As tecnologias ao serviço do turismo

Teatro São Carlos

Nos últimos anos, a influência das novas tecnologias sobre os diversos setores da sociedade aprofundou-se e o consumo por parte dos utilizadores cresceu a um ritmo frenético. Atualmente, as tecnologias são utilizadas, pelas empresas como forma de melhorarem e diferenciarem o produto que apresentam.

No caso do turismo, a realidade é idêntica. Quer pela fotografia, vídeo ou experiências de realidade virtual, o utilizador procura hoje pelas melhores ferramentas que tornem a sua visita numa experiência nova e diferente.

Tendo em conta esta realidade, a Ambitur falou com duas empresas que desenvolvem tecnologia aplicada ao turismo, a Wide e a Schneider Electric, com uma entidade, Turismo do Centro de Portugal e como uma cidade, neste caso, Guimarães. O objetivo é simples: traçar uma perspectiva sobre este admirável mundo novo em que a tecnologia está ao serviço dos turistas.

Visitar uma cidade através da interatividade

Nuno Madeira

Fundada pelo arquitecto Nuno Madeira, a Wide é uma empresa situada em Lisboa, focada essencialmente no desenvolvimento de websites com uma aposta forte na componente visual e interativa.

Tudo começou, explica Nuno Madeira, “através de um convite da empresa que desenvolveu o website do Museu da Presidência da República na altura” e que sugeriu “a realização da visita virtual em 360º graus”.

Passados alguns anos, a Wide acumula já um portefólio mais vasto, onde se incluem trabalhos de mapas interativos com cidades, hotéis e monumentos. Olhando para trás, o responsável admite que este era um produto diferenciador para a época.

“Existiam poucas empresas a fornecer este tipo de conteúdos e o know how em disciplinas como a arquitectura, o webdesign e desenvolvimento com aposta forte no UX/UI (User experience e User Interface Design) e a fotografia panorâmica 360º de alta qualidade foi algo diferenciador na apresentação dos projetos”, sublinha.

Mapa interativo de Castelo Branco

Ultimamente os projectos mais sonantes da Wide são os mapas interativos com diversas localidades portuguesas e estrangeiras: Bilbao, Toledo e Olivença, em Espanha, a aldeia de Monsaraz, a cidade Castelo Branco e propostas para Lisboa e Porto.

Os mapas interativos e com fotografia a 360º graus são o principal aspecto diferenciador e que tal como advoga, permite “visitas sem sair do mesmo sitio onde nos encontramos”. Além disso, é no entanto, importante não esquecer, que acima de tudo, estes mapas pretendem ser um acréscimo para a divulgação de um determinado local.

“Os mapas interativos personalizados desenvolvidos pela Wide têm um foco nos conteúdos oficiais do Turismo das cidades para uma melhor compreensão do visitante na complexidade da cidades e apreensão da sua própria característica. Todas as cidades têm uma natureza própria”, acrescenta.

Em resumo, a Wide é fundamentalmente um dos muitos exemplos onde a tecnologia serve o turismo, mas onde também acontece o contrário. A “experiência imersiva” traz afinal novos conhecimentos sobre “tudo ou quase tudo de um local”.

Eficiência e diversificação

Rui Queiroga

A Schneider Electric é um caso ímpar nestas novas dinâmicas. Associada a várias áreas, a empresa alemã atua hoje em vários setores através do desenvolvimento de soluções para a gestão de energia e automação de processos. O desafio é simples mas mais do que necessário: “diversificar e inovar na oferta que disponibilizam para os seus clientes, bem como tornar as suas empresas mais eficientes e assim reduzir (significativamente) os seus custos”.

É neste contexto que a Schneider se tem associado a diversos projetos no ramo da hotelaria. “Os hotéis são frequentemente estruturas de dimensão considerável, com estruturas de custos muito pesadas. A sustentabilidade ecológica dos negócios é cada vez mais importante e muitas empresas inevitavelmente já sentem essa necessidade. Os edifício são responsáveis por cerca de 40% do consumo total de energia e 36% das emissões de CO2 em toda a Europa”, sublinha o responsável Rui Queiroga, Vice Presidente da Unidade de Negócios “Building” da Schneider Electric.

Um dos exemplos do trabalho desenvolvido pode ver-se no hotel Sana Evolution, situado em plena praça do Saldanha, em Lisboa. Tal como refere o responsável, “o Hotel Evolution Lisboa foi o projeto mais recente no país, com integração de soluções 100% made in Portugal, tendo criado um novo conceito de hotel, interativo e ecológico”.

O seu conceito parte sempre de uma interatividade permanente com o hóspede. “Neste momento o controlo do quarto (iluminação e ar condicionado) pode ser feito pelo hóspede através da Smart TV do quarto, através da App do grupo Sana e também pelo sistema de GTC quando é necessário a intervenção da equipa de manutenção. Para além de se traduzir num maior conforto através da integração efetuada com o sistema de IPTV, transmite também ao cliente uma ideia de inovação”, frisa.

Contudo, acrescenta Rui Queiroga, estas inovações não servem apenas para o utlizador mas também para a própria gestão do hotel, que pode assim gerir vários dispositivos do hotel e poupar “cerca de 40% na fatura energética anual do hotel”.

Pedro Machado

As tecnologias moldáveis ao utilizador
Ao nível das entidades, o Turismo do Centro de Portugal (TCP) tem apostado nas tecnologias de informação e comunicação como forma de criarem “novas oportunidades de negócio, assim como, novos contextos e dinâmicas sociais, culturais e económicas”.

Olhando como exemplo o programa “Portugal Destino Wi-Fi”, Pedro Machado, presidente do TCP afirma que a entidade “tem procurado acompanhar esta tendência e procurará dotar, mediante formalização de uma candidatura, todos os seus postos de turismo de Wi-Fi de acesso gratuito”.

JITT

Além disso, o responsável refere ainda que “a TCP tem vindo a desenvolver, desde 2015, com a ICLIO, a aplicação JITT – Just in Time Tourist, direcionada para smartphones e disponibilizada gratuitamente aos turistas para sistemas IOS e Android, em português e inglês. Através da aplicaçãp, o cliente passa a ter “acesso a uma enorme diversidade de aplicações, nomeadamente de reservas (Booking ou Airbnb)”, explica.

Por fim, Pedro Machado dá ainda como exemplo, o novo site do TCP, que através “uma perspetiva experiencial e emocional do território da Região Centro de Portugal”, possibilitará uma promoção dos recursos turísticos da Região Centro de Portugal, “onde turista introduz elementos que dá pistas importantes sobre o seu perfil e quanto às suas motivações, o que resulta, não numa sugestão de locais de visita, mas numa sugestão de experiência”.

Tecnologias ao serviço de Guimarães

José Bastos

A cidade de Guimarães tem se afirmado, por absoluto, como ponto obrigatório na visita turística ao nosso país. Para além disso é também um local cada vez mais visitado por um público jovem, o que se tem refletido positivamente na utilização e na aposta de novas plataformas tecnológicas.

José Bastos, vereador da cultura da Câmara de Guimarães, sublinha precisamente esta dinâmica, onde a “a ampla disponibilização de ferramentas tecnológicas concorre para a criação de uma outra imagem do destino: mais aberto, mais moderno, mais facilitador, mais acessível”.

A par disso, o responsável traçou também um histórico do que a autarquia tem feito a este nível. “Começámos pelo princípio, com a disponibilização, à época pioneira, de wi-fi gratuito em toda a área do Centro Histórico, que agora vai ser alargada e reforçada”, explica.

Neste aspeto, seguiu-se “a conceção da aplicação Mobitur”, que proporcionou “um grau crescente de interatividade”, para além da disponibilização de informação turística georreferenciada.

Proximamente, refere, terão concluído “o vídeo-walk”, quie consiste “numa ferramenta que procura complementar a visita, aquilo que se vê, com a carga simbólica e a história do local e das figuras que o fizeram notável”.

“Foi um projeto que nos foi proposto por uma organização de Guimarães no âmbito do nosso regulamento de apoio a ações culturais e que decidimos financiar justamente pelo potencial de diferenciação”, acrescenta

Perspetivando um futuro onde estas novidades não podem cessar, José Bastos frisa ainda que associada a estas tecnologias, se aliam aspetos como “rentabilização e otimização de recursos” numa óptica sustentável e imaterial.

Finalmente, o vereador acrescenta ainda que a Câmara de Guimarães está a preparar o lançamento do Hereditas, “um inventário do património material, imaterial e paisagístico do concelho”, que mais uma vez estará carregado de uma forte componente online, e que só assim pode, novamente, trazer “vantagens substanciais para a divulgação, preservação e valorização do património a inventariar”.