Atividade turística cresce em 2021, mas está aquém dos níveis de 2019, revela INE

Em 2021, estima-se que o número de chegadas a Portugal de turistas não residentes tenha atingido 9,6 milhões, correspondendo a um crescimento de 48,4% face ao ano anterior (-61,0% face a 2019). Os dados divulgados, esta quinta-feira, 7 de julho, pelo INE – Instituto Nacional de Estatísticas aponta ainda Espanha como o principal mercado emissor (quota de 30,2%), tendo registado um crescimento de 57,3% em 2021.

Considerando a generalidade dos meios do alojamento turístico, em 2021 registaram-se “16 milhões de hóspedes” e “42,6 milhões de dormidas”, traduzindo-se em “aumentos 36,9% e 40,7%, respetivamente (-60,4% e -61,1%, pela mesma ordem, em 2020)”. Face a 2019, registaram-se “diminuições de 45,8% no número de hóspedes e 45,2% no de dormidas”. O mercado interno assegurou “22,5 milhões de dormidas, correspondendo a 52,8% do total, e registou um acréscimo de 33,2% em 2021 (-13,9% face a 2019)”. Já as dormidas dos mercados externos registaram um “crescimento superior (+50,1%, -61,1% face a 2019) e atingiram 20,1 milhões de dormidas (47,2% do total)”, indicam os mesmos dados.

As Estatísticas do Turismo relativas a 2021 indicam ainda que nos “estabelecimentos de alojamento turístico (hotelaria, alojamento local e turismo no espaço rural/habitação), os proveitos totais ascenderam a 2,3 mil milhões de euros (+61,2%) e os de aposento a 1,8 mil milhões de euros (+62,8%)”. Face a 2019, registaram-se “decréscimos de 45,8% e 45,7%, respetivamente”. Já o “rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) foi 32,6 € em 2021 (+43,9% face a 2020 e -34,1% comparando com 2019) e o rendimento médio por quarto ocupado (ADR) correspondeu a 88,2 € (+14,2% que em 2020 e -1,1% face a 2019)”, referem os dados.

Segundo o INE, no ano passado, os residentes em Portugal realizaram “17,5 milhões de deslocações turísticas”, refletindo uma “variação anual de +21,6% (-41,1% em 2020), com as viagens em território nacional a aumentarem 20,2% (-35,7% em 2020) e as deslocações para o estrangeiro a registarem um acréscimo de 48,8% (-78,1% em 2020), tendo ficado em ambos os casos abaixo dos níveis de 2019 (-22,7% e -67,4%, respetivamente)”.

Ao nível da despesa média por turista, os dados mostram que, em cada viagem de residentes, fixou-se em 196,6 €, aumentando 11,6% face a 2020 e aproximando-se do valor de 2019 (-0,3%). Nas deslocações domésticas, os residentes gastaram, em média, 170,1 € por turista/viagem, mais 11,8 € que em 2020 (+35,2 € face a 2019), enquanto em deslocações para o estrangeiro o gasto médio por turista/viagem foi 628,7 €, refletindo um aumento de 91,9 € (+2,0 € face a 2019).

Tal como demostram os resultados, o ano de 2021 ficou, ainda, marcado pelos efeitos dos constrangimentos decorrentes da pandemia Covid-19, sobretudo as medidas de confinamento no 1.º semestre e no final do ano, com efeitos negativos no setor do turismo que, apesar de ter crescido face a 2020, ano de contração sem precedente da atividade turística, ficou ainda aquém dos níveis de 2019.

Atividade de alojamento em recuperação, mas ainda abaixo dos níveis de 2019

Considerando a generalidade dos meios do alojamento turístico (estabelecimentos de alojamento turístico1, campismo e colónias de férias e pousadas da juventude), em 31 de julho de 2021 estavam em atividade, e com movimento de hóspedes, 6 571 estabelecimentos, o que corresponde a um aumento de 20,2% face ao mesmo período do ano anterior (-8,2% face a 2019, com 7 155 estabelecimentos em atividade).

A generalidade dos meios de alojamento turístico registou 16,0 milhões de hóspedes, que proporcionaram 42,6 milhões de dormidas, traduzindo-se em aumentos de 36,9% e 40,7%, respetivamente (-60,4% e -61,1%, pela mesma ordem, em 2020). Face a 2019, registaram-se diminuições de 45,8% no número de hóspedes e 45,2% no de dormidas.

O mercado interno assegurou 22,5 milhões de dormidas, correspondendo a 52,8% do total, e registou um acréscimo de 33,2% em 2021 (-13,9% face a 2019). As dormidas dos mercados externos registaram um crescimento superior (+50,1%, -61,1% face a 2019) e atingiram 20,1 milhões de dormidas (47,2% do total).

Verificaram-se acréscimos do número de dormidas nas diversas regiões, mais notórios na RA Açores (+125,7%) e na RA Madeira (+80,0%). Comparando com 2019, registaram-se diminuições em todas as regiões, tendo sido mais acentuadas na AM Lisboa (-56,5%) e Algarve (-46,7%).

Nos estabelecimentos de alojamento turístico (hotelaria, alojamento local e turismo no espaço rural/habitação) registaram-se 90,5% dos hóspedes e 87,6% das dormidas, seguindo-se os parques de campismo (8,6% e 11,6%, respetivamente) e as colónias de férias e pousadas da juventude (0,8% em ambos).

Em 2021, os estabelecimentos de alojamento turístico registaram 14,5 milhões de hóspedes, que proporcionaram 37,3 milhões de dormidas, refletindo crescimentos de 38,6% e 44,7%, respetivamente (-46,7% e -46,8% face a 2019, pela mesma ordem).

Os parques de campismo receberam 1,4 milhões de campistas (+22,1% face a 2020), que proporcionaram 4,9 milhões de dormidas (+16,6%). Apesar dos aumentos registados, não foram retomados os níveis de 2019, período em relação ao qual se registaram decréscimos de 31,4% nos hóspedes e 28,8% nas dormidas.

As colónias de férias e pousadas da juventude receberam 135,4 mil hóspedes, que proporcionaram 333,7 mil dormidas, variando positivamente face ao ano precedente (+23,0% e +34,5%, respetivamente; -60,9% e -53,8%, face a 2019).

Em 2021, a estada média (2,67 noites) aumentou 2,8% (+4,8% no alojamento local, +4,6% na hotelaria, +0,1% no turismo no espaço rural e de habitação e -4,5% nos parques de campismo). A estada média dos residentes foi 2,34 noites (+3,2%) e a dos não residentes correspondeu a 3,17 noites (-0,5%).

O Reino Unido manteve-se como principal mercado emissor (16,2% do total das dormidas de não residentes), aumentando 46,0% (-66,5% face a 2019), seguido do mercado espanhol (14,6% do total), com um crescimento de 49,8% (-48,4% face a 2019). O 3.o mercado emissor de maior relevância foi o alemão (12,5%), que aumentou 23,8% (-60,5% face a 2019).

Nos estabelecimentos de alojamento turístico (hotelaria, alojamento local e turismo no espaço rural/habitação), os proveitos totais ascenderam a 2,3 mil milhões de euros (+61,2%) e os de aposento a 1,8 mil milhões de euros (+62,8%). Face a 2019, registaram-se decréscimos de 45,8% e 45,7%, respetivamente. O rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) foi 32,6 € em 2021 (+43,9% face a 2020 e -34,1% comparando com 2019) e o rendimento médio por quarto ocupado (ADR) correspondeu a 88,2 € (+14,2% que em 2020 e -1,1% face a 2019).

Deslocações turísticas dos residentes em aceleração, principalmente para o estrangeiro, mas aquém dos valores de 2019

Segundo o Inquérito às Deslocações dos Residentes, em 2021, 44,0% da população residente em Portugal efetuou pelo menos uma viagem turística, o que representou um acréscimo de 5,0 p.p. face a 2020 (mais 514,9 mil turistas), correspondendo a 4,5 milhões de indivíduos e traduzindo uma recuperação parcial da descida registada em 2020, face a 2019, em que o número de turistas diminuiu 1,4 milhões.

Em 2021, as deslocações turísticas dos residentes atingiram 17,5 milhões, refletindo uma variação anual de +21,6% (-41,1% em 2020). As viagens em território nacional aumentaram 20,2% (-35,7% em 2020), correspondendo a 16,5 milhões, e as deslocações para o estrangeiro alcançaram 1,0 milhão (+48,8%; -78,1% em 2020). Face a 2019, registaram-se decréscimos de 22,7% e 67,4%, respetivamente.

A principal motivação para viajar continuou a ser “lazer, recreio ou férias”, justificando 9,2 milhões de viagens (52,5% do total, -1,6 p.p. face a 2020), seguindo-se a “visita a familiares ou amigos”, com 6,4 milhões de viagens (36,8% do total, +2,9 p.p. do que no ano anterior, mas -1,0 p.p. face a 2019).

Cada viagem teve uma duração média de 4,7 noites (4,8 noites em 2020). As deslocações ao estrangeiro apresentaram uma duração média de 9,4 noites (+2,2 noites em comparação com o ano anterior e também face a 2019) e as viagens nacionais 4,4 noites (4,7 noites em 2020; 3,6 noites em 2019).

As viagens turísticas realizadas pelos residentes geraram mais de 82,6 milhões de dormidas (+18,4% face a 2020; -16,7% face a 2019), tendo a maioria ocorrido em Portugal (88,5% do total, 93,0% em 2020). As dormidas em Portugal cresceram 12,6%, enquanto as ocorridas no estrangeiro aumentaram 94,1%, revelando uma recuperação parcial das descidas observadas no ano anterior (-15,6% e -78,0%, respetivamente; -5,0% e -57,3% em 2021 face a 2019).

O meio de alojamento mais utilizado nas dormidas dos residentes continuou a ser o “alojamento fornecido gratuitamente por familiares ou amigos”, concentrando 32,7 milhões de dormidas (39,6% do total, 37,8% em 2020). Esta modalidade de alojamento prevaleceu tanto nas deslocações nacionais (39,3% das dormidas, 37,6% em 2020), como nas viagens para o estrangeiro (41,4% das dormidas, 40,2% em 2020). Antes da pandemia, o alojamento em “estabelecimentos hoteleiros e similares” predominava nas deslocações ao estrangeiro.

A despesa média por turista, em cada viagem, fixou-se em 196,6 €, aumentando 11,6% face a 2020 e aproximando-se do valor de 2019 (-0,3%). Nas deslocações domésticas, os residentes gastaram, em média, 170,1 € por turista/viagem, mais 11,8 € que em 2020 (+35,2 € face a 2019), enquanto em deslocações para o estrangeiro o gasto médio por turista/viagem foi 628,7 €, refletindo um aumento de 17,1% (+2,0 € face a 2019).

Remuneração bruta mensal por trabalhador aumentou 7,5% nas atividades de alojamento

No ano de 2021, a remuneração bruta mensal por trabalhador ao serviço (considerando o total da economia) aumentou 3,5% em relação a 2020, correspondendo a 1 362 € (1 315 € em 2020; 1 277 € em 2019).

Especificamente nas atividades de Alojamento (CAE 55), a remuneração bruta mensal por trabalhador situou- se em 1 115 € em 2021 (1 037 € em 2020; 1 060 € em 2019), inferior em 247 Euros ao registado no total da economia. Face ao ano anterior, a remuneração bruta mensal por trabalhador neste ramo de atividade aumentou 7,5% (-2,2% em 2020; +2,6% em 2019).

VAB (direto) gerado pelo turismo aumentou 27,3%, atingindo 5,8% do VAB nacional

A estimativa preliminar da Conta Satélite do Turismo para 2021, aponta para um aumento nominal de 27,3% do Valor Acrescentado Bruto gerado pelo Turismo (VABGT) face a 2020. O VABGT representou 5,8% do VAB nacional (4,8% em 2020), situando-se ainda 2,3 p.p. abaixo de 2019 (em que representou 8,1% do VAB da economia). Estima-se que a atividade turística tenha gerado um contributo direto e indireto de 16,8 mil milhões de euros para o PIB em 2021, o que corresponde a 8,0% (6,6% em 2020 e 11,8% em 2019). Estes resultados traduziram-se num contributo de cerca de 2/3 para a redução em volume do PIB em 2020, e em pouco mais de 1/3 para a sua recuperação em 2021.