Pintada de Gáldar, que mostra um casario construído pelos aborígenes canários que se converteu numa visita obrigatória para aquele que deseja conhecer a história na primeira pessoa. Caminhar sobre a passarela que atravessa esta povoação pré-histórica até chegar à gruta pintada e (re)viver o passado através das pinturas rupestres será uma experiência exclusiva. O museu conta ainda com uma redoma de cristal que permite conhecer de perto as suas pinturas rupestres sem as danificar e dispõe de oficinas que visam aproximar a história aos mais pequenos. Os painéis informativos e as projeções audiovisuais complementam a experiência.
Escreve Fernando Pessoa, no Desassossego, na sua personagem Bernardo Soares, que “Para viajar basta existir”. Mas se já existimos podemos ainda existir mais, viajando e lendo. Bernardo Soares responde que “Só a fraqueza extrema da imaginação justifica que se tenha que deslocar para sentir” pois “É em nós que as paisagens têm paisagem”. Mas não deixa de ser raro que a realidade supere a imaginação, logo que a imaginação se supere a si própria.
(Nos poros da minha pele, / dentro, nas minhas entranhas, / você é a minha razão de ser / Oh minha Gran Canaria!*)
Muitas outras opções existem para descobrir nas entranhas da Gran Canária, entre os circuitos mais aconselhados encontram-se o Roque Nublo e o Pico das Neves (o ponto mais alto da ilha, a quase 2000 metros, com miradouros como o de Sandeiro e o Degollada Becerra), com caminhadas e miradouros; ou visitar vilas como Tejeda e Artenara, conhecidas pelas suas casas-caverna; ou percorrer vales como o Guayadeque para ver formações vulcânicas e vegetação. A ilha oferece trilhas para todos os níveis, incluindo a famosa Ruta de Los Almendros, e a possibilidade de avistar a Roque Bentayga. Indica Francisco Javier Ajeno Pérez que “somos Património Mundial da Humanidade (UNESCO) com o sítio arqueológico em Risco Caído e Montanhas Sagradas – um conjunto de 21 grutas com vestígios da antiga cultura aborígene, algumas das quais funcionavam como templos e marcadores astronómicos-, que se encontram no interior da ilha, em Artenara. Também destacaria o Roque Nublo, um monolito que se encontra a 1.813 metros de altura. O monolito em si tem cerca de 80 metros, portanto é um dos maiores do mundo. É uma caminhada de 35 a 40 minutos, e uma vez que chega ao monolito, tem-se uma vista de todo o noroeste fantástica da Gran Canária, uma vista para a Tamadaba que é um dos parques florestais que temos na ilha”.
Antes de deixarmos as montanhas, falemos ainda de outra experiência que a ilha permite aos seus visitantes, com condições excecionais. De uma das autoestradas que cruza a ilha avista-se, nos relevos elevados, potentes telescópios. “Bem-vindo ao paraíso astronómico, um destino turístico Starlight, que fica no topo das Montanhas Sagradas da Gran Canária, Património Mundial da UNESCO”, indica-nos o site oficial do Turismo da ilha. A verdade é que são nada menos que 11 os miradouros astronómicos referenciados na ilha, daria um por cada elemento do grupo que ali se deslocou de Portugal, que poderiam explorar assim os seus céus, estrelas ou constelações. Mas foi outra experiência que fica para uma próxima viagem ou para outro livro. A Gran Canária é um lugar especial para observar o céu do Hemisfério Sul devido à sua posição geográfica e altitude, quase 80% do céu austral é visível. Constelações e objetos celestes invisíveis da Europa continental têm aqui o seu melhor observatório.
(Você faz parte do total / de sete esmeraldas, / Eu quero ficar em você / Oh minha Gran Canaria!*)
Na capital da ilha, em Las Palmas, cruzamo-nos com três personagens, pelas suas ruas, em forma de mitos, estátuas, museus ou homenagens que lhes foram feitas: Bartolomé Cairasco de Figueroa, Cristóvão de Colombo e Alfredo Kraus. O primeiro – poeta, músico e dramaturgo – é o fundador da literatura canária é um marco da literatura hispânica de seu tempo, o primeiro escritor de nome conhecido e que incorporou na sua obra elementos característicos da cultura da ilha, desde a conquista do arquipélago por parte da Coroa de Castela, em finais do século XV. Deixou como testemunho da sua obra, em tradução livre, este pequeno excerto: “Seja qual for a pessoa que você imitar, qualquer doutrina que você aprender, e quaisquer exemplos que você seguir, tais serão os sinais de quem você é, tais serão as suas obras, ó cristão, e tais serão as palavras que você falar.”
A segunda personagem, o incontornável Cristóvão Colombo, que, como em quase tudo na sua vida, entra como mito, no arquipélago. Sabe-se que esta personagem passou pelas ilhas, sabe-se que a Gran Canária foi um dos entrepostos comerciais mais importantes para os exércitos e trocas comerciais espanholas com a América, pela sua localização geográfica. Ali foi-lhe então dedicado um museu. O Museu Colón, na verdade chamado Casa de Colón. Este é um museu dedicado à história das Ilhas Canárias e à descoberta da América. Abriga coleções de arte, mapas, instrumentos náuticos, artefatos arqueológicos e uma biblioteca especializada, dentro de uma mansão colonial histórica onde Cristóvão Colombo fez escala em 1492 antes de sua viagem para as Américas.
Alfredo Kraus é a terceira personagem, com uma estátua de enormes proporções ao final da praia de Las Canteras, junto ao auditório com o seu nome. Esta obra, realizada pelo escultor Víctor Ochoa visa imortalizar o tenor e a sua localização junto ao Oceano pretende dar-lhe uma aura única. Este foi considerado um intérprete excecional do papel-título da ópera Werther, de Massenet, e especialmente de sua famosa ária “Pourquoi me réveiller?”: Por que me acordaste, ó sopro da primavera? / Não vês que estou sozinho, que estou sozinho e que estou sozinho? / Teus encantos de verão só podem encantar o coração dos felizes…“
(E se a tua ausência está em mim / Os meus olhos embaçam / Quando me lembro de ti /Oh minha Gran Canaria!)*
Ainda pelo centro da capital, é de visita obrigatória o popular Bairro de Vegueta que é composto pelos edifícios mais emblemáticos da cidade, bem como pelos principais museus históricos. Ao centro, preside a Catedral de Santa Ana cuja construção se iniciou no século XVI e está flanqueada pela Praça de Santa Ana que conta com edifícios históricos importantes: Casas Consistoriais de estilo neoclássico; o Palácio Episcopal, que se destaca por uma magnífica sacada com parapeito de rótula do primeiro terço do século XVII; a Casa do Regente, uma das poucas manifestações renascentistas da cidade, e actual sede da Presidência do Tribunal Superior de Justiça das Canárias; e o Arquivo Histórico Provincial.
Nas traseiras da Catedral situa-se a Praça do Pilar Nuevo, que convida a visitar o Centro Atlântico de Arte Moderna, um dos principais centros de arte de Espanha. Também em Vegueta se pode testemunhar a história da cidade visitando a Casa de Colombo; ou vaguear pelos vestígios históricos dos antigos povoadores no Museu Canário. Aqui pode visitar-se igualmente a Igreja e Praça de Santo Domingo; a Praça do Espírito Santo (coroada por uma belíssima fonte em pedra); e o Mercado de Vegueta, que data de 1854.
No Bairro de Triana, a grande protagonista é a Rua de Triana, que reúne um conjunto de edifícios de alto valor histórico e artístico. Um dos edifícios emblemáticos deste bairro é o Teatro Pérez Galdós, de inspiração italiana com um interessante cartaz de espetáculos de música, dança e teatro, todos os dias do ano. Muito perto está a Praça Cairasco, onde se situam dois edifícios importantes: o Hotel Madrid e o Gabinete Literário, de estilo neoclássico e com decoração modernista. O Edifício Quegles, de 1900, é considerado também um dos elementos arquitectónicos mais emblemáticos de Las Palmas de Gran Canaria, na popular rua Pérez Galdós. Por último, em Triana está situada a Casa Museu Pérez Galdós, que contém um acervo documental sobre a investigação biográfica e literária deste romancista. A escassos metros situa-se o Parque de San Telmo. Já no centro da cidade, encontramos o Parque Doramas. Os seus jardins albergam exemplares de flores autóctones e no seu recinto encontra-se o conjunto do Pueblo Canario, o Hotel Santa Catalina e o Museu Néstor.
(Uma rocha, um coração / Com o fogo da lava / E o Atlântico toca uma canção / Quando se trata de beijar a tua praia / Mar, sangue e rocha, paixão / Minha amada Gran Canaria*)
As páginas do livro aproximam-se do fim. Mas definitivamente a Gran Canária oferece muito mais que os seus postais turísticos, o seu clima e os seus hotéis. Sendo que para isso é preciso tempo ou que algum Chronos nos ajude, como diria William Faulkner, em Som e a Fúria, “dou-lhe este relógio não para que você se lembre do tempo, mas para que você possa esquecê-lo por um momento de vez em quando e não gaste todo o seu fôlego tentando conquistá-lo”.
O enoturismo é uma das experiências aconselhadas na ilha. Indica Francisco Javier Ajeno Pérez que as origens vulcânicas refletem-se em seus vinhos. “Na Gran Canária produz-se uma média de meio milhão de quilos de uva por ano. Parece muito, mas realmente não é. O vinho que temos na ilha é praticamente para consumo local. Por isso, não se conhece tanto como, por exemplo, os vinhos de Tenerife ou de Lanzarote, porque têm uma maior produção. Não porque sejam melhores, porque não são”. A sua Rota do Vinho convida o visitante a percorrer as paisagens e os modos de vida no interior da ilha, através de mais de cinquenta estabelecimentos e negócios que fazem atualmente parte da iniciativa. A lista inclui: adegas, restaurantes, enotecas, quintas, queijarias, guias e intermediários turísticos e também tascas, palavra evocativa que abre as portas desses pequenos locais familiares, onde o vinho casa com a comida tradicional, a pausa e a tertúlia.
Complementa Francisco Javier Ajeno Pérez que “a ilha dá-nos também história de plantação do café, que nos leva a Agaete, um dos municípios mais bonitos da ilha. E levamos mais de 250 anos cultivando café. Éramos o único território na Europa que o fazia. E eu, sempre que tenho clientes, recomendo que vejam Agaete e que tenham uma experiência e conheçam o café de Agaete, que eu também levei algumas vezes para Portugal”. Também há experiências e visitas dedicadas a plantações de bananeiras. Ao grupo calhou uma visita a uma destilaria de rum, em Arucas. Este é um município localizado no norte da ilha de Gran Canária, a cerca de 12 quilómetros de Las Palmas, conhecido pela sua igreja neogótica e pela produção de rum. A cidade, construída em terreno vulcânico, é cercada por campos férteis, bananeiras e campos de milho, e possui um centro histórico característico. Entre as atrações estão o Parque de Las Flores, com dragões centenários, o Parque das Flores e a Casa e Jardins da Marquesa.
Na destilaria de Arehucas pudemos apreciar o famoso rum de Gran Canaria, sendo este conhecido pelos runs envelhecidos e por um rum de mel com Indicação Geográfica Protegida (IGP), o “Ron Miel de Canarias”. A sessão de degustação permitiu apreciar a bebida de alto grau alcoólico com anos variados e com misturas variadas, com direito a cinco copos para cada um.
A Gran Canária tem cerca de 60 quilómetros de praias, distribuídas ao longo dos seus mais de 230 quilómetros de costa. Dessas praias, 16 têm o galardão de Bandeira Azul, que atesta a qualidade da água e a adequação para desportos náuticos e banhos. Existem praias para todos os gostos, desde as urbanas a longas praias de areia fina. Destaca-se a zona de Maspalomas que abrange 400 hectares de dunas. Ainda na zona mais turística encontra-se a Praia das Canteras, que é a praia da capital, que foi várias vezes considerada a melhor praia urbana do mundo, também pela avenida de quase quatro quilómetros que a acompanha e que num dos sentidos acaba no Auditório Alfredo Krauss, que é uma das maravilhas arquitetónicas de Gran Canária. A ilha tem uma ampla oferta hoteleira com mais de 150 mil camas turísticas ao longo do seu território, de alojamentos alternativos, a hotéis de referência mundial, a casas rurais, há todo um conjunto de ofertas para todos os gostos. Acrescenta ainda Francisco Javier Ajeno Pérez: “Eu acho que praticamente todo mundo, quando pensa em Gran Canaria, pensa que sempre foi um destino familiar, que o é. Mas hoje tem uma imensa diversificação, agora mesmo Gran Canária é um destino para famílias, para pessoas que viajam sozinhas, para pessoas que viajam com o seu par, para pessoas que viajam para fazer desporto, por exemplo”.
O grupo, durante os seus dias na Gran Canária, teve oportunidade de fazer o trajeto da localidade de Porto Rico a Mogan, num barco táxi. Deu para conhecer a ilha de outra perspetiva, ver a sua costa, as montanhas já gastas pelo tempo, as praias que resultaram dessa erosão; e o suave mar, que naquela ocasião que nos convidava a voltar. Os ventos alísios moldaram a ilha, a gente que ali vive e viveu, moldaram o tempo que por ali passou, moldaram as paisagens que trazemos connosco. Este é um livro que fica inacabado, como tantos outros, como o próprio espetáculo da Sala Scala, como a própria ilha, que se continuará a descobrir. Emersa no Atlântico, mais perto de África do que da Europa, com certeza continuará a navegar, sob um céu estrelado, em direção ao seu futuro, tendo as montanhas como guardiãs.
* Estrofes da música “Ay mi Gran Canaria”, Los Gofiones y los Sabandeños
Por Pedro Chenrim, que viajou a convite da Solférias, TAP e Turismo da Gran Canária.